terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Ushuaia: A Aventura do Moto Amigos RS - Parte 03

                                                                                                                                      
Ushuaia 
                                
5º dia                                                
13/11/2017                                    
Despertar Gelado em Puerto Madryn
          

            Foi prá lá de fria a noite, com vento gelado batendo nas barracas. Com isso, o despertar no camping foi para depois da 7h30. Arli, como quase sempre, tratou de gritar alguns bons dias. Outros tantos respondiam, e assim começava o ping-pong dos cumprimentos, ..... só que aos brados!               
Acorda Vixe ....    Vamos lá Pura Bucha!  ...  Celso sem Comando ! ....   Vamos lá Fernando !    Era o despertar acontecendo.                       


                      Arli e Angelino chamando o Geomário                                                                                                  
 Para efeitos de registro, Arli, eu e Alberi    posicionamos os estandartes dos moto grupos Virando Rodas, Com Destino e Rapinas. Geomário estendeu a bandeira de Macapá, comprada pela Telma para que fosse estendida lá no Ushuaia.       
              Telma, a esposa do Geomário, esteve na lista dos "viajadores", no entanto, problemas na faculdade, em razão das presenças e a proximidade do final do ano letivo, a retiveram em Macapá

Café da Manhã no Camping              

Peterson retornando
Enquanto isso, Petereson foi  se oferecendo para ir ao mercado fazer as compras para o café da manhã. Para tal, utilizou a moto do Paulo, que prontamente a ofereceu. Peterson teve que esperar o mercado abrir após as 8 horas. Na hora de guardar os mantimentos na motoca, os baús estavam  lotados com os pertences do Paulo. Resultado ... tudo veio em meio ao colo e outros gêneros pendurados pelo guidon. Como se deu isso, eu nem soube. O certo é que nos mercados argentinos não há sacolas plásticas, cada qual que leve a sua "bolsa".                                      
                                                   
Peterson chegou  meio devagar, mas chegou.  E todos tomaram um belo café da manhã.                                                     

Uma troca de óleo               Eu necessitava comparecer a uma loja da Yamaha para efetuar a troca de óleo da Midnight 950. Como não havia autorizada em Puerto Madryn, preventivamente, já avisara ao grupo que estaria saindo um pouco mais cedo, de modo a chegar antes na cidade de Trelem, 60km à frente. Isso não alteraria a direção do comboio e nem retardaria o grupo em demasia. Geomário se ofereceu a ir junto e partimos, enquanto os parceiros se preparavam para o café e posterior desmonte do acampamento.                                                        
                      Rodamos muito bem na auto pista, com altíssima velocidade e em pouco tempo chegamos na cidade. Uma pergunta ali, outra acolá e achamos uma oficina autorizada. A conversa foi rápida e logo iniciou a troca do óleo. O ruim é que o proprietário, e mecânico, a todo instante parava para atender alguém ou consultar a internet. Mas a troca do  óleo estava acontecendo.                                   

Geomário aproveitou para regular o som da buzina da sua moto com o outro mecânico.     O grupo foi chegando, adentrando na oficina e comprando frutas no mercadinho em frente. Antonino aproveitou para apertar uns parafusos do pisca-pisca e logo começamos a deixar a cidade de Trelem.  Tiago Xavier foi o mecânico que efetuou a troca do óleo da minha moto.                                                           
           Como a oficina estava localizada na zona central 
da cidade, a passagem pelas principais ruas foi inevitável. Bom para nós que podemos ter uma noção melhor da cidade e também receber o carinho da população local, por meio de  muitos acenos e cumprimentos.        

Tocando em Frente                                    
      E a cidade foi ficando nos retrovisores. O grupo começava a lograr quilômetros, com parada prevista para o lanche somente para depois das 14h. 
Foi na localidade de Uzcudum que o comboio fez reabastecimento das motocicletas.                                
A parada foi bem rápida, seguindo a combinação feita antes, mas com promessa de uma parada mais longa mais ao final da tarde.   Mas tivemos tempo suficiente para descontração e também para a checagem do mapa, por parte do Antonino.   

