Mendoza e Aconcágua na Rota dos Viageiros
Tendo cruzado a Ponte Internacional
Getúlio Vargas - Agustin Pedro Justo,
os "Viajeiros Sudamerikoj" pisaram em solo Argentino.
O trâmite aduaneiro também foi bastante ágil e em pouco tempo o grupo se dirigiu ao centro de Paso de Los Libres em busca de um hotel. Outros motociclistas brasileiros, em suas dez motocicletas, também realizaram os mesmos procedimentos e seguiam para a área central.
Em um prédio alto, avistou-se a placa "Hotel" e nos dirigimos até lá, encontrando um edifício de seis andares com um amplo estacionamento na frente, onde outros motociclistas estavam estacionando suas motos. Ali, iniciaram uma boa conversa e descobriu-se que pertenciam a dois grupos diferentes, sendo que um deles seguiria rotas semelhantes às suas, incluindo Mendoza e Santiago do Chile.
Afonso e eu fomos para a recepção saber dos preços da hospedagem, o que de plano se mostrou de bom tamanho. Do outro lado, na recepção, um simpático jovem, recentemente contratado, diz-se feliz por estar exercitando o seu português com os brasileiros, e que motociclistas eram muito bem-vindos.
Uma pequena reunião foi feita com os demais viageiros e logo tratou-se dos registros de ingresso.
Hotel Alejandro Primero |
Noite em Paso de Los Libres |
Era hora do café da manhã.
Durante o café da manhã, o grupo conversou sobre alguns pequenos ajustes e melhorias, já que a partir daquele momento a viagem seria realizada em um país estrangeiro, implicando regras e procedimentos que poderiam ser diferentes.
No que diz respeito à estrada, ficou acertado que as duas motocicletas equipadas com GPS: Afonso e Alberi se alternariam como líderes. A última moto do grupo, retaguarda, seria a do Paulo, enquanto a Julia, eu e o Arli nos posicionaríamos no meio da formação.
Antes de partirmos, ainda na frente do hotel, as motocicletas foram cuidadosamente lubrificadas, garantindo que estivessem prontas para a jornada.
Manhã de Domingo - Euforia na partida |
Em seguida, iniciamos nosso percurso rumo à estrada, com a intenção de fazer uma parada para reabastecimento e, pouco depois, um almoço na cidade de Federal, que fica a 278 km de distância, já na Província de Entre Rios. Enquanto isso, Paso de Los Libres pertence à província de Corrientes.
A primeira parada para reabastecimento foi em San Jayme de La Fronteira, onde fizemos uma breve pausa antes de retomar nossa viagem. Durante esse tempo, Alberi fez uma observação interessante, que foi confirmada por Paulo, sobre as ótimas condições das Rodovias 14 e 27 que estávamos utilizando, o que nos permitiu manter uma velocidade superior a 110 km/h.
Assim que reiniciamos a viagem na Ruta 27, os GPS's indicaram uma posição diferente daquela prevista por mim ao elaborar as planilhas de viagem. Em diálogo com Afonso, nosso líder naquele momento, e após confirmação feita por Alberi — que perguntou a algumas pessoas em uma tenda à beira da estrada — ficou claro que obras na rodovia estavam causando confusão nos aparelhos sobre qual rota seguir.
Um pouco depois das 12 horas, fizemos uma pausa para o almoço um pouco antes da cidade de Federal. A refeição ocorreu em uma lanchonete à beira da estrada, próximo a um posto de combustíveis, onde compartilhamos duas pizzas grandes entre o grupo. No do local, havia apenas mais dois clientes, mas pelo entusiasmo e alegria do grupo, a pizzaria parecia estar cheia. A atendente, que no começo foi um pouco ríspida, rapidamente se soltou e até perguntou sobre a viagem dos brasileiros.
Pizzas no almoço dos viageiros |
Do lado de fora, o sol brilhava intensamente quando a jornada recomeçou. A rodovia estava em excelentes condições e o vento gerado pela velocidade ajudava bastante a amenizar a sensação de calor.
No meio da tarde, uma nova pausa para descanso e abastecimento estava programada para ocorrer em El Pingo. No entanto, antes de chegar à cidade propriamente dita, o grupo entrou em uma localidade bem próxima. Era apenas uma rua de terra batida, com uma praça quase deserta e algumas casas ao redor.
Indagado, um cidadão que estava sentado na frente da casa junto com uma mulher e uma criança, respondeu:
- Aqui não tem posto de gasolina. Mais adiante, na cidade é que tem.
- Aqui não tem posto de gasolina. Mais adiante, na cidade é que tem.
Alguns já tinham descido das motocicletas, provavelmente para esticar as pernas, quando esse mesmo cidadão fez uma pergunta:
- As crianças podem tirar fotos com as motos?
Certamente, responderam rapidamente Gilda, Arli e Julia. Nesse momento, um menino foi avisar um amiguinho que estava próximo e rapidamente chegaram quatro ou cinco crianças. Dois deles foram mais ousados e logo subiram na moto do Arli e em uma outra. Apesar de terem sido avisados, um deles acabou encostando a perna no cano quente da moto do Arli, mas foi algo rápido e sem deixar marcas.
Logo apareceram os pais, uma outra senhora e todos posaram para fotos ao lado das motocicletas. Foi um momento incrível, olhar aqueles sorrisos, os olhos arregalados e a alegria de poderem subir em algumas das motos.
- As crianças podem tirar fotos com as motos?
Certamente, responderam rapidamente Gilda, Arli e Julia. Nesse momento, um menino foi avisar um amiguinho que estava próximo e rapidamente chegaram quatro ou cinco crianças. Dois deles foram mais ousados e logo subiram na moto do Arli e em uma outra. Apesar de terem sido avisados, um deles acabou encostando a perna no cano quente da moto do Arli, mas foi algo rápido e sem deixar marcas.
Logo apareceram os pais, uma outra senhora e todos posaram para fotos ao lado das motocicletas. Foi um momento incrível, olhar aqueles sorrisos, os olhos arregalados e a alegria de poderem subir em algumas das motos.
