Em território chileno.
Após atravessar o Túnel do Cristo Redentor, na região conhecida como Paso de Los Libertadores, a uma altitude de 3.100 metros, chegava-se ao Chile, o outro destino da jornada.
Este túnel, de grande relevância para o transporte de cargas entre as nações ali contíguas, é um extenso complexo que se estende por cerca de 1.500 metros em território argentino e 1.500 metros em solo chileno, com inauguração ocorrida na década de 1980.
Nas proximidades do túnel, encontra-se a estátua do Cristo Redentor dos Andes, símbolo da Paz entre os dois países, cuja entrada, naquele momento, estava indisponível.
Após percorrer 14 km, chegou-se à aduana conjunta Argentina/Chile, apesar do fato de que o território em questão pertença ao Chile. As motos avançavam de forma cautelosa pelas laterais, ultrapassando a longa fila de carros que se formava bem antes da entrada do prédio, onde estavam localizadas as cabines de controle para a saída da Argentina e a entrada no Chile.
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Fila de veículos na Aduana Argentina / Chile |
De maneira bastante cortês, ao ser questionado, um policial apontou o final da fila, direcionando-nos para o lado dos veículos leves. A outra fila era reservada para caminhões. Foi então necessário retornar ao final da fila, com a confirmação de que o processo seria demorado.
Restou esperar, conversar e depois aproveitar prá valer a paisagem coberta pela neve. Havia muita neve pelo entorno, um visual extremamente raro em nosso cotidiano. Tudo ali, ao alcance dos pés e das mãos, na forma de blocos, nos paredões e no solo, coberto de por uma vasta camada de gelo.
Um dos viageiros brincou na neve. Outro jogou flocos para o alto. Um outro rolou no gelo e logo todos entraram na brincadeira, que chegou a contagiar pessoas que estavam por perto e que se animaram também a brincar na neve.
Foi uma experiência divertida, onde a fila avançava lentamente, obrigando a utilização das motocicletas para seguir em direção às cabines da aduana. Contudo, essa progressão era bastante morosa, o que foi gradualmente gerando impaciência.
Depois de um certo tempo, finalmente ingressamos no amplo pavilhão, onde os veículos eram organizados em linhas que correspondiam ao número de cabines disponíveis para atendimento. Eram cerca de 10 cabines, resultando em 10 filas dentro do local. O ambiente era barulhento, com pouca ventilação, e a espera gerava sinais de irritação.
As motocicletas se alocaram em uma mesma fila, ou seja, passando pelas mesmas cabines, sendo a primeira dedicada ao registro de saída da Argentina e a próxima, localizada ao lado, para o registro de entrada no Chile. Durante esse tempo, outras motos chegaram e se juntaram ao grupo. Em uma conversa rápida, descobrimos que eram motociclistas argentinos e, devido a isso, não precisariam preencher formulários.
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Pavilhão Aduana conjunta Argentina / Chile |
Para deixar a Argentina, além dos documentos habituais, como passaporte e os documentos da motocicleta, era necessário preencher um formulário extenso. A situação se complicou um pouco: só tínhamos duas canetas, uma com a Júlia e outra com o Alberi. A Júlia acabou completando quase todos os formulários do grupo, devido à sua agilidade, embora as perguntas em espanhol tenham deixado tudo um pouco mais difícil no começo.
- Este formulário tem que ser em duas vias! - comentou alguém, quando já estávamos quase sendo atendidos com a primeira motocicleta.
- Não esqueçam de preencher a segunda via! - gritou outro.
- Estamos sem formulários! - disse outra pessoa.
- Que confusão é essa? - exclamou o Alberi.
O ambiente ficou agitado, a animosidade tomou conta e os olhares se arregalaram. Fomos até uma caminhonete que estava próxima em busca de mais uma caneta e logo surgiram mais três. Um cidadão ainda comentou: na cabine de entrada para o Chile tem mais um outro formulário. Peguem ali e já preencham também.
- Mais um formulário?
- Sim, mas este é menor. Então, preencham!
