segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Viagem de Moto pelo Brasil - Relato 06




 Relato da viagem que efetuamos eu, GILBERTO CESAR BARBOSA DE OLIVEIRA e ARLI FIGUEIRA. 

Um giro de Moto pelo Brasil, com visita a todas as capitais dos estados e Distrito Federal.
Saída de Porto Alegre: 27/08/2016
Retorno  Porto Alegre: 19/11/2016
Duração da Viagem: 85 dias
Km percorridos: 19.844
Combustível - em apuração
Motos utilizadas: Shadow 600/2003 e Shadow 750/2013



6º Relato
Macapá - Belém - Santa Inês - São Luís 





37º dia

Domingo, 02/10
Em Macapá
                                 Domingo de eleições no Brasil.  
                              Era a vez de escolhermos os Prefeitos e Vereadores.
Portanto, dia de Lei Seca e de vários locais com as portas cerradas, o que nos preocupou bastante, em razão das visitações.

   De manhã, uma passada pela padaria do bairro, onde reside o Clésio, para compra dos ingredientes para o café da manhã.

      Prontos para o passeio pela cidade, fomos saindo com muito calor e o clima de muito abafamento. 

  

 Dul Ci e Clésio precisaram abastecer as suas motocicletas, o que foi feito no primeiro posto em que cruzamos. 

No posto, uma alusão de carinho para com a cidade.

                   E o passeio vagarosamente começou pelas principais avenidas centrais de Macapá. 

Por vezes, o anfitrião indicava locais e lugares de importância turística e histórica. Algumas paradas foram feitas para contemplação ou para maior entendimento sobre os lugares.

                              Culminamos a jornada motociclística na orla da cidade. Ali, o rio Amazonas é soberano.

                                 Macapá é a única capital banhada pelo maior rio do mundo disse-nos  Clésioo orgulhosamente . 

                  Com maré muito baixa, àquela hora da manhã, pouco mais das dez e trinta, diversas pessoas caminhavam no terreno onde, costumeiramente, o rio se encontra. 

                            A lama deixada, pela baixa da maré, servia ainda de campo de futebol para uma "pelada" entre uma gurizada, que improvisara goleiras e tudo.

Rio Amazonas - Estátua de São José de Macapá
Ao longe da ponta da orla, uma estátua de São José de Macapá fica quase sempre em meio as águas. 

No auge da maré baixa, a estátua fica em solo firme, porém lamacento. Isto acontece até que a maré volte a subir, fenômeno que começa a acontecer a partir da primeira hora da tarde.



Fortaleza de São José
Com quase um quilômetro de extensão, um moderno trapiche adentra no Rio Amazonas, de onde é possível se ter uma ótima visão da cidade, da estátua de São José de Macapá, que fica mais distante um pouco, bem como da fortaleza de São José, situada também na orla, a pouco mais de quatro quilômetros.

                                   Obviamente, que estávamos desejosos de pisar na lama do Rio Amazonas, ou melhor, caminhar pelo lugar que o grande rio costuma correr.
Arli, Dul Ci e Clésio

  Fomos então caminhar nas terras do rio.

 A sensação foi impressionante. Uma das melhores.

Recentemente, havíamos navegado sobre o Rio Amazonas. Agora, estávamos caminhando em seu território.  
Gilberto Cesar

   Essa simbologia estava estampada em nossos rostos, expressões e palavras trocadas.

                           Alguns passo a mais e estávamos no pé da estátua, que antes, estava tão distante da beirada da orla. 

                Estar ali foi bastante significativo. Por momentos, chegamos a esquecer o sol,  que deixava tudo muito quente por lá. 
Gilberto Cesar e Arli

                     Fotos e demais registros era o que estava importando naquele momento, e a isto, todos fomos muito atentos, pois a maré em pouco tempo estaria trazendo as águas do rio novamente para a margem.

Bares da Orla de Macapá
Deixamos as águas e nos dirigimos para as proximidades da avenida, local de grande número de bares e restaurantes, que ficam de frente para o rio.

Antonio Braga
Gilberto Cesar
                
No trajeto, um encontro com um motociclista mexicano, o Antonio Braga. Conhecido do pessoal de Macapá, pois já era a sua quarta visita, Antonio nos foi apresentado pelo Clésio.
          O mexicano reside em Oaxaca, cidade que já tive o prazer de conhecer.
Moto indiana 125cc
Disse-nos que, devido a idade, este ano veio em uma moto de menor porte do que o de costume.
Aproveitou para falar de suas demais viagens, assim como nós também o fizemos.
Clésio, Dul Ci, Gilberto Cesar, Arli e Antonio
              Naturalmente, o mexicano passou a fazer parte do grupo, que rumou para um dos bares para escapar do sol e do calor que estava reinando.

  Diva, que se comunicava eletronicamente conosco, ao longo da viagem, apareceu para nos conhecer. Ela mantém fez contatos com a família do Arli, daí nos conhecer, foi consequência. Ficou tempo com o grupo, prometendo ir ao nosso encontro quando da programação da noite.
                     E tratamos de almoçar. 
                As opções, na orla são muitas e bem variadas. Um bom buffe, com peixes e churrasco foi o escolhido.
                     Alberto, nosso parceiro de Oiapoque, veio para o almoço. 
           Desavisadamente, solicitou duas cervejas para uma das garçonetes, que imediatamente lhe entregou o pedido.
A surpresa foi geral, pois estávamos em dia de lei seca.
Ambas as garrafas, foram esvaziadas em questão de segundos e nem se pensou em pedir mais, pois o proprietário quase teve um xilique, ao saber que fomos premiados com duas cervejas. Recolheu bruscamente as garrafas, já vazias.
                                 Terminado o longo almoço, tratamos de começar os passeios da parte da tarde.

De imediato, constatamos que a casa do artesão, ali próxima e que pretendíamos conhecer, estava com as portas fechadas, devido ao processo eleitoral.

Nos dirigimos então para a Fortaleza de São José.

 Nos pareceu fechada num primeiro momento. No entanto, Alberto, que fora um pouco antes, conseguiu permissão e acabamos ingressando no interior da fortaleza.

          Se, externamente o estado de conservação são das melhores, em seu interior a Fortaleza de São Jose do Macapá está muito melhor . 
 Com auxilio dos próprios parceiros, podemos viajar no passado, adentrando nas salas e demais espaços da fortaleza.                     Capela, salas de comando, sala de armas, alguns objetos bélicos, maquetes, plantas e alguns registros históricos foi o que exploramos por ocasião da visita.