Foi necessário manobrar as motos lentamente e com cuidado na rua estreita, até que o vilarejo ficou para trás e em pouco tempo se chegou à área central de El Pingo para reabastecimento, lanche e descanso.
Em El Pingo, um mercadinho que também funcionava como lancheria, havia uma variedade de lanches, pães, bolachinhas, gêneros alimentícios e souvenirs. Ali efetuamos o lanche, olhando e bisbilhotando tudo. Pelas tantas, indiquei para a Julia uma pequena placa de imitação de veículo, tipo chaveiro, com a inscrição:
O acessório seguia o padrão das cores das placas dos veículos do Mercosul e, para a felicidade da jovem motociclista, o nome Julia não possuía acento na letra "u". "Exatamente como o meu", comentou Julia, que rapidamente decidiu adquirir aquele último exemplar disponível. Dessa forma, ela se tornou a primeira do grupo a comprar um souvenir.
Ao realizar uma rápida verificação nas motocicletas, percebi que a minha apresentava marcas de um líquido no lado esquerdo.
- "Parece ser fluido de freio", comentou Paulo.
- "É melhor verificar isso com mais cuidado", sugeriu Alberi.
Imediatamente, enviei uma foto para o responsável pela oficina da Yamavale Motos, em Imbé, RS.
João logo respondeu, informando que se tratava de líquido de suspensão, possivelmente devido a uma falha no retentor. "Talvez a moto fique um pouco mais rígida, mas não há maiores preocupações", acrescentou o profissional.
Vale lembrar que antes de iniciarmos a viagem, a moto passou por uma revisão minuciosa de acordo com os requisitos do manual para a quilometragem de 50 mil km.
E seguiu-se em frente, admirando as lindas paisagens argentinas, enquanto o fim da tarde se aproximava e a cidade de Paraná se tornava visível, após percorrer 429 km. Devido à proximidade, a escolha para pernoitar poderia ser Paraná ou Santa Fé.
Afonso, que se voluntariara para encontrar as acomodações desde o início da viagem, localizou uma espaçosa residência em Paraná por meio de um aplicativo. Fez os contatos necessários e, com tudo combinado e ajustado, o grupo dirigiu-se ao endereço indicado, seguindo, é claro, o parceiro.
A hospedagem era excelente: dois andares, quatro quartos, três banheiros, piscina, uma ampla churrasqueira, garagem enorme e uma boa localização.
Assim que chegamos, as motocicletas foram para a garagem, houve troca de roupas e o grupo saiu a pé em direção a um supermercado para comprar os ingredientes para preparar um churrasco.
Sete quarteirões foram percorridos, as compras foram realizadas e, devido não disponibilidade de sacolas plásticas para os clientes, os itens tiveram que ser transportados nas mãos. No entanto, isso não diminuiu o bom humor e o clima festivo dos "viageiros sudamerikoj".
Caminhada até o supermercado |
Alberi e Paulo, os churrasqueiros da noitada |
A guardando a churrascada, na cidade de Paraná |
Um pouco antes, efetuei a entrega do Livro Roda Brasil para o Afonso, eis que este, assim como outros tantos motociclistas amigos, efetuara a compra antecipada do compêndio que narra a viagem feita pelas capitais do Brasil por mim e pelo Arli, no ano de 2016.
O novo dia chegou, trazendo muito vento e chuva, e o silêncio da noite foi interrompido apenas pelos sons da tempestade. Alberi até precisou ajustar sua motocicleta, que havia deixado fora da área coberta da garagem.
O despertar ocorreu por volta das 8 horas, com a chuva ainda persistindo, mas sem vento. O café da manhã foi servido na ampla sala da casa, com suprimentos comprados no dia anterior. Gradualmente, o grupo vestiu suas roupas impermeáveis e se preparou para pegar a estrada. Fez-se uma linda passagem pela região central da cidade de Paraná, onde foi notável a abundância de grandes árvores ao longo das amplas avenidas. Mais adiante, descendo em direção à rodovia, o Rio Paraná apareceu de forma impressionante, proporcionando um cenário deslumbrante para o início da viagem.
Encarar a chuva no recomeço da jornada. |
Logo à frente, avistou-se o túnel que separa as províncias de Entre Rios e Santa Fé. Em outras palavras, os territórios das respectivas províncias são interligados por um túnel submerso, uma imponente obra de engenharia com 2.400 metros de extensão.
contínua do túnel.
Ao rodar no interior do túnel, a impressão é de que a outra extremidade nunca se revelará e, a sensação de estar rodando sob o imenso rio, é extremamente emocionante. Com revestimento branco com tons azuis, muitas luzes e equipamentos de ventilação, o túnel não apenas impressiona, mas também é muito agradável visualmente.
Foram ouvidas várias buzinadas festivas de nossas motocicletas,
como alguns punhos erguidos para o alto.
Uma bela festa dos viageiros.
Chegando em Santa Fé
Ao chegar em Santa Fé, cidade de grande porte, localizada a 35 km do túnel, o grupo se deparou com um trânsito bastante intenso.
Afonso e Alberi, que lideravam o deslocamento, efetuavam um grande esforço para manter a coesão dos motociclistas, evitando que alguém perdesse o tempo de uma sinaleira e, consequentemente ficasse desunido.
No entanto, isso não impediu a oportunidade de admirar os diversos prédios históricos em Santa Fé.
Ao longo de uma das grandes avenidas, aconteceu nova parada para perguntas a respeito de onde encontrar uma casa de câmbio. Duas artesãs que se dirigiam para uma praça, quase em frente, onde estava acontecendo uma feira regional de artesanato, forneceram as devidas explicações. Apesar do encantamento delas com as motos e com os motociclistas, somado ao forte barulho no entorno, deu para compreender o que haviam falado.