Cenários Petrolíferos                           
  Voltamos a rodar, agora com cenários bem diferenciados: estávamos ingressando em região petrolífera da argentina. É muito forte a extração de petróleo em terra, o que mais tarde se configurou forte, quando da passagem na beira  mar. São incontáveis as bombas de vareta que se encontram por todos os lados nesta região.
Essas bombas também são conhecidas como "cavalo de pau" ou ainda "cabeça de cavalo".         
 Por volta das 16h30 adentarmos na localidade de Comodoro Rivadávia, uma cidade enorme, com grandes refinarias e a presença das marcas econômicas, em função da exploração de petróleo.                                                                
  Fomos ingressando lentamente e com atenção mais aguçada, uma vez que o trânsito estava bem intenso para aquele horário.                                                
Falando em horários, é a partir desse ponto e dessa região que o dia começa a ficar mais longo. O anoitecer se retém bastante e é possível rodar, ou desfrutar da luz solar, até o avançado da noite.   Disso, já nos havia alertado o Antonino.                   

Em Comodoro Rivadávia, aproveitamos efetuar os reabastecimentos e efetuar uma refeição mais apurada. O local escolhido, além de uma boa estrutura, nos permitiu também a compra de souvenirs da cidade.

         
     Alimentados e   

descansados,    começamos a retomar a viagem, bem devagar e aproveitando para ver e admirar a cidade, que por meio de buzinas dos carros e cumprimentos de pedestres, saudavam o comboio. No início, costeando ao longe ao orla, o que nos deixou muito próximo do grande mar que banha a cidade. O cenário é extraordinário.  A medida em que rodávamos,  o descampado   passava a anunciar que estávamos nos afastando da cidade e prestes a pegar a rodovia.  No início dessa, uma abordagem policial, em um posto fixo, fez parar todo o comboio. Hora de mais uma vez mostrar todos os documentos dos condutores e veículos.

Conferindo a Documentação
e Destino                                         


 A abordagem individual consistiu em comparecer   no interior do posto, efetuar os devidos registros e  responder da procedência e do destino e por fim a  idade.  Aqui, na ordem respondemos : Arli .. 67;        Gilberto Cesar, 61 ... Fabiana, 34  .... VIXE falou      o  Angelino ... espanto e risos dos que estavam na    fila....       inclusive os dois guardas argentinos.                     Foi quebrado o silêncio do posto.                  
No tocante aos policiais, esta foi a quarta vez que           precisamos apresentar documentos para a polícia     argentina. Em todas, até aqui, foi só gentileza e       conversas a respeito da viagem.                             
         Como de outras vezes, chamou muito a        atenção o fato de a Fabiana estar pilotando a sua      própria motocicleta. E também ser a única mulher no grupo.                                    
Grupo liberado, todos para a estrada e para a última parte do percurso daquele dia.
O destino era Caleta Olivia, uma cidade de médio porte distante 80 km de Comodoro Rivadávia. Portanto, logo estaríamos instalados para o descanso do dia.                                                     

As belezas naturais 
janta e pernoite                                                   
                 Como já dito, a região é muito bonita. Alternam-se o mar, as montanhas, os gigantes 

morros de uma espécie de areia argilosa    amarelada, o que deixa a geografia entre essas cidades prá lá de bonita. Quase chegando em Caleta Olivia, impossível não se deter com um acidente geográfico provocado pelo mar. Água em tons muito esverdeados, contrastando com rasos rochedos que se estendem mar a dentro.                  E o grupo parou.                                                     







        Após a contemplação, fomos adentrando em Caleta Olivia. Vários indícios  davam conta de que estávamos em uma cidade, cuja extração de petróleo também se constitui no vetor da economia.                                                 
                            Por meio de perguntas e de conversas, em pleno trânsito, um cidadão nos indicou uma pousada à beira mar. Disse ele: ... me sigan  llevo ustedes .... E o comboio foi seguindo o simpático camarada, que ainda precisou nos levar em um segundo local, visto que o primeiro já se encontrava lotado.   
Assim ficamos nas cabanas Frente ao Mar. Um ótimo local.


Tudo certo.
Então...desmontar bagagens ainda sob a luz do dia.    




