Relato da viagem que efetuamos eu, GILBERTO CESAR BARBOSA DE OLIVEIRA e ARLI FIGUEIRA.
Um giro de Moto pelo Brasil, com visita a todas as capitais dos estados e Distrito Federal.
Saída de Porto Alegre: 27/08/2016
Retorno Porto Alegre: 19/11/2016
Duração da Viagem: 85 dias
Km percorridos: 19.844
Combustível - em apuração
Motos utilizadas: Shadow 600/2003 e Shadow 750/2013
Presidente Figueiredo - Manaus - Santarém - Macapá - Oiapoque - Calçoene e Macapá.
28º dia
Sexta-feira, 23/09
De Presidente Figueiredo
para Manaus
De Presidente Figueiredo
para Manaus
Na localidade denominada “Pau Rosa”, em uma lanchonete à beira da estrada foi onde efetuamos a refeição matinal. A lanchonete tinha o nome da cidade.
A simpatia da proprietária, bem como de uma cliente que lá estava, ficou patente já no primeiro contato travado.
Nilva e Vanda, a proprietária e a cliente, respectivamente, quiseram logo saber da viagem.
Foi uma longa e alegre conversa.
Foi uma longa e alegre conversa.
A primeira, casada com um gaúcho de Venâncio Aires, está com viagem marcada para janeiro de 2017, com fins de conhecer o Rio Grande do Sul.
A elas, entregamos adesivos alusivos ao trajeto da viagem e tratamos de nos despedir das simpáticas senhoras da localidade de Rosa.
De volta para a estrada, o aumento do fluxo de veículos pesados indicava que Manaus estava próxima.
Efetuar o trâmite aduaneiro e embarcar as motos no barco foi considerado tranquilo por nós.
A viagem para Santarém somente aconteceria no sábado, a partir das 12h, porém já que as motos estavam embarcadas, recebemos a autorização para pernoitar, já na sexta, no São Bartolomeu IV.
Tratamos então de nos deslocar para o centro da cidade, almoçar e continuar o passeio, porém agora sem as motocicletas.
O museu, as artes, os objetos e os adornos de algumas tribos indígenas e de ribeirinhos estão em exposição. Isto possibilita um bom entendimento dos costumes dos povos da Amazônia.
Esgotado esse passeio, partimos para o distrito industrial, com a intenção de visita às instalações da Honda.
A praça, nos arredores do teatro, já contava com grande número de pessoas. Genghis tratou logo de efetuar uma gravação conosco, para registro da viagem até aqui empreendida
Genghis falou a respeito da Dul Ci - uma motociclista de Recife que estava rodando pelo Norte.
Daqui a pouco ela vai estar por aqui e vai para Santarém no mesmo barco que vocês irão...falou o parceiro.
Aos poucos foram chegando os demais parceiros e a própria Dul Ci, que estava viajando sozinha e havia feito a BR 319, a estrada fantasma, bem como os pontos extremos do norte do País.
As conversas versaram muito sobre viagens. Cada qual contava as suas. Outros esboçavam novos projetos, tudo sobre duas rodas.
Nos despedimos e fomos para o São Bartolomeu IV.
Acomodados no barco, tratamos de dormir, aproveitando inclusive o silêncio reinante no porto, aquela hora.
29º dia
Sábado, 24/09
De Manaus
para Santarém
De Manaus
para Santarém
O despertar no São Bartolomeu IV foi cedo. O clarear do dia, associado ao agito no porto, foram os despertadores naturais do sábado.
O carregamento de cargas é feito a todo vapor naquele terminal de cargas. Em breve, o São Bartolomeu IV trocaria de lugar, indo assim atracar no terminal de passageiros.Em amarelo, o terminal de embarque |
Lentamente,
a embarcação foi se distanciando, ganhando outras águas e atracou no local de embarque dos demais passageiros.
a embarcação foi se distanciando, ganhando outras águas e atracou no local de embarque dos demais passageiros.
Eram tantos, que pareciam um batalhão. Cada qual com suas malas, bolsas, mochilas, redes, caixas e sacolas.
Em pouco tempo, o cenário era outro no barco. O colorido das redes, o arrumar de pertences, a escolha do melhor local para se instalar, o agito naturalmente provocado, mudaram totalmente o ambiente.
Genghis, o nosso parceiro, apareceu para dar um alô e também para se despedidir.
A viajante disse que navegaria conosco até Santarém. De lá para Macapá e mais tarde para Belém. Desta capital, Dul Ci, abusaria do acelerador, tendo em vista o final das suas férias do trabalho.
Feito isso, o São Bartolomeu IV fez roncar alto os seus motores e, impulsionado, começou a ganhar as águas mais distantes do Rio Negro.
Deslizou pelas águas escuras desse rio e logo veio a divisa com o Solimões, que com suas águas mais claras, colaborava para o lindo fenômeno natural que chamamos de Encontro das Águas.
Deslizou pelas águas escuras desse rio e logo veio a divisa com o Solimões, que com suas águas mais claras, colaborava para o lindo fenômeno natural que chamamos de Encontro das Águas.
Esse espetáculo, assistido por nós pela segunda vez, foi mais uma vez motivo de atenção por parte dos passageiros que saíram, em grande parte, para as laterais da embarcação contemplando e fazendo seus registros fotográficos.
Poucos quilômetros à frente, o Amazonas abarcou a tudo. O gigante doce é quem agora sustentava a nossa pesada embarcação, passando a ser a nossa estrada líquida.
No barco, Dul Ci tratou de conhecer tudo. Era a primeira viagem de barco da jovem pernambucana pelo Norte.
No bar |
As três motos |
Uma grande cargas de motos, para as cidades do Norte |
Visita a cabine de comando, as instalações dos convés, bar, refeitório e depósito de cargas.
Uma grande carga de motocicletas foi embarcada.
Em sua grande maioria, as Pop 100 da Honda.Uma grande carga de motocicletas foi embarcada.
Ficamos sabendo que essas motos são as mais utilizadas tanto no norte quanto no nordeste, dada a economia e baixa manutenção. "Estão substituindo os Jegues, brincou uma pessoa da tripulação".
Fomos para lá e tratamos de nos alimentar.
Diferente da balsa, nossa primeira viagem, o jantar não estava incluso na passagem, No entanto, o preço da refeição foi perfeitamente módico, em torno de R$ 8,00.