Um dos vários prédios históricos |
Ao longo de uma das grandes avenidas, aconteceu nova parada para perguntas a respeito de onde encontrar uma casa de câmbio. Duas artesãs que se dirigiam para uma praça, quase em frente, onde estava acontecendo uma feira regional de artesanato, forneceram as devidas explicações. Apesar do encantamento delas com as motos e com os motociclistas, somado ao forte barulho no entorno, deu para compreender o que haviam falado.
Ajustando o GPS, após a informação recebida pelas artesãs |
Foram várias idas e vindas até se chegar ao calçadão da cidade, local de intenso comércio e grande fluxo de pessoas. O grupo estacionou as motocicletas a dois quarteirões e, metade dos viageiros se dirigiu à casa de câmbio sugerida, enquanto o restante permaneceu à espera para garantir a segurança dos veículos e das bagagens.
Na casa de câmbio, o tempo de espera ultrapassou largamente o habitual. O funcionário, em sala reservada, falava demais; se retirava, voltava, falava da cotação e por fim trazia o dinheiro argentino. Surpreendeu o volume de notas recebido pelo primeiro dos três viageiros que efetuou o câmbio, no caso o Alberi. Era imenso o maço de dinheiro, ao que justificou o rapaz dizendo que a Casa estava desprovida de notas com valor nominal alto, daí todo aquele volume. Depois, uma máquina efetuava a contagem das notas e havia a guarda do volume todo.
Este procedimento se repetiu depois comigo e na sequência com o Arli. Pouco depois, soube-se que o mesmo processo acontecera com o Afonso, o Paulo e a Julia.
Quando estavam todos preparados para o reinício da jornada, a minha moto não ligou. Eu havia deixado a chave de ignição acionada e consequentemente o farol da motocicleta, também.
Afonso e Paulo empurraram a moto e nada aconteceu. Ingressamos em um estacionamento, quando então me socorri do "auxiliar de partida", dispositivo que adquiri para esta viagem e que é útil em casos de emergência.
Foi só ligá-lo aos terminais da bateria e tudo certo. Em questão de segundos, tudo estava resolvido.
Deste ponto, seguiu-se para o reabastecimento e lanche o que se deu em posto também na área central da cidade. O atraso era considerável, porém justificável, eis que havia a necessidade da troca de moedas e a magnitude e beleza da cidade ensejara um giro lento.
Lanche do meio dia em Santa Fé |
Com os bolsos forrados de pesos argentinos e bem descansados, os viajantes pegaram de volta a estrada, determinados a avançar o máximo possível, fazendo apenas as paradas essenciais, com o objetivo de chegar a Dalmácio Velez Sarsfield ao meio da tarde para uma pausa e reabastecimento. Para isso, aproveitando a excelente condição da estrada, que permitia uma velocidade máxima de 120 km/h, o grupo acelerou, deixando para trás vários vilarejos e cidades, que foram, algumas, capturadas em fotografias pela Gilda Valdameri.
Entre alguns dos locais registrados estavam: Monte Redondo, Las Varillas, Pozo Del Molle e Vila Maria, até que chegaram ao destino planejado. A rodovia percorrida era a Ruta Nacional 158, já dentro da província de Córdoba.
Chegou-se a Dalmácio Velez Sarsfield já passava das 17 horas e o grupo, ao parar próximo à entrada da cidade, demonstrava um certo cansaço. Na conversa inicial, ficou decidido que a pernoite seria nesta cidade, em vez de Santa Catalina, como estava inicialmente previsto.
Assim, começou a procura por um hotel para descansar e recuperar as energias. Foram quatro tentativas e todos os lugares estavam lotados. Descobriu-se que uma empresa de construção de estradas na região, havia trazido muitos trabalhadores o que ocupou todas as acomodações.
Diante dessa situação, a cidade de General Deheza, que ficava alguns quilômetros à frente, foi escolhida para passar a noite.
Assim, começou a procura por um hotel para descansar e recuperar as energias. Foram quatro tentativas e todos os lugares estavam lotados. Descobriu-se que uma empresa de construção de estradas na região, havia trazido muitos trabalhadores o que ocupou todas as acomodações.
Diante dessa situação, a cidade de General Deheza, que ficava alguns quilômetros à frente, foi escolhida para passar a noite.
General Deheza, local do pernoite |
Na segunda tentativa, nem mesmo as portas foram abertas; alguém se manifestou por uma portinhola de forma seca, informando que não havia vagas disponíveis.
Diante deste estabelecimento, os motociclistas se sentaram na calçada, parecendo se perguntar o que fazer em seguida. Foi então que um senhor, com algumas dificuldades para andar e apoiado pelo filho, cumprimentou o grupo. Ele comentou que vinha de uma caminhada na praça próxima e que morava ali perto, ao lado do hotel. Então perguntou: "E vocês?" Ao ouvir sobre a situação e o cansaço dos viajantes, ele disse: - "Vamos em frente." E continuou: "Daqui a duas quadras há outro hotel. Eu converso com a proprietária."
Assim, parte do grupo seguiu com o senhor e seu filho em um ritmo tranquilo, enquanto compartilhavam histórias sobre a viagem dos motociclistas e a vida na cidade. Ao chegarem no hotel, ele entrou para conversar com a proprietária e pediu que esperassem. Infelizmente, voltou sem boas notícias, um pouco desanimado: não havia vagas.
Apesar das dificuldades, ele não se deixou abater e voltou à portaria, pedindo à proprietária do local que fizesse uma chamada telefônica para outro hotel. "Los Naranjos!", exclamou ele. Do outro lado da linha, alguém respondeu: "Podem vir os motoqueiros... temos vagas disponíveis".
Esta notícia maravilhosa trouxe um verdadeiro alívio e alegria aos viageiros. Durante o trajeto de volta, ao lado do grupo que aguardava, a felicidade no rosto do senhor que se apresentou como Antônio era evidente; seu coração certamente transbordava de contentamento por ter feito algo tão positivo naquela noite abafadíssima em General Deheza.
Ele e seu filho, que permaneceu em silêncio durante todo o tempo, receberam muitos agradecimentos e também foram presenteados com adesivos comemorativos da viagem como forma de gratidão.