          Devidamente instalados, fomos, Peterson, Fabiana e eu, ao centro da cidade, mais precisamente em um Supermercado, para a compra dos gêneros do jantar e dos líquidos para nos refrescarmos. Fabiana e Arli fariam um arroz de carreteiro, cada qual em uma panela, dado o grande número de pessoas.
Na passada pelo centro, cruzamos pelo símbolo maior da cidade de Caleta Oliva, qual seja: 
"O Petroleiro". Trata-se de uma grande escultura que homenageia os trabalhadores da área petrolífera. A a passagem pela estátua é obrigatória ao se circular pelo centro, pois tudo converge e tudo acontece a partir do "petroleiro".
                   
De volta para as cabanas, o início das atividades de cozinha para a dupla voluntária. Para os demais: banho, descanso e pequenas caminhadas.                                                                 
                       Um pouco mais tarde, o aviso de que a janta já estava sendo servida.                                                           Todos aos garfos! .....                                             
Até sobrou um pouco de carreteiro na panela do Arli, que se defendeu rapidamente: ...  A Fabiana me logrou e escolheu as carnes mais nobres para colocar na panela dela .......                                     
 







Com bastante humor e satisfeitos com a janta, o grupo começou a silenciar. Os últimos foram se acomodando, alguns já  dormiam, agora sob o barulho forte de um vento que começava a soprar, meio que sem aviso.

                                                                             

6º dia                                                
14/11/2017                                    
Frio em Caleta Oliva: 9º                   

Gilberto Cesar, Fernando e Geomário
         Amanheceu bem frio naquela terça-feira. O vento forte que soprara na noite, prenunciava que teríamos um dia gelado. O corredor formado pelas cabanas, com o vento vindo do mar ao fundo, mais parecia um grande funil para a passagem do vento.   
       Essa foi a menor temperatura até aqui registrada na viagem. Tchê, se preparem para mais frio e "muito" mais frio a partir de agora, dizia o Antonino.                                                      
No interior da cabana, o café estava à disposição. Feito isso, cada qual deveria começar a remontar as bagagens para percorrer o trajeto traçada para o dia.  

Vento à Vista, e os Guanacos                    Na preparação alguns avisos e orientações quanto aos trajetos a serem percorridos a partir de então.    
Tchê, teremos a presença do vento quase que constante, sentenciou Antonino. Outra coisa disse ele: os guanacos ... agora teremos os guanacos pela frente.  Esses animais andam soltos ao longo da rodovia e são muito rápidos.... tenham cuidado !                         E, realmente, o vento e o frio castigaram um pouco o deslocamento. A situação estava até bem suportável, porém estávamos inaugurando uma situação diferente desde o início da viagem.               Interessante então este treino, pois pelo que falavam e orientavam, teríamos ainda situações bem mais difíceis pela frente.                                          Sob os nove graus, marcados pelo termômetro da moto, fomos chegando ao município de Fitz Roy. Parada para um café quente, reabastecimentos e troca de informações a respeito do trajeto percorrido.                                              


