Ushuaia
10º dia 18/11/2017
O Sábado
com neve
Os passeios da manhã
O sábado, segundo dia no Ushuaia, amanheceu gelado. Um vento moderado soprava. Das vidraças da janela do apartamento dava ver o entorno, com o pico dos morros cobertos de gelo. Porém, era tão somente isso. Depois do café, o grupo começou a reunir, conversar e esperar uns pelos outros para ver o que fazer. Conforme o acerto, o dia seria de passeios meio que individualizados pela manhã e mais coletivizados à tarde.
E, aos poucos, a turma foi se espalhando em duplas, trios e quase todos para o centro da cidade ..... comprar, ver, e conhecer eram os infinitivos propostos.
Com Geomário, Angelino, Fabi, Arli, depois com dois, mais tarde com um.... assim fomos olhando, comprando, e passeando.
Nas lojas havia artigos de toda a ordem, principalmente recordações do local. Adesivos e patchs com o nome e número das Rutas, artesanato, bebidas e roupas. Tudo isso e muito mais que os turistas adoram comprar. Na primeira loja, um presente do Geomário que disse estar "representando" a Telma. Somos, Telma e eu , colecionadores de pratos de parede. No caso, uma lembrança do maior morro do local, o Monte Olivia.
Numa outra loja, todos olhando os produtos quando um gritou: neve ... neve ..... está nevando ...... e saímos na corrida para a rua ver a neve. .... Para nós "era a neve" ... ao que os argentinos falaram ... não, não... é chuva congelada....
E o Vento Levou !
Angelino e Arli se separam um pouco, posto que o primeiro iria efetuar câmbio de moedas. Trocaram dinheiro e saíram rápido a nossa procura .... eis que... caiu no chão o "bolo" de dinheiro da mão de Angelino. Os pesos argentinos saíram revoando pela avenida San Martin. A gritaria foi geral, disse Arli.
Angelino corria, Arli juntava, a rua toda se abaixava e juntava uma cédula aqui, outra acolá ... e assim o Angel foi recuperando o bolo ... e, nem conferiu nada. A medida em que ia recolhendo as notas, as colocava no bolso imediatamente ... Bem mais tarde, quando foi comprar um novo celular, pois o seu molhara na balsa e consequente estava "perdido", é que foi conferir os "pesos". A quantidade estava exatamente igual a que trocara na casa de câmbio.
E continuamos a maratona pelo centro, entrando e saindo das lojas. Era quase meio dia, quando caiu a novamente gotículas de neve ... ... agora era neve. Voltamos para o hotel, onde os cometários giravam em torno da neve que caíra nestes dois momentos. Arli aproveitou uma brecha na agenda de visitações para ir ao supermercado fazer a compra de luvas mais resistentes frente à chuva. As verdes ,que havíamos ganho em La Esperanza, já estavam detonadas. Acabamos adquirindo Luvas amarelas , aquelas apropriadas para os serviços de limpeza.
Foi à tarde a primeira neve prá valer .... No almoço teve resquícios da janta e do café. E foi nesse meio dia do sábado quando alguém gritou novamente .... a neve!... está nevando gurizada!... venham ver ! .... e lá fomos nós ver a neve. E nevou às pampas !
Celso até fez brincadeira e se livrou dos agasalhos.....
A gritaria foi tanta, nesse momento, que a também hóspede argentina, de nome Florência, saiu para a rua para ver do que se tratava, tal era o espanto e gritaria da gauchada e do macapaense com a neve.
Antonino, que acordara bem mais tarde, ficou logo sabendo da neve que caíra e da alegria da gurizada.
Tchê Gilberto, disse ele, vai nevar muito mais
parceiro... Tu vai ver Tchê! E de tchê em tchê a neve foi realmente caindo.
Paulo informou e convidou a todos para um passeio de barco até o último farol do mundo. Seria um tour com duração de 3 horas com passada pela ilha dos lobos, dentre outros. Como não teve parceria, foi solito para o passeio.
A tarde: Uma praça, uma estação de trem, chuva, frio e neve ...
E tratamos de ir para o passeio coletivo. Fabi, Antonino, Angelino e eu fomos de motocicleta. No carro de apoio, Peterson, Celso, Alberi e Arli.
Mal começamos a rodar e a chuva voltou a cair, fraca, porém gelada.
De plano, paramos na Praça das Malvinas, que possui monumentos e pequenas placas com o nome dos 649 combatentes argentinos mortos naquela guerra, bem como um breve histórico a respeito da soberania da Ilha. A praça, que está situada às margens do Canal de Beagle, e é um verdadeiro santuário para o povo local e ponto de visitação turística.