  Subimos  ao topo da fortaleza, local onde ficam as guaritas e de onde podemos constatar o quanto a maré já havia subido, ou , voltado ao seu estado normal. 

O Rio Amazonas batia no beiral da orla, jogando, por vezes vez,  águas para o leito da beira mar.

O trapiche e a estátua, 
                
Pela manhã, pudemos caminhar, inclusive ir na estátua de São José de Macapá, agora, era impossível transitar.   

Deixamos a fortaleza já passando das 16h com um sol muito forte. As motocicletas que haviam ficado expostas, estavam prá lá de quentes.    




Uma parada obrigatória, nas proximidades da fortaleza, foi a solução para nos refrescarmos um pouco. 





                            Prosseguindo com os passeios, nos dirigimos para o núcleo populacional de Curiaú, pouco mais de 8 km de Macapá. 


Trata-se de uma comunidade remanescente de quilombos, que ocupa uma excelente e rica área no tangente a recursos naturais.
Os moradores, trabalham  pela preservação da memória dos antigos escravos trazidos o XVIII, para a construção da Fortaleza de São José.
Foram os escravos, que deram origem as comunidades existente nesta área.
             A área, que é de proteção ambiental, tem, em seu conjunto,  um rio, florestas e várzeas que servem de habitat natural para peixes, garças, marrecos, mergulhões e outros animais.

  O Curiaú  é um lugar com grande potencial turístico, porque além das belezas naturais, se pode conhecer mais  da cultura negra, seja por meio das comidas, das danças, ou por meio dos costumes ali preservados.



    Esperamos pelo por do sol e, maravilhados, deixamos as belezas naturais do Curiaú, voltando para as motocicletas e com elas para a região central de Macapá.
             Nos dirigimos para uma das praças, onde os motociclistas tem como ponto de encontro um antigo ônibus. No local, são servidos churrasquinhos, caldos e lanches. 
               Lá se encontravam um grande número de motociclistas da cidade, bem como de outros que estavam a viajar.  
Estes últimos, tratavam de falar  a respeito das suas viagens e nós, é claro, falávamos das nossas. As viagens acabam sempre sendo o nosso referencial. 
Diva chegou acompanhada por sua filha. Nas conservas que se seguiram, ficou marcado um churrasco para a segunda-feira na casa do Alberto, ficando o parceiro Arli no comando da churrasqueira.
                E tratamos de dispersar.

38º dia

Segunda, 03/10
Em Macapá   


Na segunda-feira, dia de trabalho para os nossos parceiros, foi Mari quem nos acompanhou. 
Mari é esposa do Alberto, e por ter trabalhado no domingo de eleições se dispôs, então, a nos guiar para mais um tour pela cidade.
                    A combinação era que por volta das 9h ela passaria, de carro, na casa do anfitrião Clésio para nos apanhar.
                       Tudo certo, tratamos de pegar o Antonio Braga, o mexicano, no hotel onde o mesmo estava hospedado.

Dul Ci, no Santuário
Passamos  pela orla, pela fortaleza, outras avenidas centrais, Santuário Nossa Senhora de Fátima e rumamos para o Marco Zero.
Por ser segunda-feira, o local estava fechado, o que nos permitiu tão somente algumas fotos externas do marco.
O sol muito forte impediu uma boa nitidez nas fotos
  Em meio a rodovia que passa em frente, existem placas indicando de que se está exatamente no meio mundo. De igual forma há outras referências de Macapá, a capital do Meio do Mundo.
                                                  

Marco Zero
   Em frente ao Marco Zero, o estádio de futebol, o Zerão, também foi visitado por nós.
A curiosidade deste estádio fica por conta de que a linha do equador passa bem ao centro do gramado, deixando o campo divido. 
      Uma equipe sai jogando no Hemisfério Sul e a outra no Hemisfério Norte. Depois, com a troca de lados, nos pós intervalo da partida, a situação se inverte.

                De volta ao centro, a Casa do Artesão foi o local apreciado por nós. No local tem bastante arte e cultura amapaense, retratados por meio de trabalhos artesanais em cerâmica, madeira, argila, pinturas, pedras, minérios, cestarias e tantos outros. 
                          Além da apreciação dos trabalhos ali expostos, é possível a aquisição de produtos.

 O tour da manhã se encerrou com a visita à Igreja São José de Macapá, um dos  prédios mais antigos da cidade.  A igreja chama a atenção pela sua arquitetura e pela simplicidade em seu interior.
Do centro fomos para o almoço. 
                 Por sugestão da Mari, o almoço se deu na cidade de Santana, a mesma do porto Grego, onde chegáramos de balsa.

 Uma peixaria e um açaí de primeira qualidade eram as referências que  nos levaram para aquele local  da grande Macapá.
Mari falou que o local era tradicional e que toda a turma costumava ir almoçar por lá.

  Ao longo do almoço, nos rendemos aos argumentos antes apresentados. O local era formidável, o acaí gostosíssimo e o peixe simplesmente um sabor só. 
Deixamos a cidade de Santana e voltamos para o centro de Macapá. Dul Ci  preferiu ir para casa, com o propósito de descansar, sendo levada por Mari.  
Arli e eu ficamos na área central para, a pé, continuarmos o passeio.
                      Andamos por diversas ruas; fomos aos correios para despachar mais uma caixa com souvenirs; visitamos alguns prédios históricos e voltamos para orla.
   
No trapiche, logramos o quase 1km de extensão e conseguirmos ir até o final do mesmo.
                    
  Na orla, aproveitamos para efetuarmos um lanche em um dos bares e assim presenciar a movimentação de final de tarde, bem como descansar da caminhada empreendida nas visitas.

                  O fim da noite foi com um grande churrasco na casa do Alberto, conforme a combinação no domingo.

             Antes dos comes, uma sessão com as primeiras fotos da nossa empreitada - ida e volta - para o Oiapoque, foi projetada pelo nossa parceiro Alberto

Diva, Dulci, Arli e Alberto
 Diva, assim como alguns outros motociclistas amigos de Alberto e Clésio Galvão estiveram presentes.

       Pilotando a churrasqueira, Arli Figueira apresentou um excelente churrasco.
Normal é o próprio assador escolher a carne e seus apetrechos, para assim apresentar um bom churrasco. Não foi o caso aqui, onde Alberto já havia adquirido tudo. E soube escolher!
                                      Encerramos a grande noite festiva com os amigos de Macapá, sempre muito receptivos e extraordinariamente parceiros. 
Uma alegria e tanto foi estar em meio a eles
.