                             
       A parada em Fitz Roy foi estratégica, pois alguns precisaram colocar um pouco mais de roupas, mais luvas e reforço de meias. A conversa girou muito em torno dos ventos: como se portar, como pilotar, como conduzir. Os grandes descampados dessa região, e das próximas, contribuem muito para que as rajadas sejam intensas e fortes. Outro fator comentado foi a questão da ultrapassagem e passagem por caminhões. O impacto era forte e exigia atenção. Neste trajeto de   
Geomário recebendo instruções do Antonino de
como melhor pilotar nas circunstâncias que se
 apresentavam.
Foi um  aulinha de postura na moto e velocidade ideal.
Caleta Oliva até Fitz Roy, notadamente, o Geomário foi o motociclista que mais apresentou      dificuldades  em pilotar sob o vento. Quase todos andavam "tortos" mas o Geomário, além disso, reduziu muito a velocidade. A moto e o motociclista pareciam não se acertar. É bem sabido que o macapaense não está nada acostumado a essas temperaturas baixas que, associadas ao fortíssimo vento, dificultava em muito o rodar.  Nesse trecho, foram rodados75 km que pareceu ter mais de 150 km ou algo parecido.           
                               E aos poucos fomos saindo novamente para o vento e para o frio. Rodar, esta era a proposta. Rodar mais um pouco e dar uma segurada. Não forçar demais, mas também dependíamos da existência de estabelecimentos ou postos de combustível.                                                                                Foram rodados outros poucos 130 km e mais uma parada. A situação do vento continuava a mesma. As motocicletas certamente passaram a consumir mais combustível.  
                  Três Cerros foi o local onde o comboio parou para reabastecimento e cafés.   
Geomário disse estar bem melhor... mas ao cruzar por algum caminhão.... VIXE ... dizia o parceiro.     As vezes dá até vontade de chorar rapaz.... eu sinto isso........  é muito vento.... falava o amigo de Macapá.              Na verdade a situação era igual para todos. Era questão de adaptação. No geral, o que se notava é que a concentração, o semblante sério e os cuidados eram visíveis no grupo todo.                                                       Fernando informou a todos que o vento estava soprando a 54 km por hora.                          E tratamos de rodar. Próxima parada, Puerto San Julian, a pouco mais de 140 km. Lentamente, começou o deslocamento, assim como também uns pingos de chuva, que logo foram se intensificando. Agora o cenário estava completo: vento, frio e chuva.  Neste trajeto apareceram os    
O primeiro Guanaco avistado
primeiros guanacos.              Paulo, que pilotava a frente do comboio, sinalizou muito avisando da presença de um e, logo em seguida, um bando com mais de dez e mais um outro com um montão.   Os guanacos estavam aparecendo e se constituindo em mais um fator de atenção e de tensão.                                                                 
 Esse animal é da família dos camelídeos e pesa em média 90 kg. Podem atingir a velocidade de até 60 km em qualquer terreno.                                    
             Então, prazer, seus guanacos! Que tenhamos uma convivência, ainda que passageira, pacífica e muito boa ..... foi o que eu pensei naquele momento.                                                              

                                     
A chuva deu  uma boa amenizada, o que foi bem tranquilo para a reposição programada de gasolina na moto da Fabiane, e tocamos em frente.                                                                                 Sem chuvas, chegamos a cidade de  Puerto San Julian por volta das 14 horas.  A combinação foi rápida e rasteira: aproveitar a melhora das condições climáticas, ficar pouco tempo parado e tocar em frente.                    

E, ainda com as roupas de chuva, abastecemos rápido e tratamos de continuar.                                          
Tempo bom em Rio Gallegos             
e um bom Hotel para descansar       
               A melhora do tempo parece ter animado a todos e a velocidade voltou a ficar no patamar dos 110 / 120 km. Os  guanacos apareciam volta e meia. Reduzia-se a velocidade, porém já não  espantavam tanto.  Restavam ainda 350 km até a cidade apontada para o pernoite: Rio Gallegos.                                  
As boas condições da estrada contribuíram muito para que mantivéssemos uma boa velocidade de percurso.                                                                
No caso da  Fabiana, se preciso, utilizaríamos a gasolina reserva do galão que se encontrava no carro de apoio. Então, botar para  rodar.                                                                                                         
   A parada para reabastecimento da moto da Fabi segurou alguns na estrada e outros poucos seguiram em frente. Foi no grande trevo, 25 km antes de Rio Gallegos, que ficamos esperando pelo restante do comboio. Teríamos a definição  se iríamos tocar em frente, na direção de El Calfate (à direita) ou se iríamos mesmo pernoitar em Rio Gallegos (à esquerda do trevo).
A definição do grupo em ficar em Rio Gallegos