A travessia seguia com dificuldades. Após passar pela cabine argentina e realizar os trâmites na cabine chilena, a próxima barreira ficava bem ao lado. Apenas um funcionário se encarregava da inspeção das bagagens. O cara era extremamente lento e, das três primeiras motocicletas, pediu que fossem abertos todos os compartimentos de alforges, mochilas e sacolas.
Neste momento, Alberi bradou que sumira o envelope pardo, com os seus demais documentos, os quais estavam sobre o guidão da moto.
Foi pânico!
Gilda, Júlia, Paulo e o Alberi caminharam no sentido oposto, todos com os olhos fixos no chão, sem terem conseguido nada.
' - Vou chamar um policial, disse Alberi. Deve haver câmeras por aqui... .... pegaram o envelope!
Enquanto isso agente, o lerdo, pediu que eu abrisse um dos alforges e depois uma bolsa. Ele parou e comentou: é preciso chamar o guarda argentino porque a moto do teu amigo está ainda no lado argentino, referindo-se à moto de Alberi.
Em pouco tempo apareceu um guarda argentino, se informou sobre a situação e convidou o Alberi para acompanhá-lo. Mas, um outro homem que estava na fila e não tinha relação com o ocorrido gritou:
- Tem um envelope ali no chão. Veja se não é aquele!
Era realmente o envelope do Alberi. Ele o pegou, conferiu e colocou sob o braço. O guarda argentino não comentou nada e saiu com uma expressão nada amigável.
Uma funcionária da aduana chilena percebeu a confusão e a lentidão na revista das motos e mandou que liberassem todas elas.
As motos passaram rapidamente quando o Alberi exclamou: gente! eu estou muito estressado. Isso aqui, foi demais!
Afonso, por outro lado, fez um alerta: lá no fundo, existe uma casa de câmbio, precisamos trocar nosso dinheiro porque pode haver pedágios à frente.
- Precisamos ser rápidos, pessoal! Temos que aproveitar a luz do dia e isso é crucial para descermos a Ruta Los Caracoles ainda com visibilidade, foi o que lhes disse.
Todos foram até o câmbio, que funcionava no mesmo galpão da aduana. Após muitas conversas, ficou claro que a cotação não era nada favorável.
No total, essa demora toda na aduana, foi de 2 horas e meia.
Minutos depois, retomou-se a viagem.
Do estresse para o encantamento, a aventura e o prazer de descer pela primeira vez a Ruta de Los Caracoles.
Os viageiros estavam alcançando um novo ápice da jornada: percorrer a Estrada dos Caracoles naquela ocasião, vindos de Mendoza em direção à cidade de Santiago do Chile.
O deslocamento começou com moderação na velocidade e boa análise das primeiras curvas; logo em seguida vieram buzinadas e acenos sob um entardecer deslumbrante que contrastava com as várias camadas que compõe o trajeto e com o cenário repleto de caminhões.
Finalmente parados, os sentimentos eram evidentes: felicidade, alegria e euforia que estampavam os rostos sorridentes e satisfeitos daqueles viajantes.
Olhando em direção as curvas, observou-se atentamente o alto da rodovia e percebeu-se que ela realmente é surpreendente, fascinante e desafiadora, algo que soou um pouco além do que os viajantes esperavam.
Caracoles é uma estrada linda, perigosa e repleta de curvas, que atravessa a Cordilheira dos Andes. Essas curvas representam um desafio constante, transformando essa rodovia em uma aventura inesquecível. São 17 curvas acentuadas em um trecho de 4 km com uma inclinação de 670 metros.
A estrada apresenta paisagens deslumbrantes, mas o que realmente se destaca são Los Caracoles, esse conjunto de 17 curvas íngremes que impõe temor a qualquer motorista sem experiência. De modo geral, a estrada está bem conservada, embora tenha pouca sinalização e careça de gradis laterais, onde o tráfego de caminhões é bastante intenso.
O dia estava chegando ao fim e os sinais da noite já eram evidentes quando as conversas entre os viageiros giraram em torno do local onde passariam a noite e sobre o combustível para a moto da Julia, que estava quase na reserva. Primeiro foi decidido abastecer a moto da Julia com combustível retirado da moto do Afonso. Esta segunda transferência contou com a ajuda de uma lanterna que a motociclista carregava. No entanto, foi acordado que seria fornecida gasolina por outras motocicletas, se necessário.