Nas proximidades do representativo local, também está situado o porto do Ushuaia, que foi uma das bases navais da Argentina. no confronto armado com o Reino Unido, de abril a junho de 1981.
O Canal de Beagle se constitui numa verdadeira rodovia sobre águas até a cidade mais austral do mundo, Ushuaia. A caminho da Antártica, o canal separa a Ilha Grande da Terra do Fogo, Argentina, com a ilhas chilenas de Nueva Picton e Navarino.
Esse caminho e canal, são por vezes,ainda, motivo de disputa e de abalo das relações entre os dois países.
Da praça, rumamos para a estação de Trem Fim Del Mundo. O trem Fim do Mundo foi construído para o transporte dos presos até o local onde hoje se encontra o Parque Nacional Tierra Del Fuego. O trajeto leva em torno de 1 hora. Os presos iam cortar lenha nos bosques para aquecer as casas de Ushuaia.
Nós chegamos na estação sob alguma chuva, e o último trem do dia já estava regressando.
Ficamos, portanto, prejudicados quanto ao passeio.
Deu tempo, no entanto, para
um passeio pela estação, visitar as lojas de artesanatos e registrar nossa presença, por meio da colação dos adesivos dos nossos moto grupos.
Foi quando estávamos por deixar a estação, que lá fora a neve começara novamente prá valer..... Muita neve foi o que presenciamos.
A estação fechou e nós ficamos "brincando na neve" no lado externo. Pelas tantas, eu não encontrava mais minhas luvas. Achei ter esquecido no interior da
estação. Alberi falou: .... quem sabe está lá na moto? mas de longe não avistava nada, até que chegando mais perto Alberi disse: lá está ela.. sob a neve ...e a pegamos. Antonino esqueceu,no interior da estação, um boné que ali comprara como souvenir - e também as luvas. Quase todos nós batemos nas portas para chamar a atenção dos guardas.... custou um pouco,mas um deles apareceu e nos alcançou os pertences do pedritense. E a neve continuava a cair
Tempinho depois, a neve de intensa passou para moderada e desta para pequenos flocos, o que nos permitiu retirar o gelo das motocicletas, principalmente das bolhas e dos assentos, e então continuamos o passeio da tarde.
Deixamos a estação muitos surpresos e radiantes com a quantidade de neve que caíra.
Um pouco depois, deu para rodar tranquilo, pois tivemos somente uma chuva fraca na sequência, com bastante frio.
Nos dirigimos para o centro de turismo, que fica em frente ao canal de beagle, para carimbo dos passaportes, com a chancela Ushuaia, Fin Del Mundo. No local haviam 7 carimbos diferentes, mas o "mais quente", segundo a atendente, se encontrava na estação de trem, exatamente de onde viéramos a pouco.
Feitas as sete carimbações, aproveitamos para efetuar os registros fotográficos frente à emblemática placa Fim Del Mundo, o que aliás, alguns já haviam feito na parte da manhã.
Angelino retornou para o hotel.
Uma passada pelo 10º
Encontro de Motoviajeiros
A tarde, que praticamente já se passara, ainda foi complementada com uma visita ao local do evento de motos- o 10º Encuentro Internacional de Motoviajeitos. Para evitar as íngremes ruas que utilizamos, quando da nossa chegada, pois estava chovendo naquele momento, fomos costeando a orla, cujas águas, agitadas pelo vento, formavam um lindo cenário de inverno. Bem nas proximidades do centro cultural, local do evento, vimos começar a se movimentar os motociclistas presentes. Estava começando o passeio oficial do evento pelas ruas principais do Ushuaia e Placa Fin Del Mundo. Paramos então no acostamento da via, para assistir o médio comboio, onde presenciamos a cruzada, o buzinaço, e as motos de todas as cores e formas. Pilotando-as, alegres motociclistas acenavam sob uma velocidade muito cadenciada, lenta e típica de desfiles. Os triunfantes motociclistas logo começaram a costear a orla e se perderam de nossas vistas. No interior do centro cultural,
apenas poucos motociclistas que não foram ao passeio e o pessoal da organização. Aproveitamos para diálogos e troca de adesivos. Nos foi oferecido "almojan", o que aceitamos sem piscar os olhos.
Como o almoço do evento recém acabara de findar e eles foram para o passeio, a mesa farta nos foi oferecida, e como já estávamos quase pensando no que faríamos de janta, então aquele "almoço" já seria a nossa "janta" ... foi o que pensamos e logo começamos a comer ..... pão, com churrasco; churrasco com pão. .....e um café muito quente. Sem cerimônias, mandamos ver .....