39º dia

Terça-Feira, 03/10
Deixando Macapá
                       
                         
 Hora de deixar a acolhedora Macapá e rumar para a próxima capital da agenda: Belém.
                         Com embarque previsto para as 10h, acertamos sair bem cedo para assistir o nascer do sol na orla que, segundo Clésio, é um dos mais bonitos do mundo.
                    Na sequencia, faríamos um café, em algum lugar, e  depois a visita ao Marco Zero, que na segunda-feria esteva fechado. 

Chegamos bem cedo na orla. Eram 5h30 quando deixamos a residência do Clésio, acompanhado por ele para a jornada do por do sol.
        Algumas pessoas já estavam caminhando  pelo entorno e o clarear do dia começava a dar seus sinais.
Em pouco tempo, começou o espetáculo:
o sol nascendo sobre o rio Amazonas
Um lindo cenário que já estava sendo fotografado também por um bom número de turistas.
Clésio, Gilberto Cesar, Arli e Dul Ci


 A apreciação, durou um bom quarto de hora, quando, então, começamos  a nos organizar para tomar o café da manhã. Depois, Clésio iria para o seu trabalho e nós para o marco zero e de pois ao embarque.



Café, em uma lanchonete
Rodamos um bom tempo, indo, é claro, em direção ao Marco Zero, que seria o ponto a ser visitado, após  o café.

                    Foi durante a refeição matinal que recebemos a informação sobre o nosso barco e um possível atraso de 7 horas. 
              O primeiro momento foi de espanto, porém num segundo, um alívio, pois poderíamos efetuar a visita ao Marco Zero com muita calma, sobrando ainda bastante tempo para outros passeios.
Museu Sacaca, falou Clésio.
A Fazendinha, complementou o Arli.                                   
                     Com muita tranquilidade terminamos o café da manhã, nos despedimos do parceiro, e o mesmo avisou que estaria no porto às 17h , e rumamos para o marco zero              
Ainda não eram 8h, o que nos fez esperar um pouco sob um sol matutino castigante. Sombras das árvores, próximas dali , nos serviram de abrigo.
                                 Abriram-se as portas e lá fomos nós. Um atencioso guia nos acompanhou por todo o trajeto, insistindo muito para que deixássemos os registros fotográficos para o final da caminhada, ao que atendemos.
                                     
 O marco, tem lá a sua grande importância, no que diz respeito à demarcação dos hemisférios. No entanto, mais significativo ainda, para a cidade, é que com este evento permanente ganha muito na questão do turismo. 

Macapá é única capital cortada ao meio pelo Hemisfério Norte e pelo Hemisfério Sul.

Explorados os espaços, cientes da história da construção  do monumento, bem como da importância geográfica e histórica, partimos para os registro fotográficos.

 Do Marco Zero, voltamos para o centro da cidade para visitarmos o Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva.   Porém, o mesmo encontrava-se fechado para reformas.


Então...Museu Sacaca. 
O museu conta com um grande circuito de visitação a céu aberto. Também pesquisa e preserva o saber popular dos povos da amazônia.

  

São as próprias comunidades que constroem os espaços expositivos, colocando neles aquilo que lhes é peculiar. A exemplo, foram os próprios índios que reconstituíram as suas habitações e retrataram os seus costumes. De igual modo, também as comunidades ribeirinhas participam quando da mostra do castanheiro, e por aí adiante, com as comunidades extrativistas e as produtoras de farinha.
                                                   
Esgotada a visita, tratamos de partir para o almoço.  O distrito de Fazendinha, 16 km do centro de Macapá, seria o escolhido.

Para chegar, nos socorremos com informações por parte de algumas pessoas. Um casal, que também estava indo para lá, nos guiou até a Fazendinha.
        Nadabe e Patrick, o referido casal, também nos indicou o restaurante, sugerindo o mesmo em que iriam almoçar. Travamos uma ótima conversa com eles, muito em cima da nossa viagem. Ela, que estava saindo do recente pleito eleitoral, tendo não sido eleita, mas disse estar muitíssima fortalecida, dado o aprendizado e conhecimento adquiridos.

Restaurante O Veleiro

Os proprietários, inclusive, sugeriram que as três motocicletas ficassem no interior do restaurante, muito mais em função do sol quente, e menos pelas bagagens que carregavam.
            O almoço aconteceu em frente ao estabelecimento, em barracões a beira do rio.
Dul Ci aproveitou  o ensejo e fez amizade, conseguindo um colchão para  tirar  um cochilo no pátio da casa.
                    Arli e eu ficamos conversando e esperando o tempo passar, pois afinal faltavam ainda duas horas para o embarque.                

A hora passou e tratamos de rumar para o porto da cidade de Santana, muito próximo dali.

No porto, as coisas fervilhavam.
     Gente para todos os lados; cargas sendo carregadas; algumas gritarias; um calor danado e muita agitação.

Efetuamos os trâmites de passagens e de embarque das motos, e ficamos esperando., pois a carga de Açaí, que gerara todo o atraso, ainda estava em fase de desembarque. 
O açaí é um dos principais produtos, cuja riqueza, em função da safra, faz quase tudo parar ou esperar. Foi o que aconteceu conosco. Mais uma hora de atraso foi a previsão dada.
Navio Ana Beatriz IV
              O navio já recebia também os passageiros. Era visto por nós de longe, uma vez que aguardávamos a ordem de embarque das motos. 
Junto conosco outros dois motociclistas aguardavam a hora  do embarqueBruno e Edson, ambos paulistas, . 
                        Clésio, o nosso parceiro, chegou em seguida e aproveitou a oportunidade para saber da viagem dos paulistas, pois haviam se comunicado pelas redes sociais.
            E o porto continuava a receber mais pessoas, mais cargas e a hora correndo, tal qual aquele povo todo.
                      Por várias vezes, nos revezamos indo até a área de controle de passeiros e cargas, instalado em frente a embarcação, para saber da autorização de embarque das motos. Nosso desejo era de que as motos fossem as primeiras a embarcar, o que facilitaria a manobra de acomodação e estacionamento. Com muita carga, isso ficaria um pouco mais difícil. 
Numa dessas idas, um burbúrio e correrias. Um caminhão estava com dificuldades para embarcar em um outro barco. Os pranchões haviam se quebrado com o peso do veículo. 
O corre-corre durou por mais de meia hora, quando então tudo ficou bem.
As 18h recebemos a autorização para embarque das motos. 
                    Nos despedimos do nosso amigo Clésio Galvão, muitíssimo agradecidos pela gentileza, camaradagem e parceria.