  E tocamos para Rio Gallegos, muito com baixa velocidade, pois os tanques de combustíveis estavam mais para o "cheiro de gasolina" do que para o líquido precioso para os motores.             
         Neste local, encontramos um gaúcho de Caçapava do Sul, (moto do meio) que rodou conosco até o centro da cidade.                                                              
        Vale lembrar que a nossa programação previa uma passada em El Calafate, antes de irmos ao Ushuaia.                                                                  Rio Gallegos é a capital da província de Santa Cruz.                                                                                                                   
 Praticamente no centro da cidade, passamos pelo reabastecimento e descanso. Paulo foi o indicado para ir a cata de hotel e, por intermédio dos frentistas, recebeu algumas indicações e foi logo colocando a sua moto para rodar. Parados, e em meio  a bastante frio, o comboio foi chamando a atenção dos que compareciam ao posto e algumas conversas a respeito da viagem foram sendo travadas.  
Reabastecimento em Rio Gallegos,  sem vento, sem chuvas e um hotel na perspectiva.                                                                                         
                  Paulo demorou um pouco e voltou com noticias de que vários hotéis estavam lotados, outros tinham dificuldadem em receber todo o comboio, outros simplesmente rejeitaram. Tem  o Hotel do Comércio, falou o Paulo, só que é meio salgado o preço .....                  É para lá que vamos !  quase todos falaram ao mesmo tempo ..... e  deixamos  o posto San Cristobal  rumo ao hotel.                                                            Feito o preenchimento da papelada, todos para os quartos.                                      As acomodações eram de primeira qualidade, o elevador no entanto é que era tão somente para três pessoas. Paulo e Eu precisamos descer para resolver um problema que dera com o quarto da Fabiana. O preço não estava condizente com o combinado. Tentamos descer e uma senhora argentina, que já se encontrava no interior do elevador disse-nos ..... o elevador é para duas personas ... esperem por favor ... e desceu.  Esperamos e começamos a descer e daí lemos na placa: Máximo 3 Personas.       Bah ... comentamos .... levamos cano da senhora argentina ....                                                                         
                  Resolvido o problema na portaria, hora de voltar e subir pelo mesmo elevador. Encontramos com o Peterson e o Celso que estavam chegando. Pois vão ver, disse o Celso. Agora vamos nós quatro nesse elevador .....  e fomos, ou quase fomos ... o elevador mal se mexeu e parou.....  Travou!                                                                    Aperta no botão amarelo, disse o Peterson ... eu apertei e  uma enlouquecida campainha começou a berrar. O elevador retornou, o Celso desceu e nós tresê voltamos a subir.                                                   

Ôla, ôla ... garçon !                                          
            Estava frio em Rio Gallegos, com  termômetros marcando 9 graus. O vento voltara a soprar  forte e gelado. Já era mais de nove horas da noite, quando alguns preferiram ficar no próprio hotel para um lanche ou uma janta.   Peterson, CelsoArli, Alberi e eu arriscamos uma refeição fora do hotel.      Depois de algumas quadras, avistamos uma pizzaria com escopos futebolísticos e foi ali que adentramos. O local, bem climatizado, estava meio que repleto. Sentamos-nos e esperamos. Nada de garçons. Olá .. Olá... para um e Olá para outro garçom e nada .... concluímos que "no estávamos sendo bien vindos" ... daí nos retiramos, voltamos para o hotel na expectativa de lá comermos alguma coisa.  
         No trajeto de volta, restou "mirar" um cassino que se encontra nas proximidades do hotel.    
  No restaurante do hotel , do grupo só estava o Geomário, que conosco se retardou até o término de nossa refeição.                                                                
                        Depois...fomos dormir.                    

                                                                             

                                                                            7º dia                                                
15/11/2017                                    
Deixando Rio Gallegos
                                    
           Não tão cedo foi o despertar no bom Hotel Comércio naquela quarta-feira, que chegara com um bom sol. Porém, com temperatura ainda considerada baixa.            O grupo foi despertando e aos poucos começamos a rumar para o café da manhã.  O aroma do café, associado ao das guloseimas, indicavam para uma sala lateral a um corredor no andar térreo. Lá adentramos e já fomos nos servindo de sucos ....... No! ... No!  falava uma atendente.... aqui es reservado para excursión .... ustedes es  adelante...... e indicou um local mais para o final do corredor, em meio a umas obras ........

