quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Ushuaia: A Aventura do Moto Amigos RS - Parte 09

Ushuaia 
                                
16º dia            24/11/2017                            
O mais longo dos dias        
          



                      
Um café com poucas palavras                Depois de um dia repleto de emoções, o despertar foi muito silencioso em Baía Blanca. Sérios, e com "bom dias" mirrados, o grupo foi se acomodando para o café da manhã.  Me pareceu um misto de cansaço natural com a vontade de "rápido retornar".                                                    
                Todos esperando o café, e a atendente esperando que o grupo ficasse completo.  O normal é que você vá sentando e o café sendo servido. No caso do Victória, o café é servido na mesa e com quantidades limitadas. 


            Findado o ritual matinal, todos para o estacionamento organizar aquilo que havia sido retirado das motos, checar bagagens, apertar tudo e partir. Como sempre diz o nosso amigo Jonas: "aperta!"  ... pode cair tudo .. então, "Aperta!". Na verdade, é o Arli que a cada remontagem de bagagem lembra o dito pelo nosso amigo Jonas.                      
                         
          O grupo agora estava assim resumido:           - conduzindo motos: Arli, Fernando, Geomário e Gilberto Cesar;                                                       
 - carro de apoio: Alberi, Celso, Fabiana e Peterson.  

   
   



 

                 Tudo pronto, então botar prá rodar
       Programamos, para este dia, rodar algo em torno de 970 km, devendo chegar em Cólon na divisa da Argentina com o Uruguay. Uma puxada e tanto, o que de certa forma animou a gregos e troianos.                                                                
                                                                            
Uma combinação motociclística         Antes um pouco, confabulei com Arli, de maneira a conversarmos com o pessoal do carro de apoio, no sentido de liberá-los. De modo que passado o stress, pudessem então tocar para Caxias do Sul.                - Concordo plenamente disse Arli, o que foi endossado pelo Geomário e ratificado pelo Fernando, os quatro restantes condutores com motos.                                                    
       E rodamos forte.                                                     Aos 300 km, já na localidade de Olavarria,  no YPF San Jacinto, é que fomos parar para o reabastecimento das motocicletas e do veículo de apoio.                                                                                                             
      Foi nesta ocasião que nos reunimos com o pessoal do carro de apoio e falamos da nossa proposta, ou seja, da liberação dos parceiros.  Muito nobre o gesto de vocês, disseram. Concordaram, mas com um porém:      - vamos rodar juntos o dia inteiro.  À noite, em Cólon, vocês ficam para pernoitar e nós tocamos direto para Caxias do Sul, passando por Livramento para deixar o Alberi.                                                      Alberi havia deixado a sua motocicleta em Santana do Livramento, isso no primeiro dia da viagem.                                                                     Puxa, que alívio!! Foi o que me pareceu ser o sentimento de todos !  ... muito embora, a nossa proposta original fosse de liberá-los logo após o almoço. Mas, justos e ajustados, abastecemos, lanchamos e voltamos a rodar.
 
 
         Em Saladillo, região central da Província de Buenos Aires, paramos para o almoço. Já havíamos rodado 485 km. Então, hora de descansar e se alimentar.  Uma boa refeição é o que estamos merecendo ... falou alguém...   Eu já achei o lugar, falou Peterson ...    Gurizada, abastecer e depois comer ... replicou um outro.                                     
E do abastecimento, direto para os pratos.  
        Como estávamos muito próximos da região de Buenos Aires, acabaram-se as preocupação com as "tarjetas"  ... todos os estabelecimentos as aceitavam.

  Um abundante almoço    
 Depois de inúmeros dias sem uma boa comida e sem  variadas saladas, Saladillo nos brindou com um grandioso almoço. Farto e variado.                         Dois eram os pratos: Livre, a base de saladas ou À La Carte, com um prato de assados de diferentes carnes, feitas mediante o calor e o fogo, ou  seja, a tradicional Parrillada. A grande maioria da turma se "atirou" no prato de número dois. Fabiana, Alberi e eu, ficamos com a primeira opção.   Geomário, que foi o último a chegar a mesa, nem teve opção, pois o Alberi que,um pouco antes, teria optado pelo prato 2, desistiu quando viu o prato com as saladas, sobre a mesa.                        Peço o que? ... perguntou Geomário ...  já pedimos, responderam uns dois ou três ... Parrilada ! .... carnes !  .... Ôba, respondeu o macapaense, esboçando um grande sorriso.                                                                   
           Estava acontecendo  a  última refeição coletiva deste grupo.