Aqui encontramos um gaúcho e dois catarinenses que, com motos de baixa cilindradas, haviam se aventurado ao Ushuaia.
Antonino conversou muito com um deles que alegou estar sem local para dormir, muito em função dos custos para tal e outras coisitas mais ......
Nosso objetivo era, também, a aquisição das camisetas alusivas ao evento. ....
"No tiene más" ... respondeu o motociclista que respondia pela organização. Entendemos depois, que foram confeccionadas apenas 250 camisetas e que no sábado já havia esgotado.
Nenhuma mesma? falou o Alberi; ... No! Nenhuma, em algum canto aí perdida ... ? argumentou o Celso. ... No! Nenhuma recordação para eu levar para Brasil ?contrapôs a Fabiana. Sí ! e voltou com um "regalo" para Fabiana.
Como forma de registro, efetuamos uma foto do Moto Amigos RS, dos que ali estavam presentes, no palco principal do local onde se realizava o encontro de motos.
De volta para o Casa Mística, os grupos foram se reencontrando e apesar da noite estar quase chegando e o adiantado da hora, ainda deu para dar uma corrida ao centro e acompanhar os retardatários que ainda não haviam comprado lembranças e nem presentes para o seus... daquele fim de mundo! Foi uma corrida e tanto, pois as lojas estavam quase "cerrando las puertas". De volta ao hotel, os grupos comentavam o ótimo dia que fora aquele sábado. Puderam escutar e ver as fotos
do Paulo, com relação ao passeio que fizera de barco ao último farol do mundo. A conversa estava sendo na casa-cabana que abrigava Celso, Peterson, Paulo, Angelino e Alberi.
Disse ter passado bem próximo da Ilha dos Lobos e ter estado em frente ao Farol, bem como da fúria das águas e do frio que enfrentou ao longo do deslocamento. Mas valeu muito, concluiu Paulo.
Assim se passou o tempo. Os que não haviam churrasqueado lá no centro cultural, trataram de preparar café e lanche.
Em nossa "casa-cabana", Antonino "apresentou" um dos três motociclistas brasileiros, que encontráramos no evento de motos à tarde.
Este é o Renato, falou. É de Lages, Santa Catarina e quero ver se podemos dar uma "força" para ele .... é que está complicado encontrar alojamento em conta, aqui no Ushuaia, argumentou. Por mim, ótimo, ... foi a primeira e única resposta que eu esperaria de mim mesmo. Não houve contestação de ninguém e o Renato se instalou na parte térrea da casa-cabana. Terminou assim o nosso sábado
no Ushuaia.
11º dia 19/11/2017
Domingo de extrema brancura
Pela vidraça da janela, no quarto superior da casa-cabana, pude espiar o que estava acontecendo na parte externa. Um vento soprava muito forte e pelo esbranquiçado de tudo em volta, a nevasca fora das grandes. Tudo estava certamente "geladinho" lá na rua.
Era bonita a "fotografia" que a natureza imprimia na Ushuaia de 1º Grau.
Eu até saí, muito que mal agasalhado, para ver de perto como estavam nossas máquinas e o veículo, assim como também o entorno, porém ali no interior do hotel. Tudo muito branquinho.
A turma, da nossa casa-cabana, começou a despertar e logo vieram as observações a respeito da neve que se encontrava lá fora, cobrindo quase tudo.
Fernando comentou ainda: que susto, ... na madrugada. Disse que o Geomário se enrolou no fio do abajur e tudo veio abaixo !
Isso não foi nada, disse um outro ... imagina que o telefone do Antonino despertou as 3h30min ... pode isso ? E tu Renato, para o motociclista de Lages, dormiste bem aí, perguntou o Arli.... Nem vi nada, foi a resposta. Dormi tal qual uma pedra ! E fomos nos preparando para o café. O pão seria pouco para tantos, daí me ofereci para ir ao mercado, distante três quadras.
Para tal, me agasalhei muito mais. Na verdade, queria ver como estava as ruas com toda aquela neve.
Muita neve. O tradicional boneco de neve não deixou de ser confeccionado. Peterson tratou de juntar o gelo sobre a camionete, e um simpático boneco começou a pousar para as fotografias.
Angelino, feliz da vida, limpando a sua amarelinha, que estava toda esbranquiçada, não parava de dizer: quando eu for vender a minha moto, vou colocar no anúncio: Esta, até neve pegou ... se referido a sua motoca.