                                                   
Trocamos do bom local para um local menos male                                                               
..... foi o que fizemos e tratamos de tomar o nosso café.  Estava ótimo e farto.                                  
                 Tomado o bom café, tratamos de começar a arrumar os alforges para rumar ao destino do dia, qual seja:El Calafate.                                        
       Na garagem do hotel, os arrumas aqui e ali já estavam acontecendo. Arli e eu ainda tentamos uma casa de cambio, porém fomos informados de que o expediente só começaria as 10 horas nesses estabelecimentos. Então, sem chance de trocar as moedas.                                                   
 Hora de também revisar as motos e a constatação de que a moto da Fabiane precisaria de um ajuste na corrente. Foi Paulo quem tomou a iniciativa que, posteriormente, ganhou a adesão de outros. O ferramental todo veio do carro de apoio.                                                                
 Terminado o ajuste, a necessidade da Fabi ir ao posto para a compra de mais óleo para o motor e a colocação de alguns Mls, de modo a deixar a moto com o nível aceitável. Paulo acompanhou esta operação indo junto até um posto localizado pouco mais de uma quadra de distância do hotel, enquanto o comboio se ultimava para a partida.                                                        
                          E o comboio começou a se movimentar, andou uma quadra e logo parou para, em frente ao posto,  esperar que a moto da Fabiana terminasse de receber  o óleo de motor. 
                                    Alto lá !
sem Luz e com pouco combustível            Tudo resolvido, tudo abastecido, começou então o deslocamento para a cidade de El Calfate, a 350 km.    Na verdade refizemos os 25km de volta até o grande trevo por onde havíamos chegado e logo pegamos a rodovia em direção a turística cidade.   Em meio ao caminho, a localidade de La Esperanza, local obrigatório de reabastecimento.                             E Lá nos fomos, empregando uma boa velocidade, posto a calmaria do vento, contudo, com a presença do frio.                                                     
Fomos parados em seguida  pela guarda, isto ainda em solo de Rio Gallegos.  Tudo de novo.  Documento por documento, veículo por veículo e apenas um guarda para vistoriar tudo.   A  "cola", como dizem por lá, foi aumentando, chegando a ficar uma fila quilométrica... e o guarda não estava nem aí, muito menos para o frio que estava nos assolando.                Tardamos em ganhar um bom tempo com isso e, quando liberados, voltamos a rodar.                
             De Rio Gallegos para El Calafate.  A Ruta      
 utilizada foi a de número 5, adentrando porém na Ruta 40, com ingresso mais tarde na Ruta 11.           
Deixando  a Ruta 5, em La Esperanza, há o ingresso na famosa Ruta 40, que passa nas proximidades de El Calafate. Vendo a indicação da Ruta, tratei de efetuar o registro fotográfico do motociclista, bem como da motocicleta.                   




Celso também efetuou registro fotográfico de ingresso na Ruta 40. 
       E  chegamos na localidade de La Esperanza, o local do reabastecimento. O posto estava completamente emudecido. Alguns motociclistas e um silêncio anormal.  Faltou energia, soubemos logo. Sem chance de abastecimento. Não tem hora para voltar a luz. Tem que esperar ....  essas e outras era o que mais se ouvia.  







Que desesperança, em 
La Esperanza !              
                                     
Conferindo o combustível
restante no galão
  Fomos tomar um café, comer algo e depois resolver o que fazer, foi o consenso do nosso grupo.                        Como não havíamos abastecido totalmente o galão reserva de 20 litros, descontando o que a Fabiana precisaria, sobraria algo em torno de 8 litros. Era isso o que tínhamos para dividir com as motos que viessem a precisar. Fora isso, era esperar pela volta da energia.             Fui da opinião de seguir em frente, com velocidade moderada e, na pior das hipóteses, começaria a faltar combustível já nas proximidades de El Calafate, assim seria fácil ir na cidade e pegar.                  Foi este o consenso também entre o grupo. E partimos para os 150 km restantes, com moderação na velocidade.                                                                   Seria bem possível, como foi, que o vento segurasse um pouco as motos e houvesse mais consumo, mas seria melhor arriscar do que ficar esperando.                                                                               E fomos num tranco moderado.               
       Geomário, por duas vezes, cruzou e voltou a cruzar pelo comboio, ao que lembramos a ele da necessidade de economizar "nafta".                                Ao longo do deslocamento os acontecimentos:                                                                                 

Fabi, no abastecimento da sua moto

Gelmário recebendo combustível
A moto da Fabiana teve o reabastecimento previsto, e os demais foram se seguindo.                              Geomário foi a primeira, fora da programação,  a ficar sem combustível. Faltava pouco menos de  20  km para El Calafate.                                                                
Faltando 9 km, foi a minha vez de me socorrer de combustível do que ainda restava do galão.  