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Afonso, no fornecimento combustível |
O mapa mostrava que a cidade de Los Andes ficava a 70 quilômetros, portanto cautela, moderação e atenção precisam ser observados. Seguimos em frente, sem ver quase nada ao nosso redor, com o grupo compactado e unido. Afonso seguia a frente, depois Julia, eu, Paulo e Gilda e por fim o Alberi.
Depois de percorrer mais de 20 quilômetros, uma das motocicletas deu sinal de parada. Na beira da estrada, Gilda informou que havia uma pousada ali perto, que já tínhamos passado por ela, mas era bem perto. As motos foram redirecionadas e chegou-se ao local. Era uma espécie de bar, mercadinho e pousada, muito mal iluminados.
Um senhor que atendera, falou que se tratavam de cabanas, chamando a seguir por "Carmela" e falou: é com ela que vocês devem conversar.
Carmela chegou se inteirou da pretensão e foi logo mostrar as cabanas. Foi -se a três cabanas, isto por caminhos estreitos e sem iluminação. Ela foi enfática quanto aos preços e condições, pois o pagamento deveria ser com base na moeda americana e o custo era por camas, ou seja cada cabana dispunha de 5 ou 6 camas, inclusive beliches, o que não agradou aos viageiros, eis que um casal ou uma dupla, deveriam pagar pelo quantitativo de camas. Ficou inviável e a dura senhora não esboçou nenhuma flexibilização, muito embora todas as cabanas estivessem livres naquele momento.
Tocou-se em frente e em mais 15 km percorridos, pequenas luzes davam conta de casas logo a diante. Era um pequeno e, a céu aberto, posto de combustível e em frente, uma lanchonete ou algo assim que se encontrava fechado.
No posto, onde uma jovem frentista, efetuava o trabalho em cada moto, e logo nas duas primeiras, a dificuldade na obtenção de troco. Era a primeira vez que o grupo estava usando a moeda chilena e todos dispunham de notas com alto valor nominal. A solução passou a ser a colocação de 10 mil, 15 mil ou 20 mil pesos, de modo a não precisar haver devolução de dinheiro, porém nem todos assim entenderam e se teve ainda algumas confusões no troco. Superado isto, Julia informou que pela litragem que a sua moto recebera, ela não estaria com tantos problemas de combustível tal qual imaginara. Mas, fica aqui um velho e sábio conselho: quem faz da estrada eventual morada, abastecer sempre que possível é mister, mesmo que desnecessário. Imprevistos acontecem. Falta de luz, greves, feriados, indisponibilidade, etc. Chegamos mais tarde em Los Andes e nos hospedamos no Hotel Santa Teresa. As motocicletas ficaram enfileiradas no pátio, bem próximas aos quartos. Houve o jantar e durante as conversas Alberi confirmou que voltaria a partir daquele ponto ali. - Meu objetivo foi alcançado, que era fazer a Rota dos Caracoles, e que ainda lá em Mendoza ele havia comunicado isso ao grupo. Na sequência, foi lembrado que o quão foi bom termos passado direto da Ponte Inca e do Parque Nacional do Aconcágua, pois se a visita tivesse acontecido, certamente estaríamos em apuros, eis que haveria problemas com a passagem pelas aduanas dado o horário. -Nada é por acaso, foram as palavras da Julia. Foi o fim daquela noite.
Sexta-Feira 18 de outubro Dia da chegada em Santiago do Chile.
O dia amanhecera com muito sol e sem a presença de ventos, um pouco abafado e, era o que dava para se notar. O café servido, foi de boa qualidade e relativa fartura no Santa Teresa.
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Hotel Santa Tereza |
Pouco depois, no arrumar das bagagens, fizemos Paulo e eu uma pequena caminhada nas proximidades do hotel. Todos prontos, aconteceram as despedidas para com o Alberi. Foi a minha segunda viagem com o Alberi. Ao Ushuaia, ano 2017, ele foi no carro de apoio e, agora neste Giro Andino de Motos, foi pilotando a sua máquina azulada.