            Fomos então nos direcionando para a plataforma - dois pranchões - o mesmo estilo dos que já havíamos passado nos barcos anteriores.
Antes, um pouco, os paulitas  solicitaram que os pranchões ficassem juntos um do outro, de modo a ficar melhor a dirigibilidade.
    Do alto do Ana Beatriz IV, uma centena de olhos fulminavam o nosso ingresso  no navio, exigindo maior atenção, para não darmos nenhuma mancada naquela manobra.

Tratamos de nos  acomodar no navio, já completamente tomado por redes.
Vistoriamos os compartimentos dos passageiros e os três andares estavam lotados.
     Dul Ci preferiu ficar no primeiro, ainda que muito próximo dos motores da embarcação. 

   Arli e eu nos aventuramos no terceiro andar. A lotação era tamanha, que resolvi me acomodar também no primeiro andar, apesar do barulho das máquinas.
Neste trecho, vimos e sentimos bem de perto o que são as viagens pelo Norte, via embarcações fluviais.
Rapidamente, ficamos sabendo da super lotação, muito em função do Círio de Nazaré, prestes acontecer em Belém.

                                E o Ana Beatriz IV foi deixando o Porto do Grego, ganhando a imensidão do Amazonas, agora, com uma boa brisa batendo e ventilando os compartimentos.
                     Chegou o final da tarde...e com ele a hora da janta. Depois, caiu a noite. 
                                 Em suas redes, uma multidão ficou a espera do sono. Outros poucos, até porque o ambiente era pequeno, foram para o bar. Eu ainda fiquei por um tempo conversando com passageiros na proa da embarcação.
    Terminava assim, mais um dia.

                 
                                  

     
  40° dia

Quarta-Feira, 05/10
No Navio, rumo  a Belém               


A manhã da quarta começou muito cedo no Ana Beatriz IV. 
Com a chamada para o café, por volta das 5h30, a peregrinação para o refeitório foi enorme. 

Havia fila para os banheiros. Havia fila para o refeitório.
Uns outros se dirigiam para as laterais do navio, com algumas sacolas nas mãos. 
Em pouco tempo fiquei sabendo que se tratava de doações para os ribeirinhos.

Neste trecho, me falou Mayara, uma jovem passageira, é costume as pessoas efetuarem doações de alimentos, roupas, materiais de higiene e brinquedos para crianças . As pessoas jogam as sacolas no rio e os ribeirinhos  vêm até as proximidades das embarcações maiores, em seus pequenos barcos, para pegar as sacolas, concluiu a jovem.
             
E foi assim por muito tempo. Sacolas sendo jogadas e pessoas vindo pegar. 

Como ainda tínhamos alguns pacotes de bolachinhas e algumas barras de cereais,   também tratamos, mais tarde,  de embalar para lançar ao rio em uma outra comunidade.            
                         E tratamos de tomar o café da manhã. Dul Ci e eu, fomos juntos, Arli foi bem mais tarde. 
Tem muita gente, argumentou por duas vezes o parceiro.

       
Terminado o café, várias pessoas foram descansar na parte superior da embarcação. Alguns registros fotográficos do rio, da embarcação e self's foi o que se viu.

 Por volta das 11h o compartimento do bar estava lotado. 
               O DJ estava animando e animando. Muitos se embalavam.
 - Falta muito pouco para chegarmos na terra do Círio ... dizia o DJ.
-  faltam 8h horas
- O Círio de Nazaré nos espera ...
                O sujeito falava demais!                                      
                       
 Lá pelas tantas, falou o DJ:   é uma honra ter a bordo um nobre senhor. 
Se referia a um antigo tripulante de uma aeronave comercial que caíra no trecho Belém - Santarém, isto a alguns anos atrás.
         O citado senhor acenava, bebia, chorava e se lamentava.
 Soube depois, que na noite anterior esse diálogo já havia acontecido e a cena teria sido semelhante. Ou seja, o senhor chorava sempre.

                Na localidade Curralinho, o Ana Beatriz IV fez uma parada. 




No porto, a espera pelo navio era enorme, e a movimentação se assemelhava em muito ao que já víramos nos portos anteriores.


     Ali desembarcaram algumas pessoas, as quais foram tranquilamente  substituídas por muitas outras,  assim como algumas outras cargas foram embarcadas.

                   
Local para cargas ... as nossas motos e redes 

 Com isso, o local destinado para cargas virou local também para muitos passageiros.
    Dul Ci e eu, que já estávamos nesse compartimento, acabamos ganhando um monte de outros companheiros de viagem.
   Todos para o Círio, justificou alguém da tripulação.

    Neste porto acabei comprando
dois pastéis, substituindo o almoço.                   Primeiro, porque o cardápio não era dos melhores (arroz feijão, massa e um pedaço de carne) ou porque já o havíamos saboreado por inúmeras vezes. 
           Segundo porque as filas eram enormes.

               Terceiro, porque eu gosto muuuuito de pastéis.


O sistema da compra funcionou da seguinte maneira: o vendedor mandou os pastéis  dentro de um saco plástico, içado por uma taquara. 
Retirei os pastéis, e coloquei a respectiva quantia na sacola. Se houvesse a necessidade de troco, a sacola voltaria novamente para eu pegar o troco.
                  Foi nessa que o vendedor, entregando o produto a uma outra pessoa, quando a sacola retornou a ele, uma nota de dez reais caiu no rio ao tentar retirá-la da mesma.


Vários ficaram olhando, para desespero do rapaz que tentou de várias formas recuperar a nota, que vagarosamente  se afastava do pier. 

 O navio saiu, o cliente perdeu o troco de um real e o vendedor ainda estava tentando pescar a nota no rio.

               Mal deixou o porto, e o Ana Beatriz IV, diminuiu bastante a velocidade. Vários olhares para o rio, de onde uma embarcação de pequeno porte trazia mais passageiros. Sim, mais passageiros.





Todos para o Círio, falou um dos que estavam debruçados a olhar para o rio.

                        
E continuou a viagem.  Veio o horário de amoço, e como já estava devidamente lanchado com os pastéis, fiquei poupado das filas.     Algumas pessoas, que retornaram do almoço,  já ocupavam suas redes novamente e aproveitando para ocupar o tempo que ainda restava de viagem.

No rio, a movimentação de cargas       continuava 
intensa. Vários foram os barcos que cruzaram pelo navio. Os mais diversos tipos de cargas eram assim transportadas naquela via fluvial.
        Quase todos na direção de Belém.