Na terra do Glaciar
           Foi no trevo da entrada da cidade de El Calafate que  Arli ficou sem combustível.     
             No pórtico principal, todos pararam para os registros fotográficos da comemoração pela chegada na cidade turística.

            E, a exceção do Arli, que ali ficou esperando por combustível, os demais ingressaram triunfantes e respondendo aos acenos dos transeuntes. Alguns chegavam até a acionar as buzinas.                          
                 Foi muito gratificante ter chegado na       
                        Capital Nacional de Los Glaciares               
              Do triunfo para o posto                          
  A necessidade de reposição de combustível  foi logo sanada, pois como se sabe, vivemos mais na estrada, na moto, nos postos de serviços do que qualquer outro lugar, isto quando em viagens.               Os postos passam a ser uma espécie de base de apoio, e ainda que diferentes uns dos outros, todos acabam se parecendo muito e até meio afeiçoados.                                                                                                                                 

                                     

Coube, voluntariamente, ao Antonino abastecer o "Tarinho Verde" da Fabiana e voltar ao trevo para socorrer o parceiro Arli.                               
             Um pouco depois, todos reunidos, hora de lanchar, almoçar, repor energias e ir pensando no que fazer naquele final de tarde. Os relógios estavam marcando 14h30 min.                                                                       Nas proximidades do posto,     
a indicação do Peterson de um local para aquele momento.  Os pratos, além de convidativos, são rápidos e contém  preço acessível, disse o proponente. Para lá fomos todos e, para evitar muita espera, os pratos pedidos se assemelharam muito.  
                                        Satisfeitos e felizes, hora de reunir para decidir.                                 
                   Foi Paulo quem propôs imediata ida para conhecer o Glaciar Perito Moreno, que segundo cálculos de distância,  associado ao clareado do dia que se estende pela noite, daria para efetuar o passeio ainda neste dia.                                                 O Glaciar dista pouco mais de 80 km do centro da cidade de El Calafate. Então ....  bóra logo conhecer!                                                              
                     E o comboio cruzou pela rua principal  de El Calfate, em direção à rodovia que leva para o Glaciar.  A calma cidade passou a conviver, por instantes, com um imenso barulho do ronco dos motores e uma longa fila formada pelas motocicletas. No trânsito, os condutores deram muita preferência para o deslocamento do grupo.   Logo pegamos a estrada.                                                                
               De saída, um vento forte e com rajadas cadenciadas reteve imediatamente o ímpeto da alta velocidade. Parecia que o fenômeno ocorrido em Caleta Oliva, Fytz Roy e Puerto San Julian estava de volta naquela tarde.                                               
 Foi questão de meia hora e cruzamos algumas montanhas, com muitas curvas para lá, curvas para cá e conforme íamos subindo morro acima, o vento foi ficando na planície descampada.  

             O deslocamento é fantástico. Conforme os quilômetros vão se passando, o cenário paisagístico é fenomenal, extraordinário e deslumbrante.                
Aos 50 km percorrido,  surge então o Portal do Parque, indicando o seu início. Hora de parada para admiração e também para o pagamento do ingresso no parque. Foram 500 pesos por pessoa.                       
          Nesta parada, Peterson tratou de amenizar a vontade em conduzir motocicletas ... eis que vem no carro de apoio ...  então, a moto do Fernando, ainda que ali parada, serviu para tal.                                                        Tudo pago, agora era ingressar e rodar por mais 30 km até a grande geleira. A atendente avisa: muita atenção senhores ... é necessário baixa velocidade. São mais de 200  curvas até o Glaciar e a esta hora, são inúmeras as vãs e automóveis que estão retornando lá de cima .....       
E fomos ver o Glaciar.                                         
                                                      O caminho é realmente muito sinuoso e por demais íngreme.A impressão, por vezes, é que uma curva estava dento da outra ....  pode-se dizer que aquele caminho é, verdadeiramente, uma grande serpente retorcida.                                     
                                     
Tudo é muito lindo! Aos poucos começa a aparecer o cume de uma grande montanha coberta pelo gelo.                                     
                                                   