Foi um ótimo parceiro, bastante brincalhão, sério quando necessário e enfático quando preciso. Por diversas vezes, liderou o grupo, contribuindo muito com os direcionamentos, graças ao GPS que utilizou na moto. Foi ótimo tê-lo no grupo, na certeza de que outras viagens e aventuras nos aguardam. O agora quinteto, Afonso, Gilberto Cesar, Julia, Gilda, Paulo e as suas quatro motocicletas rumaram para os lados da rodovia 57 tendo como destino a cidade de Santiago, a pouco mais de 80 km.
Fez-se um reabastecimento, com parada para um cafezinho, e quando passava um pouco das 10 horas e as edificações da capital Santiago começaram a ser vistas pelos viageiros. Lá estava, um pouco ao longe ainda, a cidade capital de um dos dois países sul-americanos que não possuiu fronteiras com o Brasil. O calor era marcante e o sol abrasador naquele momento. Pouco depois ouviu-se buzinadas comemorativas e sinais de positivo dos polegares dos viageiros, que ergueram seus braços. Lentamente, uma grande avenida foi sendo alcançada, com rodar cuidadoso em função do alto tráfego. Sob um sombra, oriunda de um prédio, o grupo parou para confirmar os caminhos.
A ideia concebida era hospedagem na área central da cidade de modo a facilitar as visitações. O GPS foi consultado e o direcionamento foi a região onde era significativo o número de hotéis. Ingressou-se em três hotéis, não havendo vagas em nenhum deles. A maratona prosseguiu, trocou-se de quarteirão, as motos foram novamente estacionadas e mais um foi visitado. Havia vagas, o estacionamento era próximo porém as acomodações eram um pouco precárias. Próximo a este, havia o Hotel Paris. Afonso e eu estávamos praticamente ingressando neste, quando uma se ouviu uma voz: - Procuram por hotel? Eu tenho apartamento grande aqui próximo. Quantos vocês são? - Somos 5 pessoas, respondeu Afonso. - Tem lugar, ... são dois quartos e duas camas na sala. Tem estacionamento e as motos de vocês ficarão em segurança. Vamos lá ver? Fica a três minutos daqui. Confabulamos Afonso e eu e lá fomos caminhando em direção ao local. Eu sou o Carlos disse o chileno, que chegava a arrastar o português. As conversas foram animadas até o local, quando então se adentrou em um grande edifício, parecendo ser muito bem localizado. Vistoriou-se o local e tudo aprovado. Retornou-se ao local onde as motos estavam estacionadas e os parceiros aguardavam. O Carlos foi apresentado, quando pouco depois ele orientou de como chegar ao apartamento eis que se estava em uma rua de mão única e voltinhas precisariam ser feitas. Em pouco tempo as motocicletas foram acomodadas em um box e os viageiros subiram para o 8º andar. Tudo devidamente a contento. - Belíssimo - Amplo. - Olha a cozinha . - Excelente! Estes e outros comentários foi o que se ouviu num lapso de segundos. Carlos perguntou da programação ao que lhe foi informada que o grupo sairia imediatamente para os passeios programados. Carlos, no entanto, falou a respeito da comemorações do segundo aniversário dos protestos havidos no Chile por maior justiça social. Em outras palavras, disse: haverá muitas passeatas, manifestações e protestos a partir desta tarde. O comércio deve fechar as portas. Se vocês quiserem fazer câmbio de moedas, o bom é aligeirarem. E tenham cuidados aí pelas ruas. Cientes, foi-se para a rua. De plano a casa de câmbio foi encontrada, tratou-se do almoço que aconteceu em um belíssimo bar e restaurante localizado na Avenida Libertador Bernardo O'Hggins, mais conhecida como Alameda Del Libertador. Esta é a principal avenida de Santiago e por ela é que começaram as caminhadas tendo como foco o pelo Centro Histórico de Santiago.
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Viageiros Sudamerikoj em Santiago do Chile |
Paseo de La Bandeira é uma rua dedicada somente à pedestres que é um alto ponto turístico da cidade. Destacam-se as artes coloridas das pinturas no piso da rua toda. Vê-se prédios modernos e muitos prédios históricos nesta rua.