Vendedores, entregando produtos por meio de uma taquara |
Uns poucos ingressaram no barco. Outros tantos, tratavam de alcançar seus produtos, que se encontravam em cestaria, colocadas na ponta de uma espécie de caniço ou uma taquara.
Encerramos a noite com uma passada pelo bar, localizado no compartimento superior do barco.
Aos poucos, os barulhos diversos foram cedendo espaço para tão somente dois: o do “ motor do barco”, que emitia um ronco forte e cadenciado; e para o “ das as águas do rio”, que emitiam um bom som, ao serem rasgadas pela proa do São Bartolomeu IV.
A claridade, como num piscar de olhos, começou a invadir o barco e o despertar foi quase que automático.
A genialidade da natureza para esta troca, do escuro para o claro, sempre é fenomenal.
De volta para a navegação, horas depois, foi anunciado o almoço.
Ainda faltava mais de uma hora para o meio dia, mas já tínhamos observado, há algum tempo, que as refeições costumam a acontecer uma hora e pouco antes do convencionado lá pelo sul.
Um monumento aos indígenas retrata um acontecimento festivo da cidade, que conta com a participação de pessoas de ambos os estados, aqui divisados.
Vários produtos eram
oferecidos, pelos vendedores ambulantes, aos passageiros do barco.
oferecidos, pelos vendedores ambulantes, aos passageiros do barco.
Também na chegada a Juruti, duas grandes minas se destacam no cenário ribeirinho. Uma de bauchita, extração de alumínio e uma outra, caciterita, extração de estanho.
Ambas traduzem os trabalhos e riquezas da região.
Voltou-se a navegar e, de repente, os motores são desacelerados.
Uma rabeta começa a se aproximar.... mais alguém ainda iria desembarcar.
Uma, e mais uma, tentativa em lançar corda da rabeta para o barco, porém sem sucesso, Então, um dos pneus dispostos ao longo das laterais do barco serve para o atraque.
Do barco, desce uma família com seus pertences. Esta operação considerei de risco, tanto para os tripulantes da rabeca quanto para os passageiros.
A última parada do barco, antes de Santarém, foi em Óbidus.
Eram 14h, e o sol forte refletia muito sobre as armações, em concreto, da plataforma do porto.
Sobre ela, um considerável número de pessoas se amontoam, atentas, à espera da operação de atraque.
Do lado de dentro da embarcação, outros tantos esperando a hora do desembarque.
E o barco ficou com pouquíssimos passageiros.
Ao deixar Óbidus para trás, ainda restavam mais quatro horas de viagem. A bordo restou o público passageiro que iria para Santarém.
Uma caminhada pelos convés deu perfeitamente para identificar os espaços que deixaram de ser ocupados.
Em meio a tarde, uma partida de futebol pelo Brasileirão 2016 reuniu boa parte do público masculino na área de lazer.
Será lá pelas 20h, complementou o informante.
Desembarcamos nossas motos sem grandes problemas. A rampa para sair do barco é que estava um pouco íngreme, exigindo mais cuidados.
Arli cruzou.
Dul Ci deu uma ensaiada ... foi ajudada e cruzou.
Por último, cruzei.
Em solo, logo passamos pela guarda portuária para identificação das motos e condutores.
Ligamos para os nossos contatos.
O contato da Dul Ci, o Rodson, respondeu.
O nosso contato, o Bob, não atendeu.
Então fomos para a casa do Rodson, para depois manter novo contato com o Bob.
Em meio ao deslocamento, Rodson nos encontrou e, de imediato, o seguimos.
Lidiane, sua esposa, nos aguardava e já sabia que éramos três.
Vão ficar aqui, disse Rodson. A casa é grande e estamos sempre recebendo motociclistas.
É uma honra receber dois gaúchos e uma pernambucana ao mesmo tempo, complementou.
- Descarreguem as motos e vamos dar uma volta. Vou mostrar a cidade e depois vamos comer alguma coisa, falou por derradeiro o nosso anfitrião.
Os relógios já marcavam bem mais de 22h.
De camionete, fomos então dar uma volta pela cidade: Rodson, ao volante, Lidiane e a pequena Isabelle, filhinha de 3 anos do casa , Alrli, Dul Ci e eu.
Foi um primeiro contato com a cidade e com o calor de Santarém.
Os termômetros marcavam 30º.
Na sequencia, fomos para uma lanchonete comer um lanche e tomar um refresco.
Rodson tem uma Super Tenerê 1200. Com ela já efetuou diversas viagens pelo Brasil e também pela América do Sul.
Dois grandes álbuns de fotografias, bem como as bandeirolas coladas na jaqueta de viagem, testemunham as distâncias e as aventuras, por ele empreendidas.
Lidiane, caroneira e também motociclista, falou que estava “meio parada” das viagens dada a idade da pequena Isabelle.
Encerramos a noite de domingo em Santarém.
Na casa do casal, a homenagem do nfitrião pelo aniversário de seu pai, Ainda na foto, Isabelle e Lidiane |
31º dia
Rodando por Santarém...
mais tarde para Alter do Chão
mais tarde para Alter do Chão
Em Santarém, motos prontas para os passeios |
Nossa primeira manhã em Santarém começou com um baita café, apresentado pela família anfitriã.
Depois das primeiras conversas, o acerto de agenda proposto pelo Rodson: uma passada pela cidade, alguns pontos turísticos e depois para Alter do Chão.
Vou acompanhar vocês e retorno logo em seguida, falou Rodson.
Dul Ci, Arli, Rodson, Lidiane e Gilberto Cesar |
Em pouco tempo todos prontos e as quatro motocicletas estavam cruzando pelas ruas centrais da cidade.
O anfitrião, à frente,
empreendeu uma baixíssima velocidade, de modo que, com isso, conseguimos visualizar a tudo. Foram as motos que, na manhã de segunda-feira, chamaram a atenção pelo ronco dos quatro motores e também pelas vestimentas dos condutores e pelas bandeirolas fixadas nas mesmas.
empreendeu uma baixíssima velocidade, de modo que, com isso, conseguimos visualizar a tudo. Foram as motos que, na manhã de segunda-feira, chamaram a atenção pelo ronco dos quatro motores e também pelas vestimentas dos condutores e pelas bandeirolas fixadas nas mesmas.
Chegando ao mirante, uma parada para ver e admirar a melhor a orla da cidade.
Bem ali, acontece
o encontro das águas do rio Amazonas com o Tapajós.
o encontro das águas do rio Amazonas com o Tapajós.
O Amazonas parece ficar parado nas águas verdes do Tapajós, ao passo que este, parece respeitar o traçado da linha divisória entre ambos.