Esta notícia maravilhosa trouxe um verdadeiro alívio e alegria aos viageiros. Durante o trajeto de volta, ao lado do grupo que aguardava, a felicidade no rosto do senhor que se apresentou como Antônio era evidente; seu coração certamente transbordava de contentamento por ter feito algo tão positivo naquela noite abafadíssima em General Deheza.
Ele e seu filho, que permaneceu em silêncio durante todo o tempo, receberam muitos agradecimentos e também foram presenteados com adesivos comemorativos da viagem como forma de gratidão.
- Gente! ... Este homem é um anjo que Deus nos enviou- disse rapidamente a Julia, referindo-se ao senhor que nos ajudara a pouco.
- Nossa Senhora, está sempre conosco. Eu peço todo o dia prá Ela, ... foi o que disse a Gilda.
Já passava das vinte e três horas quando as motocicletas chegaram ao hotel Los Naranjos.
Na recepção, uma jovem mulher, acolhedora e amistosa, cuidou rapidamente da documentação dos viajantes para os registros. Ao ser questionada sobre opções para comer, foi direta: - "Nossa cozinha já fechou. Só teremos pizzas disponíveis por tele-entrega, e a pizzaria fecha em vinte minutos. Decidam-se rápido."
A escolha foi por duas pizzas grandes. Enquanto ela fazia o pedido por telefone, a discussão sobre os sabores se estendeu um pouco, especialmente em relação a existência ou não de tomates .... , sem queijo ... e, ainda se teve muitos "com isso" e "sem aquilo".
Naquela hora da noite, o cansaço dificultava a comunicação em português e espanhol. Contudo, tudo se resolveu e o pedido foi realizado com sucesso.
Enquanto isso, as motos foram estacionadas na garagem e seus pilotos encaminharam-se para os quartos onde se demoraram.
Motos guardadas com cuidado. Solo com terra fofa demais |
Os demais foram chegando lentamente para aquele que foi considerado "o jantar" dada a fome, com o acompanhamento de cervejas "calientes" eis que o pessoal da recepção, gentilmente, havia colocado a pouco algumas latas no freezer.
Se encerrou assim aquele que fora um dia exaustivo, porém quando da refeição, Afonso tratou de dar os parabéns a todo o grupo, com muita ênfase, principalmente no tangente a velocidade empreendida. Disse ele: - "o grupo se superou em muito". Parabéns para todos nós. No total, rodamos 500 km desde Santa Fé, o que foi bom demais e a média de velocidade foi altíssima, ... um pouco acima do permitido na rodovia.
Se recolheram, todos os viageiros para os seus respectivos quartos.
Dia Seguinte: 15 de outubro
Estávamos prestes a alcançar um dos pontos altos da nossa viagem: Mendoza!
Comecei o dia, como vinha fazendo desde o início da jornada, enviando a programação para o grupo no WhatsApp, reafirmando os trajetos estabelecidos, com uma nota especial: Mendoza está bem ali!
Despertos, nos encontramos na sala de refeições para o café da manhã. Todos estavam revigorados, e a empolgação de chegarmos a Mendoza ainda naquele dia, se manifestava em diversos comentários animados.
Um pouco depois, todos prontos e as motos foram deixando o estacionamento. O ronco dos motores era alto e a jornada recomeçou.
O amanhecer trouxe um leve frio, com algumas nuvens mais carregadas sobre os capacetes dos viajantes. O grupo seguiu pela Ruta 158 e na altura da cidade de General Cabrera, 10 km, uma névoa muito densa fez a recepção aos viageiros. As viseiras e as roupas logo receberam pingos d'água.
Névoa em General Cabrera |
A possiblidade de mais frio ou chuvas, ensejou pelo menos a necessidade da colocação da calça apropriada contra chuvas, até porque uma placa adiante indicava um desvio, por motivo de obras, e o terreno a ser logrado era em chão batido, possivelmente com alguma lama.
A névoa se tornou mais densa, a lama estava ali, havia poças de água, a velocidade era extremamente baixa e os cuidados precisavam ser redobrados, assim foi por mais de 8 km. Após completar esse trecho, a rodovia melhorou significativamente, permitindo que o grupo aumentasse consideravelmente a velocidade.
Trecho em obras. Cuidados no pilotar |
Logo após, passou-se pela cidade de Rio Quatro, onde tomou-se a Ruta 36 e, em seguida, a Ruta 8, seguindo em direção a Santa Catalina, que era o destino planejado para o pernoite anterior.
Em Santa Catalina, houve o reabastecimento, lanche e descanso, com comentários sobre as dificuldades com a lama enfrentadas anteriormente. No total, foram percorridos pouco mais de 90 km.
Com a jornada reiniciada, o tempo se estabilizou e os próximos 120 km foram feitos com tranquilidade. Chegou-se à divisão territorial de províncias, deixando para trás a de Córdova e ingressando na Província de São Luís.
Província de São Luís |
Durante a viagem, o cenário era composto por vastas áreas abertas e quase nada nas proximidades. Em um momento de parada técnica na estrada, ficou decidido que, assim que fosse possível, faríamos uma pausa para o almoço.
Esse momento chegou um pouco adiante, na localidade de Vila Mercedes, onde encontramos o restaurante "Mis Nietos", situado à beira da estrada, próximo a um posto de combustíveis.
Primeiro, fizemos o reabastecimento dos veículos. Depois, entramos no restaurante, que era bastante simples, estreito, mas longo, e, naquele instante estava vazio de clientes.
Ao perguntarmos ao atendente, um jovem da própria família, ele informou que o prato mais rápido era hamburguesas.
Então, decidimos que todos pediriam hamburguesas.
Afonso, que sempre se antecipava frente aos locais para os pernoites, fez comentários de que em Mendoza encontrara um apartamento de tamanho avantajado, ao que logo os demais falaram: ... é este ai mesmo ... pode reservar. Com isso, em Mendoza já estava garantido o pernoite.
