domingo, 23 de dezembro de 2018

Giro de Moto pela América do Sul - Parte V - Final


Na moto, quando em viagem, uma música sempre insiste em se alojar em nossos pensamentos e, silenciosamente,  entoar-se repetidas vezes e por si mesma. 

  Por Enquanto, letra e música de Renato Russo, era a mentalmente entoada naquele 25 de novembro de 2018.  .... 
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está  . . .

                                                             Estamos indo de volta pra casa  ...
Gilberto Cesar, Porto Alegre Cleto Pacheco,  Bagé 
Nelsi e Afonso, Moto Casal Os Aliens,  Santa Cruz do Sul


Corumbá: a início do retorno



Corumbá, no  "Pantanal Matogrossense", foi o local do nosso primeiro pernoite em solo  brasileiro.
Ali chegamos no final da tarde do domingo, 25 de novembro de 2018, já visualizando algumas belezas naturais ao longo do pequeno trecho, desde a aduana ao centro da cidade. Um grande lago, muita vegetação, enormidade de pássaros sobrevoando árvores e campos e um clima bastante quente e úmido foi o que encontramos na cidade.
Estávamos ingressando, em parte, da maior planície de inundação do planeta e no mais extraordinário patrimônio natural do Brasil.

            Uma pequena busca e encontramos a hospedagem pretendida para aquela noite no Hotel Santa Mônica
      De plano, mantivemos contatos com nosso parceiro, Arli Figueira, em Cochabamba, para saber como foi o domingo e como ele estava:
- Passeei por toda esta cidade, foi a resposta primeira. Quanto ao pessoal do seguro, não mantiveram nenhum contato. Foi o que disse.
        No mesmo instante, ainda que sabedor de que estávamos em pleno final de domingo, enviamos notas para os corretores da Porto Seguro, com obtenção de respostas quase que imediatas:  ...  fiquem tranquilos, o guincho já está a caminho ....
                          Ainda conversamos com Arli outros assuntos e depois tratamos de sair para ver melhor a cidade de Corumbá.
       Dado ao calor, muitas famílias estavam muito bem abancadas em frente das casas, bem ao estilo cidade do interior.

N
a praça principal, agora já noite, as luzes - em postes relativamente baixos -  deixavam  exibir um grande número de insetos de toda espécie e grandezas. Farta era a quantidade desses animais, atraídos pela luminosidade, é claro. Destaque para um grande coreto-  pela sua beleza arquitetônica e notória antiguidade.



Ao entorno da praça, a igreja bem iluminada, com troca de cores na iluminação, compondo parte da decoração de Natal



 








               Um grande número de pessoas estava também ocupando os bancos da praça, outros tantos caminhando pelo entorno e uma criançada corria pelos recantos e passeios públicos.

Depois da caminhada, nos dirigimos para um das equinas, onde um restaurante e burgueria estampava cartazes oferendo seus produtos. Ali, nos alimentamos. Nos demoramos um pouco e tratamos de retornar para o hotel. Hora de  repousar, pois o dia havia sido longo, calorento, com paradas curtas e com uma grande quilometragem.

Voltando à Bolívia para os trâmites de saída.
                               farto café da manhã no Santa Mônica nos prendeu por mais de meia hora e, somado às conversas com brasileiros que também estavam indo para La Paz e depois Deserto do Atacama. Ajudamos a desfazer alguns mitos, quanto às polícias daqueles países, bem como da tranquilidade em, por eles, se rodar.

              E tratamos de novamente cruzar a fronteira, para na aduana e polícia boliviana, sacramentar as nossas saídas, tanto das pessoas quanto dos veículos. 
Aguardando a vistoria de saída
pela polícia boliviana
                        Esse trâmite, no tangente à aduana, foi rápido demais. Na polícia, no entanto, a espera foi mais de hora, visto que o início do expediente começa bem depois do início dos trabalhos  aduaneiros.
                          Tudo pronto, então de volta a Corumbá. Agora, direto para à concessionária da Yamaha efetuar a troca de óelo da Migdnight Star 950.

Na concessionária, Pacheco que também precisaria efetuar a troca de óleo na sua Honda CB 650, consultou da possibilidade, obtendo um positivo do pessoal da recepção. Nada de problemas.
          Assim, ambas as motos receberam "sangue novo" para o  prosseguimento da viagem. Eram mais de 11 horas, com muito sol e calor, quando deixamos a revenda da Yamaha para o recomeço da viagem.






 


Ganhando novamente as estradas. 
             Deixamos então Corumbá, rumando para a BR 262, tendo logo em seguida, em ambos os lados da rodovia, as grandes extensões de terras. Algumas já alagadiças, assim como a exuberância da fauna e flora muito presentes. Isso por muitos e muitos quilômetros.