A tarde, mais uma comunidade ribeirinha. Novamente várias pessoas jogaram sacolas ao rio.
Aproveitei para também jogar a sacola com as bolachinhas e as barras de cereais que havia separado para tal.


/
 Na localidade de Barcarena, muito próximo de Belém, o navio não fez parada, porém alguns passageiros ainda foram embarcados, utilizando-se  o mesmo esquema: o navio diminuiu a marcha  e nele dois pequenos barcos encostaram.
             Faltava pouco mais de duas horas para o destino final.
             Algumas pessoas já começam a esboçar sinais de desembarque, recolhendo e guardando  seus pertences.

 
O  navio balançou bastante em um determinado trecho, bem ao entardecer. Rapidamente, os mais experientes, trataram de falar que estávamos atravessando a Baia dos Vieiras

...   Aqui é sempre assim, tudo fica balançando, ... falou alguém.
....   Um outro complementou: em seguida estaremos chegando em
 .....  Belém! Hora de arrumar as coisas, ... complementou o mesmo informante.
                          Em pouco tempo, lá estavam  as luzes de Belém.



- Muito grande essa cidade, falou uma senhora, já com seus pertences em mãos.



 



Nós tratamos de nos aproximar das motos.
                           

O navio foi direto para o terminal de passeiros, e foram estes que, demoradamente, desembarcaram.
 Depois de um longo tempo foi que a embarcação começou a navegar para o terminal de cargas. 
 Foi um lento e longo  navegar, até que por volta das 20h começou o nosso desembarque, parcial, posto que a maré estava muito baixa em relação a plataforma portuária.

  Sem chances de desembarcar as motocicletas, avisou o comandante. Terão que esperar a maré subir e isto vai se dar lá pelas 3h da madrugada, ... complementou.
          Como assim?...  perguntamos.
           Bem assim..... respondeu!!
Maré baixa em relação a plataforma 

Fiquem aqui no barco,  ou deixem as chaves que nós retiraremos os veículos. 

Tratamos de descer e nos orientar como o nosso anfitrião que já estava no porto a nossa espera.




E descemos em Belém,
a nossa 10ª Capital.
                                             

Com o Alencar, nosso anfitrião, trocamos cumprimentos e apresentações.
                                        Rapidamente,  saiu nos tranquilizando e disse: isto é normal. A maré volta ao normal aí pela madrugada ficando assim até por volta das 8h. 
      Vamos sair para jantar. Depois resolveremos como fica.
         Frente a isso, saímos então para jantar, tendo Alencar como condutor, uma vez que o mesmo viera em uma camionete.
  Num bom restaurante, e com o bom conhecimento do anfitrião,  caldo com peixes foi o que jantamos.


Alencar, Gilberto Cesar, Arli e Dul Ci
Nas conversas, além de falarmos da viagem, também acertamos a agenda de visitas para o outro dia.
Ficamos acertados que eu ficaria no navio, devendo retirar as três motocicletas quando a maré estivesse subido o suficiente.
                  De volta para a área portuária, me despedi dos parceiros Arli Dul Ci, que foram para a casa do Alencar prometendo, todos, voltarem às 7h para retirarmos as motos.
                                        No navio, tratei de armar novamente rede, conversar um pouco com  os membros da tripulação e também com os outros proprietários de veículos que se encontravam na mesma situação.
Os motociclistas de São Paulo optaram por ir direto para um hotel, cuja reserva já haviam feito. Voltariam na madrugada ou pela manhã para a retirada das motos.
Fechou assim a noite no Ana Beatriz IV.  Tratei de dormir.


41° dia

Quinta-Feira, 06/10
Em Belém   
                        
Em plena madrugada, a movimentação dos homens da tripulação avisando uns aos outros de que a maré já estava no nível ideal para o desembarque, foi o suficiente para que eu também despertasse. Eram 3h15m.
                    Uma pequena espera para dar início ao desembarque, em função de que o comandante ainda não havia chegado ao local, pois estava em sua cabine.  
                Chegado o comando, a operação começou. "Primeiro as motos"... falou. Ufa!

                E lá fui  eu retirar as nossas três motos e também as motos dos paulistas, a pedido do comandante, que acompanhou a empreitada. 

 Depois começou o desembarque dos automóveis. A operação foi tranquila, dada a experiência da tripulação.  


Falou o comandante, que fora bem interessante um de nós ter ficado, pois manejar motocicletas de grande porte não era o forte da equipe. Iríamos empurrar uma a uma disse ele.
                     Feito isso, voltei para a rede, pois ainda faltavam muitas horas ate que os parceiros chegassem ao porto.
                                  Pouco antes das 8h, chegaram Arli,Dul Ci e Alencar. Este último, agora não mais com trajes de motociclista, e sim com as roupas de trabalho.
Rápida conversa e Alencar se despediu indo trabalhar. 
        
      Cada qual pegou a sua motocicleta e  assim deixamos o porto de Belém.          

Na saída do porto, ainda cruzamos pelos parceiros de São Paulo, que estavam chegando para também retirarem as suas motos.

Com as coordenadas na mão, fomos rodando para Ananindeua, município da Região Metropolitana de Belém, onde reside o parceiro  Alencar
                        O trânsito da cidade, aquela hora, estava muitíssimo lento. Um anda e pára, que somado ao calor reinante, fazia com que os motores das motocicletas chegassem quase ao limite do suportável, de tão quente que estavam. 
Com o monte de bagagens e largos alforjes, impossível andar em meio aos veículos.
Foi dureza percorrer os quase 18 km que nos levaram para Ananindeua.
                          Já na casa do anfitrião, desfizemos-nos dos trajes motociclísticos e de algumas bagagens, tratando de sairmos para os passeios na cidade.

 
Hora do Turismo em Belém.

 Deixamos as motos e de ônibus nos               dirigimos para o centro da cidade.



Começamos pelo Mercado Ver-o-Peso, que é um dos cartões postais da cidade. 
A grande feira se compõe de mais de uma centena de barracas, com produtos de toda a espécie: peixes, artesanato, ervas, temperos, frutas e outros produtos regionais. 









A casa das onze janelas, palecete histórico que no passado foi residência de um dono de engenho, sendo , mais tarde , transformado em Hospital. Hoje é ponto de turismo.
Arli, Dulci e Gilberto Cesar
                           Uma pausa para o almoço no interior do mercado Vero-o-Peso, em uma das movimentadas bancas de alimentos. Feito isso, recomeçamos os passeios por Belém.

            O Forte do Presépio, antigo reduto militar, guarda em suas  muralhas algumas peças de artilharia. O forte abriga também o Museu do Encontro.
Este espaço de memória conta um pouco da colonização portuguesa na Amazônia, apresentando também diversas peças em cerâmica marajoara e objetos indígenas.