Restaurante em Vila Mercedes |
A comida estava excelente, a descontração ainda melhor porém, a hora já passara bastante. Diante disso, falei a todos: é o momento de partir. Preparemos capacetes; luvas e vamos para a estrada!
A palavra capacete foi repetida! Foi o suficiente para muitos repetirem: capacete! Está chegando a hora.......
Entre gargalhadas e abraços, o grupo pegou o caminho de Mendoza.
Deixando Vila Mercedes rumo a Mendoza |
Neste novo deslocamento, os descampados se ampliaram ainda mais, a movimentação de veículos na Ruta Nacional 7 era baixíssima o que possibilitou a aceleração das máquinas.
A frente dos viageiros, seguia o Alberi, e ocasionalmente o Afonso. No meio, a Julia, eu e o Arli, com o bom guardião, o Paulo e na garupa a Gilda Valdameri, a nossa fotógrafa exclusiva dos registros quando em movimento.
Era final da tarde quando o grupo cruzou o Portal da Cidade de Mendoza. Acenos, buzinadas e a felicidade estampada por se ter alcançado um dos principais objetivos da jornada.
Mendoza, o paraíso do sol e do vinho estava ao nosso alcance!
A grande cidade começou a receber os "viageiros sudamerikoj" quando o Arli não conseguiu desviar de uma falha no asfalto, fazendo a motocicleta oscilar. Em seguida, ao imitá-lo, a roda dianteira da minha moto também encontrou o desnível, resultando em danos ao protetor de cárter, que produziu um barulho inquietante. Seguíamos o Afonso, que nos guiava até o apartamento reservado ainda lá em Vila Mercedes.
Controle Policial em Mendoza |
O grupo parou quando Afonso sinalizou, percebendo que não estávamos no endereço correto, apesar de já estarmos na localização esperada. Ao nos depararmos com uma barbearia, um jovem chamado Nícolas nos abordou e ofereceu ajuda. Afonso confirmou que precisávamos de acesso à internet e da confirmação do endereço. Nícolas prontamente forneceu o sinal de internet e começou a interagir, desaconselhando a locação.
- Lugar no es bueno, mejor está en el centro de la ciudad; foi o que disse o rapaz.
Afonso ingressou no recinto da barbearia enquanto alguns foram até um pequeno hotel ali perto, porém sem sucesso.
Enquanto se processava a busca por hospedagem, chamei o Paulo e o cientifiquei de que da moto do Arli estava se desprendendo pingos de óleo. Paulo foi verificar de perto e imediatamente falou: tomara que não seja do cardã.
Um pouco depois, agora com o Arli envolvido, ficou constatado ser óleo do amortecedor traseiro, lado esquerdo. Foi um grande alivio para todos.
- Foi aquele buraco lá entrada da cidade, falou o Arli.
A noite chegou de vez, e esgotada as buscas, o local escolhido e avalizado pelo Nícolas, foi o Hotel Milennium, na área central da cidade.
Foi muito especial essa estada na barbearia. Muita camaradagem, tanto do proprietário quanto dos dois clientes, interagiram, tiraram fotografias com o grupo e receberam os adesivos da viagem e dos segmentos ali representados.
Tudo muito tranquilo, bóra para o centro da cidade.
- Nada é por acaso, falou a Julia quando todos já se encontravam montados nas motocicletas, quando alguém ainda disse: capacete! Definitivamente este passara a ser o novo jargão para as partidas.
Enorme, muito iluminado, a duas quadras da praça central e rodeado por bares e restaurantes e em avenida de alto fluxo. Este é o hotel Milennium, onde o atendimento foi rápido, cortes e preciso. Em poucos minutos, as motocicletas já se encontravam guardadas na garagem em frente ao prédio, e os viageiros ficaram instalados no mesmo ambiente, uma espécie de apartamento com 4 quartos e um sofá cama na ampla sala.
Banhados e tudo mais, o grupo, a exceção do Alberi, rumou para uma Parrilla, com indicação recebida de uma pessoa que interagira com os viageiros.
Devidamente assentados, e com atendimento prá lá de especial, o grupo fez os devidos pedidos, após receber notícia de que o Alberi não compareceria, isto segundo nota recebida. O chope estava ótimo e quando chegou, a parrillada surpreendeu pela fartura, preparo e delícia.
Para se ter ideia, os viageiros foram os últimos clientes a deixar o ambiente.
Gilda, Julia, Gilberto Cesar, Arli, Afonso e Paulo |
Saciados e satisfeitos, quando do retorno, aconteceu parada na Praça da Independência para fotos junto aos letreiros luminosos alusivos a Mendoza com posterior caminhada lenta de regresso ao Milennium.
O dia seguinte
Saída para os passeios em Mendoza |
Em caminhada, em poucos minutos o grupo retornou a praça principal, Plaza de La Independência, podendo agora visualizar tudo com bastante nitidez, dada a luz solar. No centro de turismo, os jovens atendentes, felizes, puderam exercitar o "português. Fizeram perguntas a respeito da viagem e disponibilizaram dois mapas da cidade e os roteiros turísticos.
Chafariz e as águas dançantes, as alamedas, calçadões, mercado central, galerias, feiras e um museu, estiveram na rota dos viageiros.
Notadamente, a quantidade de árvores de porte gigante constituem um cenário prá lá de especial e riquíssimo na cidade. Por consequência, o ar é agradavelmente respirável.
Chama a atenção a profundidade e a quantidade de canaletas por ondem escorrem as águas das chuvas e principalmente as águas dos degelos. A cidade é muito limpa e o comércio é pujante. Há feiras de artesanato por vários cantos, o que sem dúvidas nos permitiu de imediato a compra de recuerdos da cidade. Julia, neste sentido, se revelou uma grande parceira, eis que olha tudo, ingressa em lojas, procura produtos, efetua compras e tudo mais.
A caminhada foi longa, incluindo uma visita ao museu da cidade, localizado em prédio histórico e com bom fluxo de frequentadores.