Fabiana, Arli, Alberi e  Celso
Fernando, Gilberto Cesar, Geomário, e Peterson
    Em Saladillo, nos demoramos bastante tempo, tendo inclusive espaço para uma pequena caminhada pelo entorno do Posto de Serviços.  Estava bastante calor e com muito sol e  céu límpido, quase sem a presença de nuvens. Eram mais de 14 horas, quando recomeçamos os procedimentos de viagem.  

 

 Lentos, porém satisfeitos, onde os sorrisos haviam retornado e as conversas se intercruzavam,  aos poucos os motores começaram a roncar. Encarar mais quilômetros na busca do objetivo do dia: cruzar fronteira.                                                                              Com muito calor, a próxima parada aconteceu na localidade de Los Cardales, depois de uma rodada de 210 km. Estávamos a 70 km da cidade de Buenos Aires,  no entanto, nosso trajeto não contemplava a capital federal, e sim as Rutas 6, 12 e 14, passando por Zárate, rumo a Cólon



            Foi rápida a parada em Los Cardales, e o otimismo sobre a quilometragem rodada, assim como a faltante, 270 km, para a fronteira, era o combustível que movia os rostos - sorridentes - e as brincadeiras que houveram.                                                          Porém, logo na saída, a rodovia deixou de colaborar. A ruta 9, passando a cidade de Zárate, estava em péssimas condições. Com pistas duplas e  de rolamento em concreto, os buracos e falhas se multiplicavam. Eram um verdadeiro zig-zag dos veículos. O alto número de caminhões para aquele quase final de tarde, também complicou um pouco o nosso deslocamento. Mas fomos ganhando quilometragem.                                                                                    O fim da tarde foi chegando rápido, o escuro da noite foi começando a comandar o espetáculo no horizonte, e o Arli foi logo gesticulando, acenando de modo que o comboio deu uma parada.   "como é  ... não vamos parar ! ... a noite vai chegar !  ..."   Calma disse Peterson. Vamos rodar mais um pouco. Faltam ainda pouco mais de 100 km. Vamos tentar chegar na fronteira. Estávamos na imediações de Gualeguaychú, de acordo com uma  placa de sinalização.                         

Escuridão, chuva, vento, frio e  muitas  exclamações                  
      E tocamos. Começou a chover levemente, a velocidade ficou mais reduzida e pouco mais de meia hora depois veio água a valer.   O escuro da noite, começara a passar para tenebroso. Vento, frio e chuva forte era agora a combinação imperfeita para a condução de qualquer veículo.                                       Uma longa fila indiana, era o que ali formávamos, tendo à frente o carro de apoio. O atenuante ficava por conta da rodovia, onde ambas as pistas, de ida e ,de vinda, ficavam separadas por um grande canteiro.  ... Então como disse o Peterson ... vamos devagar e um atrás do outro.                       E dê-lhe chuva, vento e frio.                                                                      Lá pelas tantas, o carro sinalizou "parada" e aos poucos fomos parando junto ao acostamento.                                                                 Eu avisei ! ... exclamava o Arli.                    Ninguém escuta !... prá que rodar nestas condições? Não se enxerga nada ! ... amanhã a gente tira de letra esses quilômetros que faltam, complementava.        Em frente, um posto de serviços com algumas luzes acesas.  Celso falou:  vamos tentar negociar com os proprietários a instalação das barracas.  Eu vou lá, se prontificou o Fernando. E lá se foi.          Foi batendo de porta em porta, andou pelos arredores e voltou.  Não há ninguém, disse. Tem uma cuia de mate lá em cima... pode ser que tenha alguém ...   e lá voltamos, agora Fernando, eu e depois o Arli.                Ninguém nas redondezas.  Vamos acampar aqui mesmo, disse alguém.  Amanhã a gente explica, disse um outro,  ao que Celso imediatamente rebateu: pessoal, amanhã a chuva vai ter passado, o proprietário vai chamar a polícia e não teremos explicações. Isso tem um nome, disse:  invasão de domicílio.  Acho melhor desistirmos dessa ideia e tocar um pouco à frente,  tentar um outro lugar, concluiu Celso.                                                             Logo alí deve ter alguma coisa, disse eu, tentando tranquilizar o Arli, e agora também ao Fernando, cuja aparência denunciava estar também atônito.                             
Neste ínterim, Alberi passou um papel na "bolha" (para-brisas) da minha moto, ao que agradeci muito, pois vinha enxergando muito mal .... Estava muito suja, falou o parceiro de Santa Maria.                                                                                                   
O melhor lugar                                                        E silenciosos, retomamos. Nada mudara no tempo, e aos poucos umas pequenas luzes foram ficando mais próximas. Um local de paragem, com restaurante, um bar e uma duas ou três casas.         
          Ingressamos e fomos para a negociação.       
O dono de tudo está ali no bar, disse um senhor, à porta do pequeno restaurante. Fomos lá, Fernando e eu. Explicamos, e o sujeito - bastante gentil, vestindo uma camisa azul,  nos entendeu e falou:  tranquilo, podem montar "las carpas" ao lado da cerca. E lentamente se levantou para nos indicar o local.                                                                                                       
 Quase um banhado, com uma elevação, onde perfeitamente caberiam as barracas ...  " O melhor lugar do mundo, é aqui e agora" .... Pensei logo no refrão da música Aqui e Agora de Gilberto Gil.                                                                        