Praça Itália, é um dos pontos de alta movimentação na cidade. É local de muitos monumentos e estátuas de cunho históricos sendo ainda o ponto convergente de várias vias importantes de Santiago. É nesta praça que os chilenos costumam se encontrar para celebrações e protestos. Por tal, naquele momento, se encontrava prá lá de lotada, com muitas pessoas circulando, músicas por todos os cantos e consequentemente com a presença de muitos policiais e aparatos militares no entorno, dada os protestos anunciados para aquele dia.
Plaza de Armas, é o local considerado coração da cidade. Foi inauguração no ano 1541 com objetivo de reunir os principais prédios administrativos. Em volta dela, se encontra a Catedral Metropolitana, o Museu Nacional e a Prefeitura de Santiago. A praça se encontrava com um grande número de pessoas, notadamente muitos turistas. Trata-se de um belíssimo local, onde também vários monumentos se encontram erguidos pelos diversos recantos.
Palácio de La Moneda, é a sede do Governo. O prédio cujo tamanho e arquitetura imponente chamam muito a atenção, foi palco de importantes acontecimentos da história chilena. Neste palácio foi que o Pinochet deu o golpe militar em 1973. Em frente ao prédio, uma enorme estátua de Salvador Allende, o presidente deposto a época, chama bastante a atenção dos turistas.
Foi uma tarde riquíssima, onde tudo era novidade para os viageiros. Chamou a atenção a quantidade de pessoas pelas ruas em passeios pelas praças, pelas alamedas ou pequenos recantos na área central. Tudo era muito colorido pelas ruas. O comércio não fechou as suas portas e nem os manifestantes apareceram, conforme havia previsão para tal. A tarde começou a dar prenúncios de trocas para com a noite, e o claro foi ficando rapidamente tisnado pelo lusco fusco noturno. Os viageiros, começaram o caminho de volta para o apartamento, quando aconteceu o encontro com o Carlos, que sorridente perguntou como haviam sido os passeios, se o grupo estava precisando de alguma coisa, tudo numa gentileza extraordinária que o rapaz esboçava para os brasileiros. Depois de uma boa conversa, em plena rua, os viageiros seguiram na direção de um supermercado para a compra de gêneros e líquidos para o jantar e o café da manhã do sábado, quando os passeios seriam retomados.
Sábado, 19 - Mais passeios em Santiago
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Imediações do Apartamento, alojamento dos viageiros |
O sábado amanheceu radiante. Bem cedo a movimentação no apartamento já era sentida. Como eu estava alojado na sala, obviamente que tratei de levantar de modo a liberar o ambiente onde aconteceria o café da manhã, apesar do grande espaço que se tinha. Os parceiros se levantaram aconteceu o café conjunto e logo foram traçados os itinerários para dia. Pés na Rua, e lá se foram os viageiros.
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Vista Santiago a partir do Santa Lucia |
O Cerro Santa Lucia foi a primeira direção. Localizado no centro da cidade o parque oferece uma vista extraordinária da cidade, bem como é repleto de atrações tais como: terraços, por demais esbeltos, arcos, estátuas, feiras, recantos, canhões, quando das guerras de conquistas, mirantes, elevadíssimas escadarias e uma farta e densa vegetação.
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Mirante principal do Cerro Santa Lucia |
O Cerro está a 68 metros de altitude e o ar é por demais agradável e convidativo para a caminhada até o topo. As subidas entre caminhos de chão e outros tantos por estreitas escadarias, sempre desembocam em algum recanto.
Em um desses recantos, o grupo foi abordado por um cidadão chileno que se apresentou como Ricardo Lagos, professor, político e religioso. Disse ele apreciar muito o Brasil, o pessoal das motos e, logo saiu filosofando a respeito da vida, dos caminhos e das liberdades que as pessoas devem saber aproveitar e viver. Foi um longo e proveitoso bate papo eis que o Ricardo é pessoa nitidamente intelectual e por tal a conversa parecia nunca terminar.