Repleto de galerias, a área central proporciona diversas visitações e a cada visita, um presente, um pacote, uma lembrança passavam a acompanhar vários dos viageiros.
Neste intermeio, disse a Julia: - "tenho notado, desde há dias, que o grupo, os nossos coletes, com estas bandeirolas e quase todos trajando a cor preta, tem chamado a atenção de muita gente.
-"Também tenho notado isso", complementou a Gilda.
Mas foi no Mercado Central que aconteceu a almoço dos viageiros, com prato da boa carne argentina.
Após a longa e caminhada da manhã, o grupo decidiu fazer uma pausa após o meio-dia. Nesse momento, o Afonso, o Arli e eu aproveitamos para comparecer uma concessionária Honda, onde verificaríamos a moto do Arli e solda no protetor do cárter da minha motocicleta.
Feita a checagem no problema, busca no estoque, bem como em outras lojas do entorno, disse o consultor da impossibilidade de substituição do amortecedor. nem da aquisição de novos componentes por conta das medidas. A única opção viável era um exemplar que ficaria com um centímetro mais longo.
- "Mas dá para rodar tranquilo assim mesmo" , afirmou o consultor da loja. Você não está levando carona, então não há problema. O que pode acontecer é que a moto fique mais rígida em terreno irregular. Em Santiago, com certeza, vocês vão encontrar isso.
Quanto à minha motocicleta, a solda foi refeita e, enquanto isso ocorria, o Arli nos informou, que preferiria não prosseguir com o passeio e optar por chamar o seguro para rebocar sua moto. - Não vou correr riscos, justificou o parceiro.
Como as vontades individuais devem ser respeitadas, nos restou auxiliar o amigo naqueles primeiros contatos com o corretor em Porto Alegre, o Jorge Luis Oliveira Stravalacci que garantiu que até a noite, estaria tudo acertado.
Voltou-se para o hotel, e esta informação foi repassada aos demais, quando novos contatos foram feitos com Porto Alegre visando a garantia do translado.
Alberi, frente a esta situação, efetuou comentários e preocupação uma vez que deveria estar atuando como mesário no pleito eleitoral do dia 27 próximo, em Santa Maria, e que o final desta viagem estaria acontecendo no sábado, 26.
Qualquer imprevisto me complica. Estou pensando em fazer a Rota dos Caracoles, e começar o meu retorno falou o parceiro.
... Mas vamos indo, ... complementou.
Era meia tarde quando os passeios foram recomeçados.
Vários outros pontos foram visitados, tais como o Paseo Patronal Sarmento, onde três quadras são reservadas apenas para pedestres; a Avenida Las Heras, rua com produtos populares e regionais e outras importantes ruas da área central da cidade.
Chegou anoite, e quando da passada em um bar, com mesas na rua, chamou a atenção uma jovem que tranquilamente bebia um copo de chope, enquanto dois ratos, da espécie branca, circulavam por cima da sua cabeça, pelos ombros e pescoço. Gilda pediu para fotografar e ainda lhe foi endereçada uma pergunta ao que respondeu: - "son dóciles. son mascotas".
O jantar ocorreu nas redondezas do hotel, seguido de uma passagem pela Plaza de La Independência, onde estava rolando uma feira de produtos artesanais.
Este foi o último passeio programado em Mendoza.
No final, foi confirmado que a Seguradora Porto Seguro estaria enviando um carro guincho para a motocicleta e um táxi para o Arli, levando-o de Mendoza a Porto Alegre.
Através de mensagens no WhatsApp, os motoristas Emanuel e Juan, de Mendoza, estariam no hotel às 9 horas para organizar a partida rumo ao Brasil.
* Esta foi a segunda utilização pelo Arli, em viagem internacional, para rebocar esta mesma motocicleta, bem como trazer o piloto. Da vez anterior, aconteceu na Bolívia, em Cochabamba, novembro de 2018, no Giro de Moto pela América, quando o grupo retornava para o Brasil depois de ter passado pelo Deserto do Atacama, no Chile; Machu-Picchu no Peru e La Paz, a capital da Bolívia. A Seguradora Porto Seguro, por meio deste mesmo corretor o Jorge Luis Oliveira Stravalacci, deu toda a assistência e apoio, tal qual desta vez neste Giro Andino de Motos.
Deste grupo aqui, apenas o Afonso e eu, estávamos naquele Giro de Motos pela América.
Abrimos este parêntese para reafirmar da importância de um seguro, principalmente para quem gosta de se aventurar.
Abrimos este parêntese para reafirmar da importância de um seguro, principalmente para quem gosta de se aventurar.
O bom seguro é aquele que agente nunca usa.
Mas o melhor seguro é aquele que quando você precisa,
ele está perto de você.
Gilberto Cesar.
A quarta-feira, 16
Dia de cruzar a fronteira com o Chile e a Ruta dos Caracoles. Grandes Expectativas.
Madrugaram os viageiros, eis que ainda não eram 7 horas e a movimentação nos cômodos do apartamento já podia ser sentida. Aos poucos as bagagens começaram a ser remontadas, as vestes motociclísticas foram sendo vestidas, aconteceu o café da manhã e a direção foi o estacionamento em frente, para a busca das motocicletas.
Arli também pegou a sua moto, deixando-a estacionada, bem à mão, na frente do hotel.
Aconteceram então as despedidas para com o parceiro que estaria desta forma abreviando o seu percurso. Foram abraços carinhosos, algumas brincadeiras, risos, fotografias e deu-se a partida.
De retorno antecipado, o grande parceiro, que para sua segurança, preferiu os serviços de reboque frente a avaria no amortecedor do veículo se preparava para retornar. Como sempre, viajar com o Arli é agradável, eis que bonachão, companheiro que está sempre disposto para passeios e aventuras.
A despedida ao Arli - Mendoza - Hotel Milennium |
Aos poucos, aquelas belas imagens do centro da cidade foram se tornando mais distantes. Apesar do trânsito intenso, isso não atrapalhou o percurso, e logo a Ruta 40 foi alcançada.