Já passavam das 10 horas, quando tão somente quatro aventureiros pegaram as motocas para o passeio. Os demais superlotaram o carro de apoio para o giro da manhã do domingo. Certamente, parte da turma deu uma resguardada, em função do volume de neve e do frio que se apresentavam. Angelino, Paulo, Renato, o catarinense e eu saímos com as motos. A direção primeira foi o Parque Nacional Terra do Fogo, que dista pouco mais de 15 km do centro de Ushuaia. Esse parque, que é banhado pelo Canal de Beagle, é também um dos pontos mais importantes da cidade. No trajeto, a neve voltou a cair, levemente, alternando por vez com uma intensidade considerável.
Chegamos à entrada principal do parque, com parada para informações, fotografias, e pequenos colóquios. A decisão da turma do carro de apoio, e mais o catarinense, foi seguir direto para o segundo passeio, o Trem Fim do Mundo, para visitação e buscarem o "carimbo" Fin Del Mundo para os passaportes.
Para ingressar no parque é necessário efetuar a compra de bilhete, mediante o pagamento de um pequeno montante. Ao efetuá-lo, as atendentes de turismo do local dão as devidas explicações a respeito do Parque, dos trajetos, das trilhas, dos lagos existentes, bem como falam da topografia super acidentada que envolve o grande complexo.
Feito isso, pegamos as motocicletas e, com muito cuidado, começamos a rodar sobre as trilhas deixadas pelas rodas de algum veículo, quando não diretamente sobre a neve. Muito emocionante, lento e de muita atenção foi esse deslocamento.
Muitos eram os veículos, tipo vans, lotadas de turistas que paravam a todo instante para admiração e registros fotográficos. Pelas línguas faladas, eram de diversos países. Eram essas vans, que ao circularem, deixavam importantes trilhos, por onde trafegávamos.. E o que já estava branco, cada vez mais ia ganhando mais camadas de branco. Neve intensa, linda e de gerar alguma apreensão. Notadamente, a guarda florestal estava muito presente nos diversos trajetos, pois cruzavam por nós algumas dezenas de veículos identificados como tal.
Depois de algum tempo, Angelino, Paulo e eu continuamos na "busca" da placa que indica o "Fin da Ruta RN 3".
Estávamos ainda a uns 12 km da placa. Na estreita estrada praticamente somente as três motocicletas circulavam.
Um silêncio em demasia para as circunstâncias.
De curvas em curvas, mais uma parada para contemplar, agora um lago, quase cristalizado pela neve. E chegamos ao objetivo proposto: Lá estava ela !
Nos demoramos, em muitas outras fotos. Depois uma caminhada além da placa emblema, pois uma ponte em madeira, a não mais do que 50 metros da placa, leva até o último palmo de terra aberto e acessível que se pode alcançar caminhando daquele extremo. Fomos até este último ponto extremo.
Uma placa, quase enterrada no gelo, sinalizava da impossibilidade de se seguir adiante. Por curiosidade,
Paulo "descobriu" a placa limpando o gelo acumulado. Proibido Ultrapassar, dizia.
Esse grande parque, com uma exuberante topografia montanhosa, tem ali montanhas que pertencem ao Chile. No Ushuaia aparecem os últimos resquícios da Cordilheira dos Andes.
Desta última parte do extremo sul, Paulo vasculhou uma "pedra" para levar para o seu filho. Disse que prometera levar uma pedra do Fim do Mundo. Achei interessante isso, e lembrei da Patrícia, irmã do Peterson, sobrinha do Arli, que é colecionadora de pedras. Então, imitei ao Paulo, pois achei importante ter na coleção uma pedra do fim da terra. Entreguei ao Arli, para repassar para a sua sobrinha.
De volta para o local onde está localizada a Placa Fin da Ruta 3, encontramos com dois motociclistas peruanos, que não quiseram se aventurar com as motos e preferiram utilizar as vans. Uma boa conversa com os parceiros e os convites mútuos para visitas ao países respectivos.
Foi o ponto mais extremo da aventura, com certeza, e por isso estávamos felizes,
Paulo, Angelino e eu.
E começamos a deixar o ponto mais extremo da Ruta Nacional 3.
Os mesmos cuidados na estradinha esbranquiçada e bastante úmida e cruzamos pela saída principal, deixando para trás uma combinação espetacular da natureza: um rol de montanhas exuberantemente gigantes e cobertas de gelo, um parque fantástico, uma placa demarcadora de sonhos e de realizações para os aventureiros.