A visão é fantástica!!
Foi mais uma exuberância da natureza que se apresentou aos nossos olhos.
Do mirante para Alter do Chão.
Trinta quilômetros separam Santarém da dita "caribe brasileira". Assim é carinhosamente chamada esta que é uma das mais belas praias do Brasil.
O pequeno deslocamento foi tranqüilo,com passagem por alguns outros balneários. Ao longo do caminho, diversas são as bancas de venda de produtos de praia e alimentos.
Na praia, uma
placa dava as boas-vindas, atentando para o fato de que estávamos chegando na Melhor Praia do Brasil.
Aos poucos fomos nos aproximando do “centrinho”, demarcado por uma pequena praça.
Nela, uma antiga
igreja se destaca, assim como um mercado , lojas de artesanato, restaurantes e outros pontos de vendas.
Em frente, o Lago Verde. São as águas verdes do Rio Tapajós que escapam do leito, contornam uma ilha e, na força de braço, formam uma grande lagoa com águas límpidas e quentes.
Um grupo de gaúchos, formados por mais de dez casais, também de Porto Alegre, foi também motivos de longas conversas e satisfação. Encontrar conterrâneos, fora do “pago”, é sempre bom.
Olhando para os relógios, uma surpresa na hora. Já passavam das 17h.
Retornar para Santarém foi o que se fez.
Relatamos o dia aos amigos Rodson e Lidiane. Tomamos um bom banho, fizemos um pequeno descanso e depois fomos para a noite de Santarém e também para encontrar o parceiro Bob, que inicialmente seria o nosso contato.
Com o casal, falamos ainda de viagens, encontro de motos e das cidades. Prometemos nos ver na terça-feira, para umas voltas e visita a uma cachoeira próxima.
Nos despedimos dos parceiros e encerramos a nossa noite, ainda comentando da nossa estada em Alter do Chão.
32º dia
Terça-Feira, 27/09
Turismo por Santarém e viagem para Macapá
Turismo por Santarém e viagem para Macapá
O fato de não haver estradas para Macapá, novamente ensejou uma viagem de barco em nossa jornada.
Rodson tratou de ver o custo dos bilhetes, como também para o transporte das motos.
Por combinação, definimos que a terça-feira seria de passeios, a pé, pela cidade de Santarém. O retorno deste passeio deveria ser por volta das 15h com embarque no máximo as 17h e partida às 18h.
Por volta das 6h3 mais um farto café da manhã, acompanhado de recomendações da família quanto ao calor e orientações quanto aos passeios pela cidade.
E começamos nossa caminhada pela bela orla de Santarém. A movimentação de pessoas já era em ritmo acelerado de trabalho e nos despertou de vez, dando fim ao nosso ainda sonolento andar.
Melancias e bananas fartamente espalhadas são os primeiros alvos dos nossos registros.
Em um grande mercado, venda de peixes e frutas, a agitação é acentuada. Peixes por todos os lados. O ritmo é cadenciado nas peixeiras, onde se limpam os peixes, sob batidas e muitas conversas.
E o sol, a quem havíamos esquecido por momentos, estava lá, .... muito presente na sequencia de nosso caminhar. Deixamos o canteiro da orla e fomos nos refugiar do lado direito da avenida, que entre as lonas, as poucas marquises e alguns puxadinhos, nos propiciou alguns bons quilômetros sob a sombra.
Neste comércio, onde se vende de tudo, desde alimentos, produtos de pesca, lonas, motores para barcos, tecidos e grande variedade de outros itens. Uma lojinha ao lado da outra, isso praticamente por mais de quatro quilômetros.
Atrás deste movimentado comércio há uma rua,em paralelo, também de comércio. Se difere apenas nos produtos oferecidos. Nela, são as roupas, calçados e acessórios que, multiplicadamente, estavam sendo oferecidos aos gritos.
O vendedor de barcos, um simpático senhor pernambucano de nascimento, nos dá uma aula a respeito das madeiras, fabrico e comercialização de pequenos barcos.
Na cruzada por uma rua paralela, o Bar Fala Sério está ali, pronto para uma exclamação, ou para uma interrogação...não interessando muito o assunto.
E ganhamos novamente a rua do comércio, próxima da orla.
As referências são para a resistência indígena e negra, num passado histórico distante e que jamais será esquecido.
Trata-se da praça Rodrigues dos Santos, Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Santarém.
O Museu de Arte Sacra, junto a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, foi o próximo local de nossa visita.
Hora para o almoço, então.
Mistura Brasileira, um ótimo restaurante, foi o que escolhemos para o nosso almoço e refresco do passeio.
Nos demoramos bastante no restaurante. O ar, super refrigerado e uma cerveja gelada, formaram dois bons ingredientes retardadores do nosso passeio.
Depois de tudo isso, começamos a fazer o caminho de volta. A hora já avançara bastante.
Antes de nos socorrermos de um táxi, uma passada pelo mesmo comércio, com o intuito de comprar redes para a viagem – em barco – para Macapá.
A ideia de aquisição de redes ganhou força entre nós, quando da vinda de Manaus para Santarém. Um passageiro dera a dica de redes confeccionadas em nylon, cujo volume é muito compatível com bagagem para motocicleta.
Ademais, dissera ele: ... é preciso experimentar dormir em redes, por ocasião dessas viagens de vocês, nos barcos, balsas e navios aqui do norte.
E compramos as tais redes.
Mal chegamos e já saímos, agora na camionete, e sob um bom ar condicionado, para a compra dos bilhetes, no porto de Santarém.
Juntos, foram a Lidiane e a pequena Isabelle.
Estivadores carregando cargas, ou se oferecendo para tal; tripulações, registrando, anotando e recebendo as mercadorias nas diversas embarcações;
Este quadro - cenário, era uma repetição daquilo que já víramos em Porto Velho e depois em Manaus.
Compramos os bilhetes e retornamos para a casa do anfitrião. Em uma hora deveríamos retornar ao porto, embarcar e viajar para Macapá.
O porto dista não mais do que cinco quilômetros da casa de Rodson, portanto, super fácil de administrar o tempo. Dul Ci que não fora conosco comprar os bilhetes, aproveitara para uma tirar uma soneca.
A hora passou rápida. Colocamos as bagagens nas motos e nos despedimos.. muito agradecidos ao Rodson e Família.
Eu e Arli fomos de bermudas e camisetas. Dul Ci foi tipicamente trajada com sua roupa motociclística.