De acordo com o itinerário, o grupo iria passar pela Represa Potrilhos, Uspallata, Puente Inca, Parque Provincial de Aconcágua, Túnel do Cristo Redentor e, finalmente, pela fronteira com o Chile.
Após rodar pouco mais de 25 km, localidade de Três Esquinas, aconteceu a troca de rodovia, da Ruta 40 para a Ruta Nacional 7, onde o clima tornou-se bastante nublado e um vento moderado, mas gelado, começou a soprar. Os primeiros sinais das altas montanhas e vastos descampados indicavam que as primeiras elevações da Cordilheira dos Andes estavam se tornando visíveis. A paisagem mudou radicalmente à medida que a rodovia, em uma ascensão acentuada, parecia rasgar o solo avermelhado repleto de pedras.
Os primeiros sinais das Montanhas |
Córregos, pedras e montanhas |
Em um certo momento, a estrada realmente atravessou as montanhas, e o som das motocicletas ecoava nas falésias de ambos os lados. Ao fazer uma nova curva, a beleza impressionante da paisagem fez com que o líder sinalizasse para parar. As motocicletas foram estacionadas no acostamento para que, depois, pudessem ingressar em um mirante do outro lado da via.
Uau!
Que legal!
Que espetáculo!
De tirar o fôlego!
Nossa, isso é incrível!
Vamos tirar fotos, galera!
Estes e muitos outros comentários foram ouvidos diante de tanta beleza. As primeiras montanhas altas estavam ali, e em cada direção que se olhava, a Cordilheira Andina se apresentava majestosa.
Mais adiante, e ao longe, os primeiros sinais de neve no cume de uma montanha. Um brilho branco ou uma película de algodão, tudo parecia ser ou se assemelhar nos pensamentos formados a partir das vistas que a tudo miravam.
A velocidade era moderada, os olhares concentrados, mas a mente viajava através das paisagens. Como guardar todas aquelas cenas? Como registrar as imagens? Como não deixar escapar nenhum detalhe? Felizmente, a Gilda e a Julia estavam lá, capturando tudo com suas câmeras. Ah, essas câmeras integradas nos celulares são nossa salvação para preservar memórias.
O grupo seguiu em frente, alcançando distâncias deslumbrantes até que, em um cruzamento, apareceu um posto de gasolina com uma lanchonete e algumas poucas casas, após todo aquele vasto aparente vazio cercado por rochas.
O grupo seguiu em frente, alcançando distâncias deslumbrantes até que, em um cruzamento, apareceu um posto de gasolina com uma lanchonete e algumas poucas casas, após todo aquele vasto aparente vazio cercado por rochas.
Era hora de parar para um café; isso ficou claro quando a motocicleta à frente acionou o pisca-pisca, sinalizando uma pausa na jornada.
Um lugar acolhedor onde se pode saborear um bom café acompanhado de várias gagetitas e media-lunas, pães sempre abundantes por toda a Argentina. Fez-se o reabastecimento nas motocicletas, exceto a Julia, que disse estar bem de combustível.
Um lugar acolhedor onde se pode saborear um bom café acompanhado de várias gagetitas e media-lunas, pães sempre abundantes por toda a Argentina. Fez-se o reabastecimento nas motocicletas, exceto a Julia, que disse estar bem de combustível.
Parada para um bom café em meio a quase nada |
No mesmo lugar, alguns veículos chegaram e deles começaram a desembarcar bicicletas. Era um grupo de ciclistas que pretendia explorar a região pedalando. Uma das bicicletas tinha o pneu traseiro completamente murcho. Um deles se aproximou dos motociclistas para perguntar se havia alguma bomba de ar disponível. Imediatamente, Paulo respondeu que tinha o equipamento e voltou à sua moto retornando com um Compressor de Ar e Calibrador Digital Portátil. Um verdadeiro achado que ele trouxe para essa viagem.
Em poucos minutos, o pneu da bicicleta foi inflado, deixando os ciclistas contentes por terem resolvido o problema do amigo.
Logo após, elogiei o Paulo pela perspicácia em trazer um item tão útil e essencial para quem viaja pelas estradas.
Paulo, utilizando o Compressor Portátil |
Hora de partir. Capacete!
Todos estavam em suas motos, quando chegaram ao local, alguns motociclistas que foram rapidamente reconhecidos como aqueles que se hospedaram no mesmo hotel que os viageiros na cidade de Paso de Los Libres, quando do início da viagem pelo território argentino.
Muitos cumprimentos ocorreram e logo se seguiu em frente, mas com uma nova parada a cerca de 2 km adiante. Uma grande loja à beira da estrada oferecia souvenirs e artesanato típico da região.
Muitos cumprimentos ocorreram e logo se seguiu em frente, mas com uma nova parada a cerca de 2 km adiante. Uma grande loja à beira da estrada oferecia souvenirs e artesanato típico da região.
Sem hesitar, acelerei a moto até me aproximar do líder daquele momento, o Alberi, para realizarmos uma visita.
As motos foram estacionadas em frente ao estabelecimento, onde um imenso Condor feito de material rígido chamou bastante atenção.
O Condor é uma das aves símbolo da Argentina, com plumagem negra e asas enormes, típica das regiões montanhosas do país.
Dentro da loja, o silêncio foi rapidamente quebrado. Todos conversavam, admiravam os produtos, faziam perguntas, tiravam fotos e compravam itens variados. A diversidade era impressionante e bastante ampla. O atendente e proprietário explicava e mostrava os produtos com satisfação geral entre os visitantes.
Vários itens foram adquiridos ali, aumentando o volume das bagagens, ainda que fossem de pequeno porte.
O Condor é uma das aves símbolo da Argentina, com plumagem negra e asas enormes, típica das regiões montanhosas do país.
Dentro da loja, o silêncio foi rapidamente quebrado. Todos conversavam, admiravam os produtos, faziam perguntas, tiravam fotos e compravam itens variados. A diversidade era impressionante e bastante ampla. O atendente e proprietário explicava e mostrava os produtos com satisfação geral entre os visitantes.