A Estação Docas, complexo turístico, cultural e de eventos, está composto de três armazéns revitalizados do antigo porto da cidade.
  O armazém 1 abriga as artes; o armazém  2 abriga a gastronomia e o 3 abriga as feiras e exposições.
            O complexo, inaugurado no ano 2000, tem sido referência nacional para futuras revitalizações de outros espaço portuários em nível Brasil. 

Na Praça da República, o Teatro da Paz é quem chama  as atenções. 


  O grande teatro construído em 1878, período áureo da borracha, apresenta uma concepção arquitetônica italiana, mais precisamente uma inspiração ao Teatro Scala, de Milão.

Mas Belém estava vivendo, praticamente, somente o Círio de Nazaré, uma das  maiores festas católica do Brasil.           
E neste ritmo, inúmeras vitrines, lojas, escolas, ruas e avenidas estampavam faixas e cartazes de saudação à Nossa Senhora de Nazaré e ao evento.
As romarias já haviam começado. As apresentações na Basílica também. Um grande número de pessoas já participava das missas que antecedem o grande evento. O Círio conta também com outras atividades de devoção, tais como a romaria fluvial, peregrinações e atividades na praça nazarena.                                       
      Indo para a Basílica, cruzamos por uma dessas manifestações, quando a Polícia Rodoviária Federal fazia o translado de uma imagem de Nazaré para a igreja.
                          
 


Com a noite começando a chegar, tratamos de pegar o ônibus e voltar para Ananindeua. A ideia foi escapar, um pouco, da hora do pico, com a volta dos trabalhadores e estudantes para as suas casas. Em pouco tempo, ônibus e trânsito estariam recebendo um grande contingente de pessoas e veículos, respectivamente.
Foi um dia longo e produtivo em Belém. Caminhamos muito para lograr as visitações. Por sorte, o centro pode ser visitado a pé, o que permite visitar os principais pontos turísticos e outras atrações da cidade.
           Na casa do anfitrião, Alencar e Araceli nos receberam com um ótimo jantar, oportunidade em que falamos dos passeios sugeridos a nós.

42° dia

Sexta-Feira, 07/10
De Belém 
para Santa Inês  


 
Hora de deixar Belém e pegar a estrada.  
Muito cedo começamos a preparar as bagagens, que ainda precisavam ser colocadas nas motocicletas. 
Alencar alertou para o fato de que viajaríamos com o sol forte em nossa frente até ao meio dia. Isso dificultaria a dirigibilidade e leitura de algumas placas de trânsito. 
Alencar, Arli, Dul Ci  e Gilberto Cesar


Nos despedimos de Alencar, agradecendo pela recepção, pela acolhida  e pela parceria.

E todos para a estrada.
          
No deslocamento, cruzamos por algumas cidades da região metropolitana. Por mais de hora cruzamos por diversos grupos de romeiros que, a pé, estavam se deslocando em romaria para o Círio.


Logo ingressamos na rodovia BR 316 e, quase com duas horas de rodagem, tratamos de parar  pra um descanso e um lanche.
        Em Castanhal, o restaurante da Vovó foi o local da parada.
 Ao longo do lanche, tiramos a estratégia para o restante da viagem do dia.
             Dul Ci alertou para a necessidade de rodarmos bastante, pelo fato de que precisava chegar até a cidade de Bacabal para o pernoite. Portanto, poucas paradas e velocidade na média de 110km, foi o que acertamos.
Bacabal dista 100 km além de Santa Inês. Por questão de rota, nós ficaríamos em Santa Inês, para posteriormente irmos para São Luis, no Maranhão. Dulci iria direto para Recife, a sua terra.

Na falta de sombra,
uma parada de ônibus ajudou ...
                       

Mas parar e descansar  fez parte do trajeto. 

Por vezes, uma água para refrescar foi a solução para  amenizar o calor e o sol forte  que nos acompanhava e não dava trégua. 

Bem mais adiante, um novo abastecimento. A parada foi rápida, somente a minha Shadow 600 foi abastecida, isso na localidade de Santa Luíza do Pará. 
         
De volta para a estrada, uma nova parada. Agora por questões de tráfego em meia pista, devido a realização de obras na rodovia.

A preocupação com relação ao horário, começou a inquietar, posto que já havíamos feito duas paradas fora da programação.

Voltamos a rodar mais acelerados, tentando ganhar algum tempo em relação às paradas d'antes.
     Mal havíamos cruzado a cidade de Cachoeira do Pará, quando o Arli me ultrapassou, gesticulando e indicando para o pneu dianteiro. Pelo gesto, indicava que a roda estaria "dançando".
Olhei e indiquei parada rapidamente.
 Pneu furado, ....  foi a constatação.
Como o ar da câmara ainda não se esvaíra, imediatamente foi colocada a vacina tapa furo.
Foi uma lambança. Na correria, a ponteira escapuliu da válvula e saiu espuma para todos os lados.  A quantidade colocada deu para encher um pouco o pneu, ficando o mesmo com boa calibragem. Comemoramos e voltamos a rodar.
Borracharia Santo Expedito

Uma propaganda, em  um pneu, indicava uma borracharia. 
Mas logo ficamos sabendo que o borracheiro havia indo embora do povoado, ficando somente a indicação à beira da estrada.
Dulci, se informado de borracharias



" Voltem dois quilômetros e  lá vão encontrar uma borracharia", indicou um motociclista do local.


E lá voltamos e,  realmente, encontramos uma casa onde funcionava uma "espécie" de borracharia, sem no entanto haver placas indicativa.
 O borracheiro olhou...pediu para concluir o seu almoço... e depois trataria de consertar o pneu.
  Voltou...olhou novamente e falou: os borracheiros são eu e meu irmão. Ele está nas lidas com o gado. Vocês terão que esperar algumas horas. Se quiserem ir em frente, nas proximidades da divisa tem uma outra borracharia, É questão de 20 km.
Preferimos encarar os quilômetros que nos separavam da divisa dos estado do Pará com o Maranhão. Rodamos dez quilômetros e mais uma vacina no pneu.
Faltando uns três quilômetros, o pneu arriou de vez.
Lá paramos novamente.
   
Vão vocês na frente e falem com o borracheiro, falou o Arli.
Insistimos que faltava muito pouco. Era questão de rodar bem devagar.
Eu espero aqui, retrucou o parceiro.
A borracharia  Pacheco
Fomos, euDul Ci, em busca do borracheiro. A poucos metros, uma placa indicava a borracharia.
          Falamos com o profissional que disse não ter guincho e que se estávamos próximos da policia rodoviária, daria sim para vir rodando, mesmo sem nada de ar.