Arli ainda preferiu ir descalço, ao que atentei para a “quentura do asfalto", em precisando parar a motocicleta, ou até mesmo lá no porto, onde um calcário, branquíssimo e solto, devia estar ardendo tal qual “brasa”.
E lá nos fomos.
Eu, motocilclando à frente, senti o solto e poeirento calcário no Guidon da moto.
Uma ou duas “dançadas” de pneus e, com vagar e prestando muita atenção ao solo, cruzei a “ponte” (na verdade um taboão, que colocado , metade no chão e metade no barco permite o ingresso na embarcação.
Eu ingressei direto, porém ingressei no barco errado.
Ao invés do nosso, fui para o barco ao lado. O Arli também.
Dul Ci, conseguiu escutar os gritos de alguém , avisando-a que o barco seria o outro,... ao lado.
Não acredito, disse o Arli!
Tudo de novo e dobrado. Sair daqui e ingressar ali? .... disse Arli, pipocando os pés – descalços – na quente chapa de ferro do barco.
E lá fomos nós!
Eu saí novamente e, imediatamente, ingressei no barco correto, o São Francisco de Assis.
Dul Ci, com mais vagar e estudo, ainda teve que escutar de uma suposto ajudante: ... é que nem teste de habilitação para motos .... mire na ponte, acelere e vá .....
E a Dul Ci foi legal.
Escolhemos o convés superiror e tratamos de colocar as redes e nos instalarmos.
E lá estávamos nós, para a nossa terceira viagem via fluvial.
São Francisco de Assis era, na verdade, uma balsa. A segunda em nossa trajetória.
Bem menor e bem mais simples, no tocante ao conforto para os passageiros. O São Francisco de Assis, tinha capacidade para 340 passageiros. Destes, 84 poderiam utilizar o convés superior, o escolhido por nós.
O bar e a área de lazer ficavam localizados na parte superior, final da embarcação, em uma pequena área.
O refeitório, muito mal localizado, se encontrava praticamente junto a casa de máquinas, o que descobrimos, quando da primeira refeição- uma sopa de massa com carne.
Uma manobra apertada |
A balsa foi fazendo soar a buzina e numa operação apertada entre outra embarcação, fomos ganhando as águas do Tapajós.
Mal começara a navegar e ingressamos novamente no Rio Amazonas, com a tripulação avisando a respeito do jantar.
Fomos para lá, e como já relatei anteriormente, o refeitório era ao lado da casa de máquinas, o que impediu qualquer conversa. Ninguém esquentou muito os bancos.
Um vento começou a soprar forte. Algumas lonas de proteção foram baixadas.
Um sujeito, deitado sobre um fino colchão e sem cobertas, tremia bastante de frio.
Um sujeito, deitado sobre um fino colchão e sem cobertas, tremia bastante de frio.
Mais tarde, eu o vi colocando uma calça comprida sobre a outra, e duas camisas, porém ambas de mangas curtas.
Foi silenciando tudo e todos.
As luzes do interior da embarcação foram reduzidas e somente se escutava o barulho dos motores.
33º dia
Quarta-Feira, 28/09
Viagem para Macapá
Passando vinte minutos da meia noite, as luzes internas foram todas religadas. Parada no porto de Monte Alegre.
Alguns passageiros desceram. Pouquíssimos ingressam na balsa.
Há a troca de terminal, agora para o de cargas.
E o barco seguiu em frente, nas escuridões do rio, do céu e do adiante.
No amanhecer, mais uma parada. Agora às 5h10min. Novamente as luzes internas ofuscaram e acordaram os passageiros.
Prainha era o nome do local.
No porto da cidade, a agitação foi semelhante. Correrias; desembarques e embarques.
O despertar foi total.
Um barco, de pequeno porte, se aproxima da
balsa. Esta, por meio do comando, desacelera, em muito, e o pequeno barco “cola” no nosso. Uma encomenda é entregue ao barqueiro, que logo “desgruda” e ganha, solito, novamente as águas do Amazonas.
A operação volta a se repetir, porém agora para um passageiro desembarcar. Para tal, a balsa diminuíra bastante a velocidade. Esta redução de velocidade, sempre resultava em alguma situação de embarque ou desembarque em plena viagem.
Arroz, carne, massa e uma salada, foi o prato servido. Literalmente servido, porque você recebia o prato já servido pela pessoa da cozinha. O nosso conhecido prato feito do sul.
Virou a tarde e a música ao vivo começou a ser tocada no bar da balsa. Um repertório repleto de músicas típicas da região do norte, e outras sertanejas era o que o animado cantor apresentava.
Manteiga, respondi, pois o aconselhante, dissera estarmos na terra do melhor queijo do Brasil.
Na verdade não sei qual o parâmetro comparativo nacional, mas provamos e aprovamos o queijo de manteiga.
Com uma nova, sobre os ombros, refez o caminho de volta.
E a balsa começou a deixar o porto. De repente, os motores foram desacelerados e um novo retorno, para o porto começou.
Por sorte, o engano foi rapidamente descoberto e a família, toda correndo, foi desembarcada.
Mal começara o movimento de nova saída, agora uma passageira que estava atrasada. Para esta, não foram colocados as pranchas sobre o pier. Um caibro, ali postado, foi quem serviu de ponte para o atrasado embarque.
Tivemos então a saída de Almeirim.
Quase ao final da tarde, tivemos mais um embarque, agora novamente com a utilização de uma rabeta. Os motores foram desacelerados, o que permitiu o embarque de um cidadão vindo de algum lugarejo ali daquela redondeza.
E da tarde quente, com o passar das horas, começou a soprar uma deliciosa brisa, que se acentuou um pouco mais, com a chegada do anoitecer.
Preparamo-nos para o repouso, com a previsão de chegada em Macapá para às 5h30m.
Mal começara o movimento de nova saída, agora uma passageira que estava atrasada. Para esta, não foram colocados as pranchas sobre o pier. Um caibro, ali postado, foi quem serviu de ponte para o atrasado embarque.
Tivemos então a saída de Almeirim.
Quase ao final da tarde, tivemos mais um embarque, agora novamente com a utilização de uma rabeta. Os motores foram desacelerados, o que permitiu o embarque de um cidadão vindo de algum lugarejo ali daquela redondeza.
E da tarde quente, com o passar das horas, começou a soprar uma deliciosa brisa, que se acentuou um pouco mais, com a chegada do anoitecer.
Preparamo-nos para o repouso, com a previsão de chegada em Macapá para às 5h30m.