Vários itens foram adquiridos ali, aumentando o volume das bagagens, ainda que fossem de pequeno porte.
A jornada prosseguiu com a sensação de subida cada vez mais intensa, devido às inclinações e montanhas ao redor. Após percorrer 50 km, o grupo chegou ao Mirante de Uspallata, um lugar de beleza natural incrível, cercado por altas cadeias de montanhas e gelo nos cumes.
A emoção foi incontestável, com gritos de alegria e lagrimejares de satisfação ao contemplar a paisagem.
Ver, sentir e ouvir: sentimentos que afloraram e dominaram os seres naquele momento, com a quase certeza da exclamação interior: Deus, meu Deus! ... Aqui estou!
Que sensações maravilhosas, que emoções fortes e que vontade de permanecer no ambiente por um bom tempo, seja em pé, sentado ou saltitando, pois tudo fascinava.
Uspallata é a localidade argentina mais próxima do Monte Aconcágua, caracterizada pela constante presença de neve e invernos rigorosos. Historicamente, foi uma base para o exército de San Martin durante a campanha militar de 1817 em direção ao Chile.
Paulo que encontrara um esqueleto de uma cadeira pelo encontro, até improvisou uma cervejada, com uma lata vazia, também encontrada no local, quando disse: nem precisa de geladeira ou freezer, a cerveja fica geladinha com esta temperatura .....
Pouco depois, o grupo avistou, ali próximo, quatro motociclistas, que se encontravam sentados em pequenos bancos, próprios para serem carregados nas motocicletas. Eram dois casais brasileiros, de Santa Catarina, com os quais também haviam se encontrado em Paso de Los Libres no início da viagem. Com eles, algumas conversas quando ainda uma das motociclistas se ofereceu para efetuar algumas fotos dos gaúchos naquelas incríveis paisagens.
Mirante, Gelo e Alegria |
Paulo que encontrara um esqueleto de uma cadeira pelo encontro, até improvisou uma cervejada, com uma lata vazia, também encontrada no local, quando disse: nem precisa de geladeira ou freezer, a cerveja fica geladinha com esta temperatura .....
Depois de um bom tempo, começaram os preparativos para a retomada do deslocamento, quando os relógios indicavam ser um pouco mais do meio dia. O sol brilhava, o vento era frio e a altura fascinava. Mas era a hora da partida; então: Capacete, viagerios! Os motores voltaram a ser acionados e a direção foi para a cidade, Uspallata. Em pouco mais de meia hora, pequenas casas foram avistadas ao longo da estrada e, uma placa indicava: Comedor, ou seja, local que serve refeições. As motos foram direcionadas, e logo estacionadas na frente de uma residência típica, bastante envidraçada, onde se podia ver labaredas de fogo.
O grupo ingressou o local denominado "La Estância de Ellias" que não tinha nenhum cliente, quando o casal, proprietários, disse que todos os pratos eram a base de carnes e batatas fritas. Que eram preparados a partir do pedido, logo, teríamos alguma demora.
As diversas respostas foram positivas e todos abancaram-se tendo havido conversas animadas e risos sem que a espera programada para trinta minutos perturbasse os viajantes.
O prato, ao ser servido, foi bem especial. A carne era saborosa e as batatas eram gigantescas. Tudo ocorreu bem, exceto quando do pagamento eis que houve uma pequena discussão sobre os valores, já que a proprietária incluíra a "propina" que são as gorjetas no Brasil.
Alguns pagaram a tal propina, outros não e, por fim, todos deixaram do local.
Pouco depois chegou-se a um conglomerado pequeno, a região era de Polvaredas, onde o prédio de uma guarnição militar era o mais imponente, seguido de um restaurante, onde vários carros, possivelmente turistas, se encontravam estacionados.
O grupo estacionou e coube a mim ir até as proximidades deste restaurante, de modo a indagar a respeito de um posto de combustível.
- Depois da divisa com o Chile, em Los Andes, a uns 100 km, foi a resposta que obtive de um senhor que estava saindo do estabelecimento.
Frente a isso a solução preventiva foi reforçar o combustível na moto da motociclista.
Em meus alforges, busquei uma mangueira para o transporte da gasolina.
No chão, Afonso encontrou uma garrafa pet de 1 litro.
Da moto do Paulo foram sacados algo em torno de dois litros, eis que este falara ter autonomia suficiente para a rodagem.
Alberi se encarregou, sob vários olhares, de fazer a sucção e depois o assopro na operação combustível.
Seguiu-se em frente, no entanto, duas coisas foram extremamente notadas: o gelo estava por todos os lados e a velocidade empreendida era altíssima. Alberi que liderava naquele momento, mantinha o punho cerrado.
Ao redor, as coisas voavam e rapidamente passavam, assim como os dois pontos turísticos listados para visitação: a Ponte Inca e o Parque Provincial do Aconcágua, dois km de distância um do outro, depois de termos percorrido 24 km.
Cheguei a acelerar bastante para alcançar o líder, quando então, parados, avisei que havíamos cruzado pelos locais turísticos.
- Não vimos nenhuma placa.
- Havia alguma indicação?
- Era ali?
Depois de diálogos monossilábicos, ficou acertado que quando do retorno de Santiago, se faria a parada a esses dois pontos visitação.
Serpenteando muitas paisagens geladas, o grupo passou por diversos e belos túneis, para depois, em 19 km lograr o maior deles, o Túnel Cristo Redentor, local das divisas da Argentina com o Chile.
Chegava ao fim o Giro Andino de Motos em solo argentino.
Neste trajeto de ida, foram rodados 1.560 km
Posto de Controle antes da divisa entre os países |
A ultima montanha argentina na Cordilheira |
Território Chileno |
Julia Schnaider
Texto: Gilberto Cesar
Obstáculos, são desafios nas mais diversas formas; Para superá-los, é mister haver-se da humildade paciência e resistência.
Gilberto Cesar
Em lágrimas aqui... como é lindo relembrar tudo. 🤍🤍🤍
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