         Aos 60 km, na localidade de Porto Morrinho, uma parada para reabastecimento, o primeiro desde o  retorno ao Brasil. Almoço foi no restaurante Acuã, oportunidade em que compramos um souvenir do local.



Uma boiada em pleno asfalto. 

   Foi na direção de Miranda, logo na virada do meio dia, e sob um intenso sol, que o diferente aconteceu em plena rodovia: uma grande manada tocada por mais vinte boiadeiros. Com seus berrantes, tocavam o gado em plena pista de rodagem. Obviamente que  o trânsito só não estava quase parado, como todos acompanhavam a andança lerda dos animais. Um animal que outro desgarrava em direção aos campos, descendo as ribanceiras e indo para os matagais laterais da estrada. Lá ia um ou  dois  boiadeiros, cercando, apupando e reconduzindo o animal.
Foi muito interessante cruzar em meio aos bois, em pleno asfalto


Os bois do pantanal
                           

           Foi assim que suportamos a marcha lenta por mais de 5 km, onde o sol e o motor das motocicletas disputavam qual ficaria mais quente naquele ambiente já quase tórrido.
Em um brejo, os boiadeiros foram abrindo clareiras e conseguimos deixar a boiada para trás.

Por volta das 16 horas, nova parada. Agora em  Miranda, cidade que é considerada o "Portal do Pantanal". onde o calor e o abafamento eram consideráveis. No quente asfalto que percorríamos, eram  as belezas do pantanal que continuavam a nos acompanhar, amenizando assim as altas temperaturas ali reinantes.



      Passado isso, fomos ganhando terreno, sempre pela rodovia BR 262. Nova parada em Nioaque, a 372 km de Corumbá e 153 km desde a última abastecida em Miranda

Neste percurso, a definição em desviar da cidade de Campo Grande, a capital, rumando em direção a Dourados, para com isso evitar o ingresso o trânsito de uma grande cidade.


Depois de rodarmos por muitas horas, começou o prenúncio da noite, onde, em plena estrada, pudemos ver os últimos raios do sol sobre as grandes plantações de variadas especies, predominando a soja. Um verdadeiro espetáculo e uma mostra da grande pujança do agricultor mato-grossense. Neste contexto, chegamos à localidade de Maracaju para o pernoite. 
   Do excelente hotel, que leva o mesmo nome da cidade, direto para um bom "espetinho de carnes" feito por um estabelecimento  comercial especializado. A dica fora dos próprios atendentes do Hotel.


A dois dias de Casa.

 Dia 27, a terça-feria, já tomados pela  vontade de estar em casa, acertamos manter o ritmo acelerado, com paradas curtas.

Assim, paramos em Itaporã. Cruzamos pela área central de Dourados e, mais tarde, já beirando as 14 horas, reabastecimento e lanche na cidade de Mundo Novo. Devido ao alto calor, abrimos mãos do almoço, preferindo algo mais leve.
Hora do Lanche de Meio Dia


       
Em pouco tempo, fomos deixando o Mato Grosso do Sul, bem como as suas grandiosas belezas naturais. 
Nos encantou também, em muito, a qualidade das rodovias que cortam aquele Estado. São de ótima qualidade, o que não se consegue dissociar, é claro, do peso da agricultura, cujas safras precisam de boa infraestrutura para o devido escoamento.

 Na fronteira dos estados do Mato Grosso do Sul com o Paraná, o exuberante Rio Paraná os divisa. 
        De um lado ficara Mundo Novo e do outro se apresentava Guaíra.
               
                     Pouco mais tarde, uma grande cidade bem a nossa frente: Marechal Cândido Rondon. Por ela passamos direto, quando então os relógios marcavam 16 horas. Cruzamos por Toledo uma hora depois, e em mais trinta minutos estávamos reabastecendo na cidade de Cascavel.


 Quando a tarde começava a dar  sinais de seus últimos instantes, e quando as placas indicativas da rodovia anunciavam a cidade de Realeza como em sendo a mais próxima, definimos por parar. Adentramos e, sem dificuldades nenhuma, encontramos o Hotel Fratelli. Um bom local atendido pela  família proprietária.


               A cidade de Realeza, que jamais esteve em nossos plano de pernoite, nos surpreendeu muito. Ora  pela farta arborização na praça principal e algumas ruas; ora pela aparente calmaria, limpeza e conservação prediais.                     

       Por algumas ruas, efetuamos boas caminhadas naquele quase anoitecer.