34º dia
Quinta-Feira, 29/09
De Macapá...para o Iapoque
Às 7h chegou então o nosso parceiro e guia de viagem, o Alberto. Feitas as apresentações, e de plano já algumas informações: são 660km e teremos que atentar para a questão do combustível. A Shadow 600 tem menor autonomia, nos obrigando a levar algum combustível. Mas deixem que eu cuido disso, falou Alberto.
Teremos problemas, mas vamos chegar lá, falou Alberto.
Ainda estava muito escuro, quando as luzes da capital amapaense começaram a figurar no cenário visto pela embarcação.
No interior da balsa, a movimentação se acelerara, com os passageiros tratando de guardar os últimos pertences, bem como a efetuarem o recolhimento das redes.
Nós, igualmente, também tratamos das últimas mochilas, posto que a maioria das bagagens haviam ficado nas motocicletas, quando do embarque em Santarém.
Descemos para o compartimento de cargas, para tão logo a balsa atracasse no pier, retirarmos as nossas motocicletas.
A atracação aconteceu às 5h e se deu no Porto do Grego, município de Santana, que dista da capital algo em torno de 30 km.
Dulci, veio logo a seguir |
Arli, foi o primeiro a descer a rampa |
A balsa encostou.
Foram colocados os pranchões. A pedido foram postados lado-a-lado, de modo a eliminar as dificuldades, antes já passadas.
Sem trâmites e sem burocracias, cruzamos os portões de saída e logo ganhamos uma rua, que apesar da hora, estava recebendo um bom movimento de pessoas e veículos. Claro que em função da chegada da balsa.
Bem ali estava o nosso parceiro e anfitrião Clésio Galvão, que estaria nos conduziria para a capital.
Efetuamos as devidas apresentações e tratamos deixar aquela área portuária.
Rodamos por uns quinze minutos, quando então aí sim, começamos a rodar em solo de
Macapá,
a nossa 9ª capital
Clésio, o anfitrião |
Do porto, direto para a casa do Clésio, onde as motos foram deixadas no pátio, seguindo nós para um café , preparado pelo próprio anfitrião.
Um pouco mais ambientados, começamos a conversar a respeito das agendas, das visitas e do próximos passos.
Arli, Clésio, Dul Ci e Gilberto Cesar |
No dia anterior, e por combinação com o anfitrião, prosseguiríamos de imediato a viagem para o Oiapoque, porém agora com as motos,
A lógica em visitar primeiro esta do que a capital, é que estávamos sem rodar por dois dias. Para se chegar e, consequentemente voltar do Oiapoque, existe um alto grau de dificuldade, provocando intenso cansaço, devido o longo trecho de chão batido que precisaríamos enfrentar.
Ao longo do café, as conversas continuam tendo como pano de fundo as nossas viagens. Nós indo do Sul e Dul Ci do Nordeste.
Informa o parceiro que um dos integrantes do Moto Grupo Guardiões do Norte, o qual preside, irá nos acompanhar no deslocamento até o Oiapoque.
O Alberto vai com vocês, disse Clésio. São 660km e ficaremos mais tranquilos tendo um apoio efetivo para vocês.
Dul Ci e Arli aproveitaram, ainda, para a consulta às redes sociais.
Às 7h chegou então o nosso parceiro e guia de viagem, o Alberto. Feitas as apresentações, e de plano já algumas informações: são 660km e teremos que atentar para a questão do combustível. A Shadow 600 tem menor autonomia, nos obrigando a levar algum combustível. Mas deixem que eu cuido disso, falou Alberto.
Com o auxílio de Clésio, atentaram para a questão do alfasto, que não estava bom em alguns trechos e para o tal chão batido, que passou a ser objeto de boas perguntas minhas e
do Arli, pois ambos estávamos com motos custom.
A Custom típica tem motor V2, guidão largo, tanque em forma de gota e para-lamas envolventes sobre as rodas. São motos longas e de aspecto pesado, que se adaptam mais a rodar nas grandes retas asfálticas, onde proporcionam maior conforto. Pedaleiras tendem a levar os pés mais para a frente, mas concentra o maior peso sobre a roda traseira.
do Arli, pois ambos estávamos com motos custom.
A Custom típica tem motor V2, guidão largo, tanque em forma de gota e para-lamas envolventes sobre as rodas. São motos longas e de aspecto pesado, que se adaptam mais a rodar nas grandes retas asfálticas, onde proporcionam maior conforto. Pedaleiras tendem a levar os pés mais para a frente, mas concentra o maior peso sobre a roda traseira.
De estilo mais rebelde, as motos Custom também podem ter motorização diferente do V2, mas a característica principal é a sua vocação estradeira, para longas retas com a posição do piloto mais apoiado sobre a roda traseira.
Teremos problemas, mas vamos chegar lá, falou Alberto.
Arli, Gilberto Cesar, Dulci e Alberto |
E começamos a viagem rumo ao Oiapoque, uma cidade emblemática para o motociclismo.
Ainda nos arredores de Macapá, uma primeira parada para uma foto e também o primeiro abastecimento, atendendo as recomendações, já relatadas.
E pegamos a estrada que se apresentou como boa. Cadenciados pelo Alberto, o ritmo foi bem tranquilo, oscilando a velocidade na órbita dos 100km.
Rodados pouco mais de 60 km uma primeira parada para descanso e análise de como está o desenrolar da viagem, a condução e cadência. Uma boa preocupação do guia, que estávamos conhecendo.
Nesta parada, o calor já se fazia sentir muito. O sol quente começava a nos fazer ver aquela névoa .... sobre o asfalto, que é na verdade, uma miragem ou espelhismo, fenômeno óptico comum em dias ensolarados.
Em 34km chegamos à Ferreira Gomes, município onde está localizada a Usina Hidrelétrica que leva o mesmo nome da cidade. É o rio Araguarí que fornece o potencial de água para a geração de energia.
Na cidade, efetuamos o abastecimento das motocicletas e aproveitamos para uma caminhada às margens do rio.
Cruzamos a ponte e voltamos a rodar pela BR 156, agora com programação para uma parada rápida e uma outra com mais tempo para o almoço.
Ao longo do deslocamento, foram vários os povoados avistados e pelos quais a rodovia passa bem ao meio, permitindo uma boa olhadela e se ter uma noção dos costumes, o tipo de edificações, deslocamentos internos e potenciais.