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Professor Ricardo |
Fez-se registro fotográfico com o professor e prosseguiu-se o passeio. Pelas tantas o grupo se deparou com um portal, supostamente a entrada de uma antiga edificação que remete ser um antigo castelo ou algo similar, onde se vê um brasão familiar. No início o morro era lugar dos indígenas Mapuches de Huelén. No ano 1541, o conquistador Pedro de Valdivia tomou-o com ponto estratégico, principalmente na luta contra os Mapuches, e o batizou de Cerro Santa Lucia, e fundou a cidade de Santiago. A presença de turistas era imensa, e o subir e descer era algo impressionante. Num outro recanto e também mirante, porém mais abaixo, um grupo de pessoas se reuniam, uma banda musical estava postada e lá se encontrava o professor Ricardo. Explicou ele que se tratava do dia das religiões evangélicas e que ali se dariam algumas apresentações musicais e culturais, naquela manhã. Havia muitas cadeiras, muitas pessoas já sentadas ao que o fizemos também.
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Grupo sentado em um dos recantos escutando a Banda Tocar |
A banda, que era do Exército de Salvação, efetuou uma linda e longa peça musical e quando do final dessa apresentação o grupo tratou de continuar os passeios. Na descida e quase, já no plano térreo, há uma feira indígena encravada em uma fenda de rocha. Trata-se do Centro de Exposições de Arte Indígena, algo muito bonito e especial. O grupo que já a havia avistado quando chegada, reservou esta visita para quando da descida do morro. A feira é simplesmente bonita, mágica, cheias de cores e produtos tipicamente regionais.
Nela fez-se lenta caminhada, explorando todas as bancas, conversando, perguntando e comprando produtos. Foi uma excelente caminhada por entre as bancas que ficam dispostas uma frente a outra num corredor bastante longo. Ao longo da caminhada, a feirante de nome Glades, me chamou para conversar e logo me presentou com um lenço de cabeça, com as cores e símbolos da sua tribo. Gilda também recebeu o mesmo regalo. Disse a Glades, que lhe gusta mucho los motoqueros .... Foi um momento bonito e marcante naquele final de passeio ao Cerro Santa Lucia.
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Os regalos da Glades |
Hora de continuar os passeios e os viageiros se dirigiram para bairro Lastarria, outra preciosidade da capital chilena. Nele, a arquitetura é belíssima, a gastronomia é farta e, duas quadras são reservadas para feirinhas de arte. Há muita música e a cultura está presente, impregnando aqueles estreitos espaços.
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Chegando ao Bairro Lastarria |
No caminho, a Igreja de Vera Cruz chama a atenção pela sua arquitetura e beleza. O prédio, pintado na cor vermelha, estava sendo retratado por um grande números de desenhistas, cada qual com uma prancheta, uma folha de papel ou pequenas cadernetas. A concentração era total, e se pode circular bem próximo dos artistas.
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Igreja Vera Cruz sendo retratada |
Prosseguindo pela rua principal, a estreita Calle José Lastarria, chama a atenção a quantidade de bares e restaurantes com mesas ao ar livre. São muitos e obviamente que fica implícito o convite para se ocupe alguma daquelas mesas. O grupo continuou e logo foram avistadas as muitas bancas da feirinha de arte. São muitos os artistas, os artesãos, músicos, produtos e as pessoas em circulação, o que é impressionante. Da feirinha para o almoço, uma vez que a hora já havia avançado a tarde. Voltou-se para o início da rua, já com vários produtos comprados e logo um restaurante amplo foi o escolhido. O ambiente era prá lá de convidativo e os atendentes se revezavam entre a cortesia e a camaradagem para com viageiros.
Por sugestão, algumas cervejas locais e regionais foram experimentadas e o prato principal foi diversificado entre frutos do mar e outras carnes. |
Julia, Afonso, Paulo, Gilda e Gilberto Cesar. O almoço festivo em Santiago |
Esgotado o bom almoço, a caminha turística foi retomada e o destino foi Cerro San Cristobal, com 880 metros de altitude. Este Cerro faz parte do Parque Metropolitano, o maior parque urbano da cidade. Tem como atrações os acessos que podem ser por meio do Funicular ou pelo Teleférico. No topo, uma grande estátua de Nossa Senhora Imaculada constitui a peça principal do local denominado santuário.