De volta à área central do Ushuaia e em seguida adentramos no Terra Mística, onde a turma começava a preparar um churrasco. Efetuamos um breve relato daquilo que vimos, assim como escutamos a respeito do passeio que alguns haviam feito à estação de trem.
As providências para o churrasco já haviam sido tomadas. A churrasqueira,vinda de Porto Alegre conosco estava sendo estreada. Uma lona preta protegia da pouca chuva que caia e estava começando o churras, tendo como assador o Fernando.
O churrasco, por si só, já é sinal de alegria, de confraternização e colóquios. Aquele nosso, sem dúvida, era tudo isso, porém com o gosto especial da aventura ao Fin Del Mundo.
Estávamos com o grupo completo e os comentários, as gritarias e as conversas cruzadas corriam frouxo. O churrasco, como começara bem tarde, se prolongou até o início da noite, quando alguns ainda deram uma passeada pelo centro da cidade.
Fabiana e eu aproveitamos para um chocolate quente e uma caminhada pela área central.
Nas casas-cabanas, a turma ficou tomando cerveja até pouco mais das 22h, quando então começaram os avisos de: amanhã a saída será as 8h. Abasteçam hoje, aqueles que o puderem fazer.
E fechamos o domingo no Ushuaia.
com neve
Os passeios da manhã
O sábado, segundo dia no Ushuaia, amanheceu gelado. Um vento moderado soprava. Das vidraças da janela do apartamento dava ver o entorno, com o pico dos morros cobertos de gelo. Porém, era tão somente isso. Depois do café, o grupo começou a reunir, conversar e esperar uns pelos outros para ver o que fazer. Conforme o acerto, o dia seria de passeios meio que individualizados pela manhã e mais coletivizados à tarde.
E, aos poucos, a turma foi se espalhando em duplas, trios e quase todos para o centro da cidade ..... comprar, ver, e conhecer eram os infinitivos propostos. 
Com Geomário, Angelino, Fabi, Arli, depois com dois, mais tarde com um.... assim fomos olhando, comprando, e passeando. 
Nas lojas havia artigos de toda a ordem, principalmente recordações do local. Adesivos e patchs com o nome e número das Rutas, artesanato, bebidas e roupas. Tudo isso e muito mais que os turistas adoram comprar. Na primeira loja, um presente do Geomário que disse estar "representando" a Telma. Somos, Telma e eu , colecionadores de pratos de parede. No caso, uma lembrança do maior morro do local, o Monte Olivia. 
Numa outra loja, todos olhando os produtos quando um gritou: neve ... neve ..... está nevando ...... e saímos na corrida para a rua ver a neve. .... Para nós "era a neve" ... ao que os argentinos falaram ... não, não... é chuva congelada.... E o Vento Levou !
Angelino e Arli se separam um pouco, posto que o primeiro iria efetuar câmbio de moedas. Trocaram dinheiro e saíram rápido a nossa procura .... eis que... caiu no chão o "bolo" de dinheiro da mão de Angelino. Os pesos argentinos saíram revoando pela avenida San Martin. A gritaria foi geral, disse Arli.
Angelino corria, Arli juntava, a rua toda se abaixava e juntava uma cédula aqui, outra acolá ... e assim o Angel foi recuperando o bolo ... e, nem conferiu nada. A medida em que ia recolhendo as notas, as colocava no bolso imediatamente ... Bem mais tarde, quando foi comprar um novo celular, pois o seu molhara na balsa e consequente estava "perdido", é que foi conferir os "pesos". A quantidade estava exatamente igual a que trocara na casa de câmbio.
E continuamos a maratona pelo centro, entrando e saindo das lojas. Era quase meio dia, quando caiu a novamente gotículas de neve ... ... agora era neve. Voltamos para o hotel, onde os cometários giravam em torno da neve que caíra nestes dois momentos. Arli aproveitou uma brecha na agenda de visitações para ir ao supermercado fazer a compra de luvas mais resistentes frente à chuva. As verdes ,que havíamos ganho em La Esperanza, já estavam detonadas. Acabamos adquirindo Luvas amarelas , aquelas apropriadas para os serviços de limpeza. Foi à tarde a primeira neve prá valer .... No almoço teve resquícios da janta e do café. E foi nesse meio dia do sábado quando alguém gritou novamente .... a neve!... está nevando gurizada!... venham ver ! .... e lá fomos nós ver a neve. E nevou às pampas !
Celso até fez brincadeira e se livrou dos agasalhos.....