Com alguma escassez de sombra, efetuamos então a segunda parada para o "esticar de pernas" o que foi bastante rápido, devido o calor e presença forte do sol.
Hora do almoço, e chegamos a Calçoene. O local já estava planilhado como ponto de parada para a refeição. No local, nos demoramos um pouco mais, tendo o restaurante da Rute, servido como a base alimentar.
Apesar do forte calor, foi servido um churrasco, o que não foi de todo ruim dado o bom preparo e fartura.
O restaurante, que recebia mais dois clientes, além de nós, era atendido pela própria Rute e seu esposo, que logo interagiu conosco, tendo a viagem como o mote das conversas. Uma gelatina como sobremesa e nos damos por satisfeitos. Nos despedimos e rumamos para o posto de combustível, ainda em Calçoene.
Aqui neste posto, Alberto atentou para a necessidade de combustível extra para a minha Shadow, pois o próximo abastecimento somente no Oiapoque, a 240 km. Então, três garrafas pet's, com 3 litros, foram armazenadas nos baús das motos de Alberto e Dul Ci.
Na verdade, desde o início da viagem, tratei de levar um galão extra para combustível. Adquiri um tanque de barco com capacidade para 12 litros. Como não havia tido a necessidade, ainda, e as notícias davam conta de que os casos mais críticos já haviam passado, tratei de despachá-lo de volta, via correios.
Uma das ruas de Calçoene |
Pegando a BR |
Uma parada e uma confabulada para ver o estado da estrada, um pouco da extensão, e as condições em geral sem, no entanto, ter muito o que se fazer.
E lá fomos nós!!
Já nos primeiros metros, a poeira levantou. A buraqueira se apresentou e um pedregulho dos brabos, fazia tremer tudo e toda a Shadow.
Por muita sorte, havíamos deixado praticamente toda a bagagem em Macapá. Tão somente o nosso peso, o da motocicleta e de uma pequena maleta, era o que carregávamos.
A estrada, que começou muito ruim, iria assim até uns 30 km. Depois iria melhorar um pouco, e mais tarde iria piorar de novo, até chegarmos ao asfalto novamente e depois no Oiapoque. Foi Alberto que falou isso.
Calor, poeira, buracos e povoados é o que mais se apresentava. O cruzar por um ou outro veículo, era quase um desastre. A poeira comia frouxo.
Pouco se enxergava e o jeito era ir quase parando.
Os pontilhões, feitos com madeiras e
pranchões, estavam quase todos em péssimas condições. Tábuas e pregos se soltando, o que deixava qualquer um com muita tensão, ao ingressar num pontilhão.
pranchões, estavam quase todos em péssimas condições. Tábuas e pregos se soltando, o que deixava qualquer um com muita tensão, ao ingressar num pontilhão.
Para variar, um pouco, os diversos "quebra-molas" feitos na base da improvisação e sem placas de avisos, estavam sempre presentes ao cruzarmos por um povoado ou comunidade. Eram exageradamente altos, feitos em terra, portanto bem fáceis de serem confundidos com a estrada, que dada a poeira, por vezes nos deixava em maus lençóis.
O cansaço começou a pegar forte. Por algumas vezes, efetuamos paradas para dar uma respirada, uma troca de ideias, incentivos e lá nos íamos de novo para o chão batido.
Alberto e Dul Ci estavam mais tranquilos, cada qual em sua Teneré 660 e 250, respectivamente.
O cansaço começou a pegar forte. Por algumas vezes, efetuamos paradas para dar uma respirada, uma troca de ideias, incentivos e lá nos íamos de novo para o chão batido.
Alberto e Dul Ci estavam mais tranquilos, cada qual em sua Teneré 660 e 250, respectivamente.
Numa íngreme descida, bem no topo, um caminhão estragou, literalmente, bem no meio da estreita estrada. Duas valetas laterais exigiriam cuidado ao cruzar pelo veículo estragado. Era questão de opção, ... ou o lado direito ou o esquerdo. Mirar e ver qual das valetas era menor, estudo feito pelo pedaço lateral deixado a maior.
Passou Alberto.
Passou Dul Ci.
Arli caiu duas vezes.
Arli caiu duas vezes.
Uma, bem próximo a cabine do caminhão. A outra na metade da carroceria. Tentando ajudar, os dois caminhoneiros auxiliaram a levantar a moto. Acomodado o piloto, a moto não pegou e a dupla deu um empurrãozinho, o que fez o Arli descer uma lomba e tanto, na banguela e com o motor desligado.
Pânico dele. Pânico nosso.
Freia ! gritou a Dul Ci.
Continua ! gritou o Alberto.
E o parceiro, por sorte, não freou. A moto, depois de uns 50m, parou, quando começava uma nova subida.
E o parceiro, por sorte, não freou. A moto, depois de uns 50m, parou, quando começava uma nova subida.
Foi um susto e tanto!!
Pouco se falou, mas depois se comemorou muito por nada ter acontecido.
Quando da minha vez de passar, minha moto deitou numa das valetas, mas o "pioneirismo" do Arli, me fez evitar uma aventura tal qual a dele.
O conhecimento e habilidade do Alberto foram fundamentais para o nosso deslocamento naquele chão batido. O parceiro parava, orientava, avisava, sinalizava e ajudava naquilo que podia.
Mas é preciso reconhecer que nossas motos é que não são indicadas para este tipo de terreno.
Cientes disso, fomos todos solidários uns com os outros, e chegamos a outra parte do asfalto comemorando muito por termos logrado o precário trecho com êxito .
Chegando novamente ao asfalto |
Fim do chão batido |
Mas é preciso reconhecer que nossas motos é que não são indicadas para este tipo de terreno.
Cientes disso, fomos todos solidários uns com os outros, e chegamos a outra parte do asfalto comemorando muito por termos logrado o precário trecho com êxito .
Na troca do chão batido pela rodovia, tratei de abastecer com a gasolina que trazíamos como reserva.
Já no asfalto, restava ainda mais um bom tempo para se chegar até o Oiapoque.
O único problema seria a noite, que estava chegando quando mal estávamos ingressando no trecho asfaltado.
Tem buracos e bastante ausência de sinalização na rodovia, sentenciou Alberto.
Isto nos fez rodar com velocidade baixa, apoiando-se uns nas sinaleiras dos outros.
Já no asfalto, restava ainda mais um bom tempo para se chegar até o Oiapoque.
O único problema seria a noite, que estava chegando quando mal estávamos ingressando no trecho asfaltado.
Tem buracos e bastante ausência de sinalização na rodovia, sentenciou Alberto.