Por combinação os viageiros estariam subindo pelo Funicular, uma espécie de bondinho, desde o bairro Bela Vista, com retorno pelo Teleférico, chegando ao Parque Metropolitano.
Este sistema de transporte é bastante antigo no Chile e os vagonetes, puxados por cabos de aço, levam em média oito minutos até o topo do morro e carregam até seis pessoas.
A viagem é bastante divertida e na medida em sobe, a cidade vai se estendendo sob os olhos, as câmeras e a admiração das pessoas.
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Preparando para a subida no Cerro por meio do Funicular |
Descidos na estação, pouco antes do topo do morro, há então a necessidade de que longa caminhada seja feita e que uma íngreme escadaria seja lograda. Nesta estação, há feiras, lojas, restaurantes e um enorme jardim com mirante, de onde se pode ver a cidade estendida morro a baixo. |
Mirante |
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Caminhada para o topo |
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Imagem Imaculada Conceição |
Por fim é nesta esta última estada do Cerro que os visitantes são brincados com uma visão praticamente que total da cidade de Santiago. Vê-se os majestosos prédios que se estendem, muitas áreas verdes, um estádio de futebol, trajetórias de muitas ruas e muitos morros pelos entornos. Santiago é uma enorme cidade, certamente que cheia de encantos, dos quais os viageiros puderam conhecer, pisar e desfrutar de alguns deles, tidos como excelentes pontos turísticos.
Seguiram os viageiros em direção a estação do teleférico, para começar o processo de descida.
A descida, também foi festiva, desde o ingresso no teleférico, com muitas risadas, fotos e contemplação na descida. O visual é muito bonito e pode-se ver a grandiosidade do Parque Metropolitano, quando também pode ser avistado o Jardim Zoológico da cidade.
Teleférico em Santiago
Quando o grupo pisou o solo do Parque Metropolitano, a temperatura se encontrava um pouco baixa e um vento levemente gelado soprava. A exceção da Julia que levara consigo uma estratégica corta vento, os demais se encontravam com trajes de verão, com camisetas e bermudas, basicamente.
Houve até a tentativa em pegar um táxi, porém os fatores passeio e caminhada, prevaleceram e os viageiros trataram do deslocamento na base da pernada. Na sequência, um motociclista hayleiro, travou diálogo desejando saber a respeito de praias no sul do Brasil, ao que se lhe falou das praias mais visitadas e as preferidas pelos turistas.
O final da tarde se aligeirou, o frio se apresentou e a caminhada foi acelerada. Quando da chegada na área central, novamente foi-se ao supermercado para a reposição de suprimentos e logo se ingressou no quarteirão do apartamento.
Acomodados na sala, e bebemorando o longo e proveitoso dia de passeios e conhecimentos, os viageiros acertaram as visitas do dia seguinte elencando Valparaiso e Vina Del Mar, cidades histórico portuária e praiana respectivamente, a beira do Oceano Pacífico.
Precisava, no entanto, acertar com o proprietário do apartamento a esticada da estada. A ele se enviou uma nota e logo o que se teve foi a presença do Andres, gerente do escritório de locação, que não só confirmou a possibilidade, como dialogou bastante chegando a elencar pontos turísticos em Valparaiso.
Carlos que não pudera comparecer, enviou via WhatsApp, um roteiro turístico completo em Valparaiso.
Encerrou-se a noite quando os ponteiros apontavam um pouco além das 23 horas.
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Arredores de onde se estava hospedado em Santiago |
Domingo: Valparaiso e Vina Del Mar na rota dos viageiros
Valparaiso e Vina Del Mar, chegaram a figurar no esboço, quando do planejamento da viagem, porém foram retiradas dada a exiguidade dos dias para alguns dos viageiros.
Colaboraram para a reinclusão dessas cidades litorâneas, a supressão de um dia de visitas em Mendoza e a velocidade mais acelerada, que foi empreendida, associada as poucas e as mais encurtadas paradas ao longo dos dias.