  E tratamos de retirar algumas coisas da camionete, dos alforges e montar o acampamento.                
    Todos ajudaram a todos e logo as três barracas, de Fernando, Arli, Geomário e a minha, estavam prontas para nos receber.                                        
                                     
   Fabiana ainda me emprestou uma lona amarela, dizendo:  se chover mais forte, esta lona não vai permitir a passagem da água.                                                                                                                                                 
 A chuva dera uma boa amenizada, parecendo até saber que estávamos precisando de um intervalo para a montagem das nossas casinhas.                                        E os parceiros do carro de apoio começaram então a se despedir. Iriam tocar em frente. Nós estávamos a 40 km da fronteira com o Uruguay, portanto, quase em casa, falamos.                           Geralmente, as despedidas são tristonhas, e aquela não estava sendo diferente. Depois de praticamente 16 dias de convívio, estávamos nos separando do quarteto amigo.  Foram poucas as palavras, porém os abraços foram calorosos.   Nos vemos em Porto Alegre; Nós em Rosário do Sul, disse Alberi; Eu vou direto para Rio Grande, disse Fernando.            Espero revê-los em Caxias, ou num encontro de motos por aí, falou Fabiana                  E a camionete se perdeu na escuridão da noite.                                        
                Tudo  montado, agora era hora de ir par o bar agradecer ao proprietário, consumir e relaxar. Foi o que fizemos. 

     Calmos, tranquilos, com muitos sorrisos e esboçando felicidades por estar ali, num bom aconchego. Assim, tratamos de comer alguma coisa e beber umas quilmes.                                                        
   Não havia muita coisa disponível, até pelo adiantado da hora, porém deu para comer gajetas com queijo.                                                            

 


Um velho mapa pendurado em uma das paredes, nos permitiu contemplar as distâncias que havíamos percorrido nos últimos dias, assim como o que ainda nos restava para o final da aventura.                                                  
       Pouco depois da meia noite, as janelas começaram a ser trancadas, em sinal de que o estabelecimento já cumprira com as funções naquele dia, ao que entendemos e tratamos de acertar a conta e irmos para as barracas.                 


      A conta foi paga com "pesos argentinos", por compra que efetuamos junto ao Alberi,  que ainda tinha uns como reserva. Peterson, que tinha outros tantos, repassou para o Arli.                        Bah !, estamos ricos, brincamos. E fomos dormir.                                                                   


                                                                    


Fotos:  vários autores, parceiros de viagem
Relato: Gilberto Cesar


                                                   

Um comentário:

  1. Vi xiii mas que relatos legais..deu zo livre..boraaa. vamooo rodaaaa...kkkkk

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