Isto nos fez rodar com velocidade baixa, apoiando-se uns nas sinaleiras dos outros.
E assim, cansados e empoeirados chegamos na cidade emblema: o Oiapoque.
Na chegada, nem deu para ver quase nada. Ou melhor, até se via: as ruas, as pessoas, uma festividade na praça. Porém pouco se assimilava daquilo.
Uma pousada ou um hotel com um banho e um bom descanso era o que mais precisávamos.
Na busca de um local, perdemos Arli e Dul Ci, que cruzaram direto em uma rua,quando havíamos dobrado.
Achamos a pousada Central e logo saímos em busca dos parceiros perdidos.
Uma foto registro, já na Pousada Central
Na chegada, nem deu para ver quase nada. Ou melhor, até se via: as ruas, as pessoas, uma festividade na praça. Porém pouco se assimilava daquilo.
Uma pousada ou um hotel com um banho e um bom descanso era o que mais precisávamos.
Na busca de um local, perdemos Arli e Dul Ci, que cruzaram direto em uma rua,quando havíamos dobrado.
Achamos a pousada Central e logo saímos em busca dos parceiros perdidos.
Uma foto registro, já na Pousada Central
Alberto, Gilberto Cesar, Arli e Dul Ci |
Banhados e refrescados, fomos para o Bar e Lanchonete, próximo da pousada, para brindar, recordar e bebemorar a aventura.
35º dia
Sexta-Feira, 30/09
No Oiapoque
Estar no Oiapoque, significou estar em estado de graça. A conhecida expressão, no meio motociclístico, "Do Oiapoque ao Chuí", estava ali se concretizando.
Com este espírito, fomos para o café da manhã na Pousada Central.
Acertamos sair a pé, deixando as motos tão somente para quando do retorno. Um refresco para elas, um descanso para nós.
Combinado isso, Alberto fora guardar algo no baú da motocicleta e ... trancou o baú com a chave lá dentro.
Nós só o ouvimos dizendo: .... marquei bobeira.
Muito próximo havia um chaveiro, porém que ainda não começara a trabalhar. Depois resolvemos, disse o parceiro e começamos a caminhada.
A Igreja |
O posto indígena |
O Mercado |
O marco do reconhecimento |
Uma passada e algumas conversas num posto de saúde indígena; caminhada pelo centro da cidade, com o comércio já a pleno; alguns prédios antigos; o mercado; o artesanato; o marco do reconhecimento da fronteira, pelo governo suíço em 1837, e o principal ponto da cidade: o Marco Inicial.
Neste, nos demoramos muito, banhados de muita felicidade. Estávamos no antigo ponto extremo norte do Brasil, hoje pertence ao Monte Caburaí, em Roraima.
Na verdade, ainda hoje, o Oiapoque é a primeira cidade do Brasil, ao Norte.
Do marco inicial, mais umas caminhadas pelo centro da cidade e retorno para a pousada, com passada pelo chaveiro para a abertura do baú da moto do Alberto.
Praticamente dois reais por segundo, para o espanto de todos nós.
O sujeito não andou vinte metros. Gastou 10 segundos. Cobrou vinte reais e os relógios estavam marcando 10h20m.
Todos têm seu preço!
O sujeito não andou vinte metros. Gastou 10 segundos. Cobrou vinte reais e os relógios estavam marcando 10h20m.
Todos têm seu preço!
Com isso, tratamos de arrumar as motos, agora para as fotos oficiais no Marco Inicial.
Preguiçosamente, fomos colocando as roupas muito sujas da viagem, arrumando os alforjes, pois logo enfrentaríamos o forte calor e um sol escaldante que se apresentava.
Lá voltamos para o Marco Inicial, para mais uma bateria de fotos.
Esgotados os passeios na cidade e, antes de rumarmos para um distrito próximo, damos uma passada em uma oficina mecânica de motos, para um ajuste na moto do Alberto, uma consequência da buraqueira enfrentada no
dia anterior.
A observação veio por parte do próprio mecânico e proprietário do estabelecimento, que na noite anterior passara pela lancheria para nos cumprimentar.
Dali rumamos para Clevelândia do Norte, local onde fica o Batalhão de Fronteira do Exército. O local é um misto de público com privado, onde as instalações militares tem, no mesmo espaço, uma série de casas de antigos proprietários, isto até que se esgotem os parentescos. Para chegar ao local, uma boa quilometragem de mais um chão batido foi enfrentada.
Lograda a burocracia para ingressar no distrito, fomos muito bem recebidos pelos militares responsáveis, no dia, pelo ambiente. Edvaldo, um tenente, foi quem nos deu as boas vindas, partindo de imediato para uma sala climatizada, com bolachinhas e refrigerantes.
Uma explicação histórica do local e partimos para uma visita de campo. Ali, fora no, século passado, uma colônica penal para políticos e agitadores.
O local, altamente estratégico, mantém a guarda da fronteira pacífica de Brasil com a Guiana, as quais estão separadas pelo Rio Oiapoque.
Do Batalhão rumamos para a Guiana Francesa, com ida até a Vila Vitória, que fica em frente a cidade de Saint George.
Ambas ficam separadas pelo rio e a travessia se dá por meio de barcos.
Até achegarmos a Vila Vitória, foram 9 km de um outro chão batido, onde a terra estava muito solta e perigosa. Arli deu uma chiada, porém acompanhou legal até o vilarejo.
Próximo do vilarejo, há uma grande ponte, totalmente construída. Pelo que se soube, depende tão somente dos acertos diplomáticos para começarem as travessias na fronteira.
De barco, antes da travessia, efetuamos umas cruzadas pelo Rio Oiapoque, chegando inclusive muito próximo da ponte, antes citada.
O passeio na Guiana, além de interessante, foi bem agradável. Várias foram as conversas com jovens e alguns motociclistas do local.
O comércio, de pequeno porte, comporta um estabelecimento estilo supermercado/ armazém, onde se encontra de quase tudo.
Os prédios públicos são os mais vistosos, tendo as demais edificações as características de construções europeias.
Efetuamos pequenas compras, e provamos das cervejas francesas que estavam sendo comercializadas no dito armazém.
A utilização da moeda real foi tranquila, porém com conversão para o Euro.
Posto no Oiapoque |
Deixamos a Guiana, tratamos de reabastecer as motos, bem como as garrafas reservas, e começamos a pensar no almoço ao que sugeriu Alberto, em um outro local, a poucos quilômetros, porém já na direção de retorno.