Bem cedo do domingo, as motocicletas já estavam roncando os motores para lograr os poucos mais de 120 km. A rodovia 68, de ótima qualidade permitiu uma tocada na casa dos 120 km horários, sem paradas. |
Partiu, Valparaiso |
A cada quilômetro percorrido, as placas de identificação mostravam que se estava muito próximo da primeira cidade a ser visitada, Valparaíso. Uma longa curva, em subida se apresentou e surpreendentemente a cidade se estampou, tendo como cartões postais o Oceano Pacífico, o Porto e, muitíssimas edificações coloridas nos morros da cidade.
Chegou-se a Praça Sotomayor, em frente ao Porto. Um visual de tirar o fôlego, aquele centro histórico. Deu-se uma pequena volta e as motocicletas foram levadas para o estacionamento subterrâneo em frente ao Centro Cívico. |
Centro Cívico e Histórico em Valparaiso |
O local, até por ser domingo, se preparava para receber o público em geral e turistas, eis que inúmeras feirinhas já se encontrava em funcionamento, para alegria geral dos viageiros, que mal chegaram e logo saíram olhando, perguntando e comprando produtos. |
A feira dominical |
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Centro Cívico |
Na sequência, o grupo, atendendo o roteiro apresentando pelo Carlos, seguiu para uma das partes alta da cidade e para tal foi utilizado o mesmo sistema de transporte tipo Funicular, só que se tratava do mais antigo do Chile. Realmente, se estava diante de estruturas centenárias, inclusive o modelo dos vagonetes. Na parte alta, as ruas são bem estreitinhas, as casas são de um colorido todo mágico, e a existência de muitas escadarias, todas coloridas e com desenhos interessantíssimos, transformam todo o ambiente em cenários de encantamento e beleza. Há também muitos pontos de vendas de produtos artesanais, bares e restaurantes. O fluxo de turistas por aquelas verdadeiras ruelas, íngremes e desafiantes no caminhar, é imenso, assim como de guias turísticos, que com seus respectivos grupos circulam por todos os lados.
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Uma das ruas |
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Uma outra ruela |
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Uma das escadarias |
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Vista parcial da cidade e do Porto |
Tudo é muito belo naquela parte de Valparaiso. Viu-se inúmeras casas históricas, bares temáticos, lojas de produtos e por fim um restaurante, quando a metade do dia já havia cruzado um pouco.
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Bar Temático |
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Loja de Artesanato |
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O Almoço |
Voltou-se à feira no Centro Cívico, novas compras foram feitas e o rumo foi o estacionamento para pegar as motocicletas e rumar para Vina Del Mar, que dista pouco mais de 15 km. Na verdade, da área portuária é possível enxergar a cidade vizinha.Foi questão de minutos para os viageiros adentrarem na cidade. |
Vina Del Mar, ao alcance dos Viageiros |
O calor era intenso e muitas pessoas se encontravam na orla, curtindo o belo domingo que já passara da sua meia tarde. Com as motocicletas, fez-se uma rodada, próximo a esta orla, estacionando a seguir em frente ao Relógio de Flores, um dos cartões postais da cidade. Também uma feira dominical próxima, e que estava sendo muito frequentada, foi o destino do grupo. Fotos e compra de recuerdos da cidade foram a tônica dos viageiros, que assim colocaram mais uma importante cidade no rol das visitações. |
Relógio de Flores - Vina Del Mar |
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O Oceano Pacífico |
Cada motocicleta recebeu seu respectivo viajante e o retorno para Santiago começou, ocorrendo de maneira tranquila e considerada rápida. Na capital, os veículos foram estacionados na garagem do edifício, enquanto os viajantes se dirigiram imediatamente a novos passeios pelo centro da cidade. Ainda no entardecer, novas ruas foram exploradas e sorvetes foram comprados, antes do retorno ao apartamento.
Assim se encerrava a passagem pelo Chile, na modalidade ida, repleta de alegrias, novidades e aprendizados, além da certeza de que nada é tão distante quando entusiasmo, determinação e alegria são fatores motivadores das vontades.
Nesta etapa, percorremos 300 km.
Fotos: Gilda Valdameri
Julia Schnaider
Lograr distâncias, visitar, explorar, registar e se deslumbrar, foi a ênfase deste grupo Viageiros Sudamerikoj.
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Gilberto Cesar |
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