A gritaria foi tanta, nesse momento, que a também hóspede argentina, de nome Florência, saiu para a rua para ver do que se tratava, tal era o espanto e gritaria da gauchada e do macapaense com a neve.
Antonino, que acordara bem mais tarde, ficou logo sabendo da neve que caíra e da alegria da gurizada. Tchê Gilberto, disse ele, vai nevar muito mais
parceiro... Tu vai ver Tchê! E de tchê em tchê a neve foi realmente caindo.
Paulo informou e convidou a todos para um passeio de barco até o último farol do mundo. Seria um tour com duração de 3 horas com passada pela ilha dos lobos, dentre outros. Como não teve parceria, foi solito para o passeio.
A tarde: Uma praça, uma estação de trem, chuva, frio e neve ...
Mal começamos a rodar e a chuva voltou a cair, fraca, porém gelada.
De plano, paramos na Praça das Malvinas, que possui monumentos e pequenas placas com o nome dos 649 combatentes argentinos mortos naquela guerra, bem como um breve histórico a respeito da soberania da Ilha. A praça, que está situada às margens do Canal de Beagle, e é um verdadeiro santuário para o povo local e ponto de visitação turística. 
Nas proximidades do representativo local, também está situado o porto do Ushuaia, que foi uma das bases navais da Argentina. no confronto armado com o Reino Unido, de abril a junho de 1981.
O Canal de Beagle se constitui numa verdadeira rodovia sobre águas até a cidade mais austral do mundo, Ushuaia. A caminho da Antártica, o canal separa a Ilha Grande da Terra do Fogo, Argentina, com a ilhas chilenas de Nueva Picton e Navarino.
Esse caminho e canal, são por vezes,ainda, motivo de disputa e de abalo das relações entre os dois países.
Nós chegamos na estação sob alguma chuva, e o último trem do dia já estava regressando.
Ficamos, portanto, prejudicados quanto ao passeio.
Deu tempo, no entanto, para
um passeio pela estação, visitar as lojas de artesanatos e registrar nossa presença, por meio da colação dos adesivos dos nossos moto grupos.
Foi quando estávamos por deixar a estação, que lá fora a neve começara novamente prá valer..... Muita neve foi o que presenciamos.
estação. Alberi falou: .... quem sabe está lá na moto? mas de longe não avistava nada, até que chegando mais perto Alberi disse: lá está ela.. sob a neve ...e a pegamos. Antonino esqueceu,no interior da estação, um boné que ali comprara como souvenir - e também as luvas. Quase todos nós batemos nas portas para chamar a atenção dos guardas.... custou um pouco,mas um deles apareceu e nos alcançou os pertences do pedritense. E a neve continuava a cair 
 |
| Deu para rabiscar na bolha da minha moto |
Tempinho depois, a neve de intensa passou para moderada e desta para pequenos flocos, o que nos permitiu retirar o gelo das motocicletas, principalmente das bolhas e dos assentos, e então continuamos o passeio da tarde.  |
| Fabiana |
Um pouco depois, deu para rodar tranquilo, pois tivemos somente uma chuva fraca na sequência, com bastante frio.
Nos dirigimos para o centro de turismo, que fica em frente ao canal de beagle, para carimbo dos passaportes, com a chancela Ushuaia, Fin Del Mundo. No local haviam 7 carimbos diferentes, mas o "mais quente", segundo a atendente, se encontrava na estação de trem, exatamente de onde viéramos a pouco.
Feitas as sete carimbações, aproveitamos para efetuar os registros fotográficos frente à emblemática placa Fim Del Mundo, o que aliás, alguns já haviam feito na parte da manhã.
Angelino retornou para o hotel.
Encontro de Motoviajeiros
A tarde, que praticamente já se passara, ainda foi complementada com uma visita ao local do evento de motos- o 10º Encuentro Internacional de Motoviajeitos. Para evitar as íngremes ruas que utilizamos, quando da nossa chegada, pois estava chovendo naquele momento, fomos costeando a orla, cujas águas, agitadas pelo vento, formavam um lindo cenário de inverno. Bem nas proximidades do centro cultural, local do evento, vimos começar a se movimentar os motociclistas presentes. Estava começando o passeio oficial do evento pelas ruas principais do Ushuaia e Placa Fin Del Mundo. Paramos então no acostamento da via, para assistir o médio comboio, onde presenciamos a cruzada, o buzinaço, e as motos de todas as cores e formas. Pilotando-as, alegres motociclistas acenavam sob uma velocidade muito cadenciada, lenta e típica de desfiles. Os triunfantes motociclistas logo começaram a costear a orla e se perderam de nossas vistas. No interior do centro cultural,
apenas poucos motociclistas que não foram ao passeio e o pessoal da organização. Aproveitamos para diálogos e troca de adesivos. Nos foi oferecido "almojan", o que aceitamos sem piscar os olhos.