Depois, um grande lago, por onde enormes blocos de gelo são lentamente carregados por um fraco movimento das águas.                                          Tem um mirante, ainda ao longe da geleira, que quando nele paramos para observar o entorno, mais parecia estamos frente a um grande freezer com as portas abertas e com um grande ventilador em seu interior.  Por um corredor natural, vinha um forte vento geladíssimo.                                                                                 
O perito                                              
  Voltamos para as motocicletas e para o carro de apoio e continuamos, de modo a chegar bem próximo do grande bloco.                                                          
                   Aos poucos você vai vendo parte do Glaciar. Daí vai aumentando e de repente todo o enorme bloco está ali, bem a sua frente.                   
Não tem como não emudecer por alguns minutos.     
É tanta perfeição ali, estática, esbranquiçada, espetaculosamente gelada.  
                                                                             
                        Uma longa escadinha, com diversos caminhos, deixam os visitantes a pouquíssimo metros do grande bloco.                                                     
           Chegamos bem perto e as reações foram :    
Explêndido ! ...  Lindo! ... Meu Deus! ... O que é isso? Que graça estar aqui ! ... Caracas, que tamanho! ...   Inesquecível ! ...  Muito Grande ! ...  Como pode isso? .....    e assim outros tantos adjetivos exclamativos que daria para preencher um fascículo por inteiro.                                                                               Surgiram também lindas expressões e os lagrimares foram exteriorizados por alguns:  Paulo, Geomário, Fabiana e Fernando, que estavam próximos, deixaram aflorar as emoções. Foi mágico o momento em que estivemos frente à grande geleira.                    Angelino e Arli desceram ainda um pouco mais. Disseram estar a um toque de dedo da geleira.                                                                   No retorno, disse Angelino:  é Pura Emoção, hein Pura Bucha ... dirigindo-se à FabianaDeusoLivre, respondeu a motociclista.                                               Foram minutos que deixamos de contar aqueles que ficamos frente à geleira. O tempo parece que pára; parece que fica estagnado frente ao ostentoso bloco, que até parece saber de tudo isso. Por vezes, ele brinda aos visitantes com a soltura de um pedaço  de gelo que, ao se despencar e cair sobre as águas, faz emitir um grande estrondo, o que é impossível segurar um " mas bah!; nossa!; vixe!, céus!, etc...                                                            
                               Aos poucos fomos retornando para a base, onde um restaurante e uma loja de souvenirs permitem retomar o fôlego e comprar recuerdos do Glaciar, respectivamente.                     


Esta geleira Perito Moreno, é um Glaciar, com aproximadamente 5 km de largura e 60 metros de altura. É considerado uma das maiores reservas de água doce do mundo.



Um hotel semanário e 
passeio noturno
       De volta então para El Calafate, refazendo os 30km das sinuosas  mais de 200 curvas, para depois rodar mais 50 km das lindas paisagens e nas planícies onde o vento, imponente, estava novamente a soprar forte.
                 Foi Paulo quem tratou, via telefone, a questão do hotel para o pernoite em El Calafate e,  então, fomos direto para o Hotel Terraza Coironer, cuja abertura ao público se dera apenas a uma semana. Portanto um novíssimo o hotel. 
Tratamos de nos  instalar e acertamos dar um passeio pela cidade.                                                               Como se encontra bastante retirado do centro da cidade, foi necessário utilizar as motocicletas para esse deslocamento. 
Pelo centro, 
várias caminhadas, entradas e saídas de lojas para olhar, comparar e comprar souvenirs. Nos restaurantes, a olhada ficava por conta dos "cordeiros", que estavam sendo assados em fogo à lenha, sob vitrines. 



Alguns anúncios colocados sobre as paredes, em alguns estabelecimentos, nos deixaram um pouco sem entender direito o que estavam oferecendo ao público.


E não foi desta vez que a turma saboreou o tal cordeiro argentino. Todos os restaurantes vistos estavam lotados e com fila de espera na rua.


Já passava das vinte e duas horas, quando começamos  o retorno ao hotel e tratamos, ali mesmo, de comer algumas empanadas com fritas. 

E foi isso de El Calafate.


Fotos:  vários autores, parceiros de viagem
Relato: Gilberto Cesar

Um comentário:

  1. Que maravilha, amigo Gilberto! Lê seus diários é sempre gratificante. Abraços

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