E tratamos de pegar as rodovia com o propósito de pernoitar em Calçoene, mesmo local onde havíamos almoçado no dia anterior.
Logo estava lá, novamente, os mais de 130 km de chão batido. Todos prontos para a volta-desafio, ou seja, lograr novamente o terreno empoeirado, esburacado e cansativo de se pilotar.
E tratamos de rodar, cientes de que não chegaríamos a Calçoene antes do anoitecer, o que de certa forma forma nos dava uma dupla preocupação.
Uma parada para água. Outra parada para ver de perto um dos pontilhões e assim fomos, com paciência, deixando a poeira para trás.
Ingressamos na última parte asfaltada, faltando muito pouco para a cidade de Calçoene, que logo se apresentou com seus luzeiros a nossa frente.
Direto para uma pousada e, mais tarde, a um caldo em um restaurante. Na oportunidade, Alberto elogiou nossa postura e coragem para de Shadow's termos enfrentado o chão batido do Oiapoque.
Para nós, não se tratou de coragem, mais sim de oportunidade.
Foi um privilégio ter estado naquela longínqua terra.
E,com essa sensação, fomos repousar.
36º dia
Sábado, 01/10
De Calçoene para Macapá
De retorno para a pousada, um encontro inesperado, porém muito agradável: o sujeito que estava passando frio no barco, trajeto Santarém - Macapá, estava ali cruzando e me cumprimentando.
Parei, e logo começamos a conversar.
Tu aqui em Calçoene? ... indaguei.
Pois, é ... estou me aventurando por aí. Sou de São Paulo, e estou preferindo um lugar mais tranquilo. Me disseram que por aqui ainda tem ouro por estes lados.....
Rui era o sujeito. E ficamos conversando por um bom tempo.
Aventura, trabalho e sossego era o que o camarada estava procurando.
Como se tratava se sábado, tudo estava meio devagar. Nossa programação previa chegar em um balneário próximo de Calçoene e aproveitar as águas do rio para lavar toda a roupa de motociclismo. As nossas estavam uma sujeira só, dada a poeira do chão batido enfrentado por duas vezes, lá pelos lados do Oiapoque.
Com o sol e calor reinante, certamente tudo iria secar muito rápido, era o que falávamos.
Tratamos do abastecimento das motocicletas, com a revisão e reaperto de bagagens na quente manhã de Calçoene.
Ao cabo de hora, todos prontos. Tratamos de pegar a estrada rumo ao Balneário Asa Aberta, para lavar as roupas e tomar um bom banho de rio.
As águas límpidas e correntes do rio, de longe já eram um convite para um bom banho. Muitas pedras, árvores e sossego, assim nos pareceu o Asa Aberta.
Foi chegar, se desfazer das pesadas roupas e tratar de lavá-las no rio. Tirar a poeira impregnada nas roupas, bem como o peso extra que estávamos carregando.
Feito isso, um passeio pelo balneário. O local é tranquilo, tendo ainda um bom número de tendas e bares, os quais compõem a infraestrutura local.
Em um desses bares, um sujeito tratava de alimentar um pequeno pássaro que havia caído de um ninho. Disse que já fazia mais de quinze dias, e que a qualquer momento o pássaro iria pegar seu rumo. Me pareceu que ambos estavam travando uma boa amizade.
E com as roupas de viagem semi-secas, deixamos o balneário, agora em busca de um outro local para almoço.
Ao longe, um restaurante à beira da estrada. Na aproximação, vimos que o mesmo estava fechado ao público, porém obtemos a informação de um outro local.
Logo adiante têm vários, disse alguém.
Esse logo adiante, nos levou para
um chão batido bastante arenoso. Com muito cuidado, descemos uns 6 km em direção a um outro rio.
um chão batido bastante arenoso. Com muito cuidado, descemos uns 6 km em direção a um outro rio.
Lá estavam os restaurantes, os bares, o rio, sombra farta, algumas pessoas churrasqueando e outras a se banhar.
Balneário Cachoeira Grande, era o local no qual tratamos de almoçar, tendo como pedida o peixe.
Alberto sugeriu uma parada na cidade de Amapá. Lá há um museu a céu aberto, com instalações militares, pista de pouso, casas, objetos, paióis, e uma torre de amarração para zeppelin, disse ele. Tudo da 2ª guerra mundial, quando a cidade serviu como base americana.
Tranquilo para nós, e lá fomos nos conhecer a base americana em solo amapaense. Na verdade, se conta muito a respeito das bases de Natal e Rio de Janeiro, e poucos lembram dessa base do Amapá.
Bom lembrar que pelo mundo inteiro, estas relíquias viram atração turística, o que ali, não se configura como verdade.
A guerra acabou e a base foi abandonada.
Está mais para ruínas do que para museu.
Nos demoramos bastante neste balneário, muito em função do calor que estava fazendo. Depois das caminhas sobre as pedras do rio, uma esticada no corpo, sob a sombra das árvores, Com a hora apontando para a estrada, tratamos de retomar a viagem.
Tranquilo para nós, e lá fomos nos conhecer a base americana em solo amapaense. Na verdade, se conta muito a respeito das bases de Natal e Rio de Janeiro, e poucos lembram dessa base do Amapá.
Bom lembrar que pelo mundo inteiro, estas relíquias viram atração turística, o que ali, não se configura como verdade.
A guerra acabou e a base foi abandonada.
Está mais para ruínas do que para museu.
Penso que ainda há tempo de resgatar essa memória e inserir a cidade nas rotas turísticas. Por que não?
Da base área para a sede do município que leva o mesmo nome do Estado, Amapá.
Na cidade, uma parada para operações bancárias,por parte de Alberto, e visita à Igreja e à Praça Central, pela nossa parte.
A tarde começou a cair, o calor foi cedendo espaço para alguma coisa mais refrescante e a cidade de Tartarugalzinho foi se apresentando a nossa frente.
Estava começando a noite quando retomamos a viagem. Nas proximidades de Macapá, o último abastecimento do sábado. Em pouco tempo, adentramos novamente na capital. Como ainda praticamente não a conhecíamos, pois mal chegáramos e já partíramos para o Oiapoque, reservaríamos os próximos dias para explorar Macapá.
À noite, o jantar aconteceu na orla macapaense, agora já na companhia do nosso parceiro e anfitrião o Clésio Galvão.
Uma caldeirada, foi o prato servido.
Gilberlto Cesar, Clésio, Dul Ci e Arli |
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