      Deixa que eu vou lá e trago o Arli, disse Dul Ci.


Voltou, e em poucos
minutos ambos estavam chegando ao local para o conserto do pneu.

Lauro, Santo e Arli

Lauro e Santo (sem o "s"), foram os borracheiros que trabalharam. Como o aro apresentava um amassado de média monta, umas pancadas foram dadas, de modo a minimizar o sulco entre o aro e o pneu.
Dul Ci, que rapidamente se enturmou, já adentrou e ficou de prosa com a esposa do Pacheco, o proprietário do estabelecimento.

          A câmara reserva foi utilizada, até por questões de prevenção. 
        Era a segunda vez que a moto do Arli furava pneu. Em Londrina fora o traseiro, agora em Gurupi, o dianteiro.


     Com tudo certo, tratamos de ir para o almoço bem na divisa, a uns três quilômetros da borracharia. Sol e calor,aquela hora da tarde, 13h30, estavam castigando demais.

Placas mal cuidadas, amassadas e enferrujadas, indicavam a divisa dos Estados do Pará com o Maranhão. Passando a ponte, estava o município de Boa Vista de Gurupi.
                                 Almoçados, voltamos para a rodovia. Sempre de olho no relógio e no velocímetro, de modo a lograr a distância com rapidez.











Em Junco do Maranhão, uma nova parada. Pelos cálculos, seria o último abastecimento antes do destino: Santa Inês.
                    Foram vários os municípios maranhenses pelos quais cruzamos. Na grande maioria, a rodovia os corta ao meio, o que permite uma visão geral das comunidades.

Em Santa Luíza  do Paruá, uma grande estátua se destaca numa homenagem à santa que empresta o nome ao município.





Em Nova Olinda do Maranhão, um refresco na lanchonete de um posto de combustível e Dul Ci aproveitou a oportunidade para abastecer sua motocicleta.

Restavam ainda pouco mais de 100 km para nós e perto de 200 km para a Dul Ci. Então, rodar foi a ordem.

Zé Doca e Bom Jardim foram os últimos municípios pelos quais cruzamos antes do trevo de Santa Inês.


Na entrada da cidade a parada e o fim da jornada juntos.

Nos despedimos depois de quatorze dias, juntos, em  viagem. 


Como as despedidas são sempre cheias de emoção, tratamos de nos dar um breve até mais, posto que a grande parceira ainda iria nos receber na sua Recife.



Dulci, rumou para Bacabal.

Nós ingressamos na cidade e tratamos de buscar um hotel para o merecido descanso.








43° dia
Sábado, 08/10        De Santa Inês para São Luís  
                           
 
Hotel em Santa Inês
 

             Com bastante calma, fomos deixando o Novo Hotel, na cidade de Santa Inês.
       Até São  Luís são pouco mais de duzentos e cinquenta quilômetros.
     Essa quilometragem, considerada pequena, nos permitiria chegar antes do meio dia.       Frente a isto, combinamos, com nosso parceiro e anfitrião, Falcão Negro, nos encontramos ao meio dia na entrada da cidade. 
Igarapé:  faltando 225 km até São Luís
      
                        Aos 26 km uma parada na cidade de Igarapé do Meio para aperto de bagagem. 





Aos 42 km, uma outra parada. Novamente o pneu dianteiro da moto do Arli começava a murchar.
Estávamos em um povoado pertencente ao município de  Vitória do Mearim e, por sorte,  a 1 km de uma borracharia. 
Borracharia e Venda de Doces e Salgados
Nos dirigimos para lá em busca de conserto.
Tirada a roda, pneu e  câmara, a constatação foi de que o furo estava na mesma imediações do furo da outra câmara.
O exame no pneu


Isto levou o borracheiro a um exame mais aprofundado no pneu, chegando a um pequeno rasgo de pequeníssimo tamanho. Era ele quem estava mastigando as câmaras.

Remendo na câmara e reforço no  pneu , com um pedaço de uma outra câmara, e tudo resolvido.

Com uma hora de atraso e, para complicar um pouco mais, os diversos povoados pelos quais cruzamos, possuíam de três a quatro quebra-molas, o que não nos permitia avançar na velocidade. 



 De Santa Inês até São Luís, foram mais de trinta povoados que são cortados ao meio pela estrada.   



Por outro lado, a rodovia por vezes  mais parecia um local para  animais, do que ora automóveis. 





Foram diversos os que vimos passando, adentrando ou pastando nas proximidades.

Uma grande boiada, também nos reteve por alguns minutos.
            
Alex e Gilberto Cesar

No entroncamento São Luís / Teresina, uma parada para abastecimento. Nele uma boa conversa com Alex, um motociclista de São Luís. O parceiro se ofereceu para nos guiar até a cidade, muito embora ainda faltasse uns bons  quilômetros.  Agradecemos e o liberamos, até porque o mesmo estava em seu automóvel e com alguma pressa.
                 A partir desse ponto, o cenário começou a mudar radicalmente. As cidades eram bem maiores A rodovia deixou de ter tantos quebra-molas ou controladores de velocidade. Com isso conseguimos empreender uma velocidade boa e contínua. 
                               Foi com mais de uma hora e meia, que chegamos em....

São Luís - 
a nossa 11ª Capital

                     Lá estava o parceiro Falcão Negro, presidente do Moto Clube Anjos da Ilha.


Falcão, Gilberto Cesar e Arli

                Nos desculpamos e apresentamos as nossas razões pelo atraso.
                        
                         

       Sob um sol intenso, começamos a rodar pelas avenidas da capital, tendo o parceiro Falcão à frente, e por direção primeira a sede do         Moto Clube, "O Ninho das Águias" local da nossa hospedagem.


Na sede do Águias da Ilha
Falcão é experiente motociclista, com viagens pelo Brasil e Argentina.
Ele nos falou das atividades sociais que o Moto Clube desenvolve, estando, inclusive, naquele momento, acontecendo  a entrega de brinquedos para crianças carentes, dado a proximidade do dia das crianças.


O lanche, almoço
Desmontamos os alforjes e tratamos de ir para o almoço e passeios por São Luís

Na verdade, o que se fez foi um lanche, devido ao adiantado da hora ,somando ao grande calor que se apresentava.


E fomos para tour:

 O centro da cidade, a orla marítima, a praça dos pescadores, lagoa Jansen, e o centro histórico.