Como o almoço do evento recém acabara de findar e eles foram para o passeio, a mesa farta nos foi oferecida, e como já estávamos quase pensando no que faríamos de janta, então aquele "almoço" já seria a nossa "janta" ... foi o que pensamos e logo começamos a comer ..... pão, com churrasco; churrasco com pão. .....e um café muito quente. Sem cerimônias, mandamos ver .....
Aqui encontramos um gaúcho e dois catarinenses que, com motos de baixa cilindradas, haviam se aventurado ao Ushuaia.
Antonino conversou muito com um deles que alegou estar sem local para dormir, muito em função dos custos para tal e outras coisitas mais ......
Nosso objetivo era, também, a aquisição das camisetas alusivas ao evento. ....
"No tiene más" ... respondeu o motociclista que respondia pela organização. Entendemos depois, que foram confeccionadas apenas 250 camisetas e que no sábado já havia esgotado.
 |
| Bandeirola do Moto Grupo organizador do evento |
 |
| Arli - Fabiana - Peterson - Gilberto Cesar - Celso - Alberi e Antonino |
 |
| Paulo, saindo ... passeio ao último farol do mundo |
Disse ter passado bem próximo da Ilha dos Lobos e ter estado em frente ao Farol, bem como da fúria das águas e do frio que enfrentou ao longo do deslocamento. Mas valeu muito, concluiu Paulo. Assim se passou o tempo. Os que não haviam churrasqueado lá no centro cultural, trataram de preparar café e lanche.
Em nossa "casa-cabana", Antonino "apresentou" um dos três motociclistas brasileiros, que encontráramos no evento de motos à tarde.
 |
| Renato, de Lages |
no Ushuaia.
Domingo de extrema brancura
Pela vidraça da janela, no quarto superior da casa-cabana, pude espiar o que estava acontecendo na parte externa. Um vento soprava muito forte e pelo esbranquiçado de tudo em volta, a nevasca fora das grandes. Tudo estava certamente "geladinho" lá na rua.
Era bonita a "fotografia" que a natureza imprimia na Ushuaia de 1º Grau.
Eu até saí, muito que mal agasalhado, para ver de perto como estavam nossas máquinas e o veículo, assim como também o entorno, porém ali no interior do hotel. Tudo muito branquinho.
A turma, da nossa casa-cabana, começou a despertar e logo vieram as observações a respeito da neve que se encontrava lá fora, cobrindo quase tudo.
Fernando comentou ainda: que susto, ... na madrugada. Disse que o Geomário se enrolou no fio do abajur e tudo veio abaixo !
Isso não foi nada, disse um outro ... imagina que o telefone do Antonino despertou as 3h30min ... pode isso ? E tu Renato, para o motociclista de Lages, dormiste bem aí, perguntou o Arli.... Nem vi nada, foi a resposta. Dormi tal qual uma pedra ! E fomos nos preparando para o café. O pão seria pouco para tantos, daí me ofereci para ir ao mercado, distante três quadras.
Para tal, me agasalhei muito mais. Na verdade, queria ver como estava as ruas com toda aquela neve.
A neve pelas ruas de Ushuaia
Voltei sem o pão, pois o mercado estava fechado e só abriria as 10h. Portanto, tivemos que dividir muito bem o pão nosso...naquela manhã de domingo. Despertados, também, o pessoal da outra casa-cabana, começaram os registros fotográficos da neve, assim como as combinações para os passeios do domingo.
Muita neve. O tradicional boneco de neve não deixou de ser confeccionado. Peterson tratou de juntar o gelo sobre a camionete, e um simpático boneco começou a pousar para as fotografias. 
Angelino, feliz da vida, limpando a sua amarelinha, que estava toda esbranquiçada, não parava de dizer: quando eu for vender a minha moto, vou colocar no anúncio: Esta, até neve pegou ... se referido a sua motoca.
Parque Nacional, estação de trem
e churrasco
 |
| Uma superlotação no carro de apoio |
Chegamos à entrada principal do parque, com parada para informações, fotografias, e pequenos colóquios. A decisão da turma do carro de apoio, e mais o catarinense, foi seguir direto para o segundo passeio, o Trem Fim do Mundo, para visitação e buscarem o "carimbo" Fin Del Mundo para os passaportes.