Em um "X Burguer", aproveitamos para efetuar o lanche da noite.


O último dia da Jornada.

      Começamos então o último dia  de deslocamento, bem em conformidade com o  previsto em nosso cronograma de viagem. Era o dia 28 de novembro.  Aproveitamos para madrugar, uma vez que o que o hotel não disponibilizaria o café da manhã. 

Foi na localidade de Salgado Filho, ainda em solo paranaense, quando paramos para a refeição matinal.  Aos 96 km, já em Flor da Serra do Sul, foi que começamos a divisar o Estado de Santa Catarina, com parada em Palma Sola, para reabastecimento e descanso.

Nesse trecho, final do estado do Paraná e início do solo catarinense, a serra é bastante acentuada, com muitas curvas e alguns cenários muito bonitos de serem visualizados. Predomina muito as comunidades rurais,  com a existência de algumas cidades de pequeno porte.


                                Passando um pouco das 11 horas, cruzamos então a fronteira de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, sobre o conhecido Rio Uruguai
            
Foi uma verdadeira festa. Estávamos retornando aos pagos ... de onde, há muitos dias, havíamos saído, ... 26, exatamente ....  Depois de cruzarmos a ponte, sobre o lendário Uruguai .... nos sentimos em casa...   e tal qual um guri, bradou, em plena estrada, o nosso parceiro Afonso dizendo: 
 .....  De volta ...   de volta ao melhor estado desse amado Brasil !

Os derradeiros instantes juntos.                             

Um pouco depois da divisa, nova parada, agora em Iraí. O tempo começara a prenunciar chuvas. O dia ficara escuro e os trovões passaram a ecoar seus sons pelas coxilhas do local.
E veio muita  chuva, a qual nos segurou bastante em termos de velocidade. Todo o cuidado era pouco. 
Uma névoa também se fez presente. Tudo isso até por volta das 15 horas, quando tudo se amenizou.
              
           Passando a localidade de Jaboticaba, paramos  para nos despedir do Pacheco.
Este pegaria a rodovia 158, indo em direção a Cruz Alta até Santa Maria e, posteriormente, a 392 até Caçapava do Sul, para enfim pegar a rodovia  153 até a sua Bagé.
              Nós prosseguimos pela Br 386 até a de cidade de Lajeado, quando Afonso e Nelsi tomaram as RS 244 e em seguida a BR 287 para Santa Cruz do Sul
              DLajeado, segui então solito pela BR 386, pegando mais tarde da rodovia  448, chegando em minha casa  quando os relógios estavam marcando 19 horas na capital dos gaúchos.

                                                       
                       Chegou ao fim, assim, a jornada pela América do Sul. Gratular firmemente a Deus pela oportunidade da empreitada, pelo convívio dos amigos e parceiros, e também pelas  ocasiões e pelas situações que se apresentaram. 
                   Foi, com certeza, uma honra ter liderado este grupo, alternando, muitas vezes, com a  condição de seguidor ao invés de ser seguido. Isso em função do bom time que formamos:  AfonsoAlbertoArli, Daniela, Geomário, Márcio, Nelsi, Pacheco e Telma.
            Sabemos, que nem tudo  sempre sai a contento e, se assim não o fosse, é bem possível que as histórias seriam bem mais curtas ou bem menos interessantes.
                    Agradecer aos familiares e  amigos que nos apoiaram, nos acompanharam e conosco vibraram. 
                                       

     Guardaremos em nós a tudo isso!! 
Temos o asfalto como testemunha!!

Foi um privilégio ter relatado mais uma ousadia motociclística.
Gilberto Cesar Barbosa de Oliveira 
Moto Grupo Com Destino 
 Porto Alegre - RS



Datas das respectivas chegadas :

Telma, em  Macapá, dia 21 de novembro, em razão de compromissos profissionais;
Geomário e Márcio em Macapá, dia 23 de novembro;
Gilberto Cesar, em Porto Alegre dia 28 de novembro;
Afonso e Nelsi em Santa Cruz do Sul, dia 28 de novembro;
Pacheco em Bagé, dia 29 de novembro. Ficara um dia em Palmeira das Missões, em função das chuvas.
Arli em Porto Alegre dia 1º de dezembro. Veio junto a motocicleta em uma Van, que saiu de Foz do Iguaçú para Cochabamba, na Bolívia, para resgate motociclístico,  por meio da Porto Seguro.
Alberto e Dani em Macapá dia 1º de dezembro. O casal, que rodou  11.940 km, foi para Belém do Pará, aproveitando o trajeto para   belos tour e, da capital paraense,  foram  de barco para Macapá. 
 
Fim!    
                        

                   










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