                     Neste último, a demorada visitação e passeios pelas antigas e estreitas ruas.
Os casarões, os azulejos, as diversas lojinhas de artesanato e os bares dão um colorido todo especial e muito charme para o grande local.

A escadaria do Bem Viver, foi o outro local que o anfitrião fez questão de um registro fotográfico. 

Foi um excelente passeio e uma volta ao passado de uma dos mais belos conjunto arquitetônico da era colonial do Brasil.

Socorro, a senhora da oração
                Em uma loja de artesanato, uma boa conversa com uma simpática senhora, que ao saber da nossa viagem, da distância bem como da duração, tratou de fazer uma oração pedindo a Deus proteção e forças para a nossa empreitada. Foi um momento muito bacana. 


Com a noite já bem próxima, nos dirigimos novamente para a orla, tendo como local, o Espigão Costeiro da ponta d'Areia. 

Um excelente ponto turístico com um trapiche com mais de 500 metros de extensão.


Apresentações, música, caminhadas, ciclismo, feirinhas, exposições  e passeios, são alguns dos fatores que levam para o local pessoas da cidade e muitos turistas.
                                   
Deixamos a ponta do espigão já passando das 21h e nos dirigimos para a Mega Pizza, de propriedade do Gilson, também motociclista. 
         O local, é um ponto de encontro do povo das duas rodas de São Luís
Falcão, Arli, Gilberto Cesar, Adeilson
e Gilson, o proprietário da Mega
Lá estavam integrantes de diversos moto grupos e moto clubes. Na oportunidade, falamos da nossa viagem, bem como quisemos saber das viagens de outros tantos parceiros.
Na Mega Pizza, com motociclistas de São Luís
                                                                       
Uma alegria especial foi encontrar com o Adeilson, gaúcho, natural da mesma cidade que eu:                                                                      Uruguaiana, uma bela cidade!
     
O diferencial da pizzaria do Gilson, é que não são colocados talheres e nem pratos sobre as mesas. Ao pedir a pizza, o cliente a recebe em uma bandeja e com ela um par de luvas plásticas. É com as luvas que se come os pedaços.
Gilson explicou que o objetivo era ter somente tele-entrega. Dada a insistência dos amigos, resolveu inovar de modo a não sobrecarregar as atividades de limpeza e reposição de pratos e talheres.

                                    Esgotado o sábado, tratamos de voltar para o Ninho das Águias. 
                                       Justiceiro um outro integrante do Moto Clube Anjos da Ilha, foi quem nos acompanhou de volta.
Foi este motociclista o parceiro de Falcão numa viagem de 50 dias pela América e vários estados do Brasil.
Falcão, Arli, Psicopata, Justiceiro e Gilberto Cesar
 44° dia

Domingo, 09/10
Em  São Luís 

      As motos no Ninho das Águias     
Domingo, dia de acordar um pouco mais tarde, porém, o silêncio no Ninho das Águias foi quebrado em função de uma igreja, bem em frente, cujos fiéis cantavam alto e rezavam mais alto ainda.
O lanche da Manhã
                      Acordar então, fazer um lanche diferente dos demais dias, lavar algumas roupas e esperar pelos parceiros, para os passeios de domingo. 
                                      Arli saíra para a compra de produtos para o lanche matinal.
                             
Molusco, Gilberto Cesar e Arli
    
 Molusco foi o integrante do Moto Clube Anjos da Ilha indicado para nos acompanhar no passeio da manhã. O parceiro chegou por volta das 10h ao Ninho.
                                   
São José de Ribamar, foi o local que fomos conhecer.
                                    A cidade praiana dista não mais do que trinta quilômetros de São Luís, portanto, muito pouco a ser rodar.      
Na cidade, alguns conjuntos arquitetônicos antigos, a igreja matriz, a concha acústica,  em forma de uma bíblia,  o monumento a São José, 32,5m de altura, a gruta Nossa Senhora de Lourdes chamam a atenção de quem chega ao município.



     Obviamente, que as praias da cidade são o motivo maior para o grande público que já estava se banhando.  

Com o calor reinante, a praia se configurava como o  melhor local para se refrescar. No entanto, uma ducha também poderia ser a pedida, segundo o anúncio no poste.

           
       Depois dos passeios culturais, uma descida para uma das praias. Num dos bares, um refresco para amenizar o calor.

               Assim ficamos até o passar do meio dia, quanto retornamos para São Luís, com passagem rápida pelo Ninho, para a troca de parceiro acompanhante.
Molusco, Arli, Gilberto Cesar e Bebezão
                                                      Na sede do Moto Grupo saiu de cena o Molusco, dando lugar para o Bebezão.

Bebezão é o integrante do Moto Grupo Garotos






Seguindo as rodas do Bebezão, nos dirigimos para o almoço de aniversário do Grupo de Motociclistas As Damas de Ferro.                                
                            O evento, cujo convite se estendeu a todos os motos grupos e moto clubes da cidade, estava acontecendo em um clube campestre, bem próximo do local onde estávamos alojados.


                           Ao chegar, deu para ver perfeitamente de que a festa seria grande, animada e repleta de motociclistas, pois o ambiente já estava muito animado.

Almoço 0800, sorteio de brindes, shows e muita descontração foi a marca do aniversário das Damas de Ferro.
Por gentileza das Damas, o nosso almoço foi servido diretamente em nossa mesa, evitando o ingresso na fila.

O evento, que até então estava sendo animado por meio de música mecânica, no meio da tarde teve a apresentação de duas bandas que exibiram dois ótimos shows.
                                  
O animado aniversário teve ainda espaço de piscina reservado para as crianças, que por vezes, tinham alguns adultos como companhia.
Falcão, com a camiseta alusiva
a nossa viagem:
 Roda Brasil
Foi um ótimo evento de integração e confraternização do povo das duas rodas  de São Luís.
Depois da sobremesa, servida bem ao entardecer, tratamos de nos encaminhar para o alojamento, posto que, no dia seguinte, seguiríamos em frente, rumo a outra capital.
                         Psicopata, integrante do
Moto Grupo 100 Destino,  foi o parceiro 
que nos acompanhou de volta ao Ninho das Águias.
Terminamos assim o domingo.
                                             
Fotos e Relato: Gilberto Cesar
Moto Grupo Com Destino
Porto Alegre - RS
comdestinomotos@gmail.com
gilberto-cesar13@hotmail.com
 



    

Um comentário:

  1. Tenho uma duvida. Como foi o contato com tantos irmaos motociclista em cada Estado?

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