Nós optamos pelo ingresso efetivo no parque. Assim, Angelino, Paulo e eu, ou seja, três das motocicletas que compunham o grupo original, rodariam até a última estrada do continente.
Para ingressar no parque é necessário efetuar a compra de bilhete, mediante o pagamento de um pequeno montante. Ao efetuá-lo, as atendentes de turismo do local dão as devidas explicações a respeito do Parque, dos trajetos, das trilhas, dos lagos existentes, bem como falam da topografia super acidentada que envolve o grande complexo.
Um parque de Gelo
Feito isso, pegamos as motocicletas e, com muito cuidado, começamos a rodar sobre as trilhas deixadas pelas rodas de algum veículo, quando não diretamente sobre a neve. Muito emocionante, lento e de muita atenção foi esse deslocamento. 
Muitos eram os veículos, tipo vans, lotadas de turistas que paravam a todo instante para admiração e registros fotográficos. Pelas línguas faladas, eram de diversos países. Eram essas vans, que ao circularem, deixavam importantes trilhos, por onde trafegávamos.. E o que já estava branco, cada vez mais ia ganhando mais camadas de branco. Neve intensa, linda e de gerar alguma apreensão. Notadamente, a guarda florestal estava muito presente nos diversos trajetos, pois cruzavam por nós algumas dezenas de veículos identificados como tal.
Nosso objetivo aqui, era chegar até o final da Ruta N3, localizada na Baía Lapataía.
Paramos uma segunda vez para contemplar o gelo em um entroncamento da estrada principal, com as diversas trilhas, bem como para apreciar a beleza e grandeza dos morros -brancos - que cercam o parque.
Depois de algum tempo, Angelino, Paulo e eu continuamos na "busca" da placa que indica o "Fin da Ruta RN 3". 
Estávamos ainda a uns 12 km da placa. Na estreita estrada praticamente somente as três motocicletas circulavam. 
Um silêncio em demasia para as circunstâncias. 
De curvas em curvas, mais uma parada para contemplar, agora um lago, quase cristalizado pela neve. E chegamos ao objetivo proposto: Lá estava ela !
Lá estava um grande emblema para o motociclismo mundial !
O Fin da Ruta RN 3 !
Que alegria!
Que momento emocionante para nós foi aquele.
A Ruta Nacional 3 é uma rodovia que percorre a Argentina de norte a sul, desde a província de Buenos Aires até a província de Terra do Fogo. Fizemos o nosso registro fotográfico. Estávamos exatamente no final da Ruta RN 3. Sem dúvidas, um momento marcante naquele domingo, 19 de novembro de 2017.
 |
| Angelino - Paulo e Gilberto Cesar |
** particularmente, para mim e para Arli, esse dia 19 de novembro estava marcando um ano do regresso pelo grande giro que fizemos pelo Brasil com as motocicletas, visitando todas as capitais dos estados e Distrito Federal, numa viagem de 22 mil km, que se iniciou em 27 de agosto com finalização em 19 de novembro de 2016.
Nos demoramos, em muitas outras fotos. Depois uma caminhada além da placa emblema, pois uma ponte em madeira, a não mais do que 50 metros da placa, leva até o último palmo de terra aberto e acessível que se pode alcançar caminhando daquele extremo. Fomos até este último ponto extremo.
Uma placa, quase enterrada no gelo, sinalizava da impossibilidade de se seguir adiante. Por curiosidade, Paulo "descobriu" a placa limpando o gelo acumulado. Proibido Ultrapassar, dizia.
De volta para o local onde está localizada a Placa Fin da Ruta 3, encontramos com dois motociclistas peruanos, que não quiseram se aventurar com as motos e preferiram utilizar as vans. Uma boa conversa com os parceiros e os convites mútuos para visitas ao países respectivos. 
Foi o ponto mais extremo da aventura, com certeza, e por isso estávamos felizes,
Paulo, Angelino e eu.
E começamos a deixar o ponto mais extremo da Ruta Nacional 3. 
O churrasco, por si só, já é sinal de alegria, de confraternização e colóquios. Aquele nosso, sem dúvida, era tudo isso, porém com o gosto especial da aventura ao Fin Del Mundo. Fabiana e eu aproveitamos para um chocolate quente e uma caminhada pela área central.
E fechamos o domingo no Ushuaia.
Fotos: vários autores, parceiros de viagem
Relato: Gilberto Cesar
Nenhum comentário:
Postar um comentário